sábado, 31 de dezembro de 2011

Patrulhamento no réveillon de Copacabana terá mais de 1.500 PMs

Do G1 RJ

Mais de mil e quinhentos policiais militares vão patrulhar a Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio, durante a virada de ano. As informações são da Polícia Militar. Ao todo, 1.554 policiais militares e 106 viaturas serão responsáveis por garantir a segurança da festa na praia. Em todo o estado do Rio de Janeiro, 7.200 policiais, de vários batalhões, vão estar de prontidão na virada do ano, número que representa um aumento de 10% a mais no efetivo.

De acordo com a PM, só na Praia de Copacabana, serão usadas 30 torres de observação, com 10 policiais em cada uma. Também haverá policiamento a cavalo e agentes atuando nos bloqueios de trânsito. Alguns policiais militares usarão armas não letais.

Quatro helicópteros vão monitorar o trânsito do alto, junto com a CET-Rio. Também haverá policiamento marítimo em Copacabana, Botafogo e Flamengo, na Zona Sul do Rio, em Niterói, na Região Metropolitana, e em Angra dos Reis, na Costa Verde.

Além do policiamento em Copacabana, 1.400 PMs vão atuar nas comunidades pacificadas da cidade. O policiamento será reforçado na Ilha do Governador, na Praça do Ó e na Praia da Brisa, na Zona Oeste, onde estão previstos shows na virada do ano. A região terá 1.094 policiais responsáveis pelo policiamento.

No Piscinão de Ramos, no subúrbio, serão instaladas seis torres de observação. Duzentos e sessenta policiais farão o patrulhamento a pé na região.

G1 - Rio de Janeiro

Colegas de trabalho fazem "vaquinha" para custear enterro de policial militar

Sem dinheiro para pagar o enterro, a mulher do cabo Leandro Monteiro, assassinado na última terça-feira, teve que recorrer aos companheiros de trabalho dele para conseguir realizar o funeral, no cemitério de Inhaúma. Em entrevista à Record, ela falou sobre sua revolta com a falta de segurança dos policiais militares.

COTURNO CARIOCA

Praia de Copacabana acerta últimos preparativos para festa da virada

Rio

As 11 balsas que serão usadas como base para os fogos de artifício da festa da virada de ano, na Praia de Copacabana, já estão na orla da zona sul da cidade do Rio de Janeiro. As embarcações estão carregadas com cerca de 20 toneladas de artefatos para o show, que começará à meia-noite e durará 16 minutos.

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, fez hoje a última vistoria no palco principal da festa, que está localizado em frente ao tradicional Hotel Copacabana Palace. A festa começa oficialmente às 18h, com apresentações de grupos e artistas como O Rappa, Latino, Beth Carvalho e o DJ francês David Guetta. Pela manhã, já havia música e testes de som.

A festa, que é considerada uma das maiores do mundo, deve reunir 2 milhões de pessoas, entre cariocas e turistas.

“A essência dessa festa de verdade não é o que a prefeitura faz, os artistas que a gente traz, nem os fogos. Mas o que faz dessa festa algo tão especial é essa mistura de cariocas com povos de tantas partes do mundo e de todas as partes do Brasil que vêm aqui e todos viram cariocas e ficam juntos. Isso gera uma fantástica energia na praia”, disse Paes.

A festa deste ano terá como tema a sustentabilidade, em antecipação à Rio+20, conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente marcada para junho na cidade do Rio de Janeiro. O palco será todo reciclado, após o evento, e árvores serão plantadas para compensar a emissão de gases de efeito estufa produzidos pela festa.

A queima de fogos terá seis temas que remetem à Rio+20: energia solar, água, fauna e flora, vento e otimismo. Cada um desses temas terá cores e formas diferenciadas dentro do espetáculo.
O prefeito pediu aos 2 milhões de espectadores que curtam as comemorações com tranquilidade e tenham calma na saída da festa.

Agência Brasil

O DIA ONLINE

Operação Lei Seca será intensificada no réveillon do Rio

Rio 

A Operação Lei Seca, do governo do estado, vai intensificar a fiscalização nas ruas neste final de ano para evitar os excessos de bebida alcoólica e, assim, evitar os altos índices de acidentes de carro provocados pela combinação de álcool e direção.

A operação contará com cerca de 200 agentes até a madrugada da próxima segunda-feira (2), em diversos pontos da capital, principalmente no retorno das festas de réveillon na Praia de Copacabana, Aterro do Flamengo, Piscinão de Ramos e Barra de Guaratiba, locais em que haverá grande concentração de público, devido aos shows ao ar livre.

A estimativa da coordenação da Operação Lei Seca é realizar vistoria em 2 mil veículos no período, com a realização de igual número de testes de bafômetro. De acordo com o coordenador da operação, major Marco Andrade, o que se quer com a intensificação da fiscalização é garantir que as pessoas voltem para casa de uma forma mais segura. “O aumento do número de agentes ampliará nosso raio de ação de conscientização de motoristas, impedindo que dirijam depois de ingerir bebida alcoólica”.

A Operação Lei Seca também está desenvolvendo uma campanha educativa com a instalação de um balão na Praia de Copacabana, perto da avenida Princesa Isabel, onde os moradores e turistas podem fazer um sobrevoo sobre um pequeno trecho da orla. O voo tem a duração média de cinco minutos e é gratuito. Hoje (31), o balão vai funcionar das 18h às 23h30, antes da virada do ano, e das 0h30 às 3h, depois da queima de fogos na praia. Para voar, abasta apenas apresentar um documento de identificação com foto.

Agência Brasil

O DIA ONLINE

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

MP requer prisão temporária de envolvidos na agressão de homem em boate

PM e taxista são acusados de tentar matar o empresário. Policiais que não socorreram a vítima e nem prenderam os agressores tem suspensão solicitada

Rio - O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) requereu a prisão temporária por 30 dias do capitão da Polícia Militar Alexandre da Silva e do taxista Marcelo da Silva Maia por tentativa de homicídio contra o empresário Rorion Moraes, de 28 anos. Ele foi agredido dentro de uma boate na Ilha do Governador, na madrugada da última sexta-feira.

Foto: Maíra Coelho / Agência O Dia

O empresário Rorion Moraes, levou 16 pontos na cabeça, nove no olho e perdeu seis dentes | Foto: Maíra Coelho / Agência O Dia

De acordo com o requerimento, as imagens mostram Alexandre da Silva e Marcelo da Silva socando e chutando a cabeça de Rorion, mesmo quando ele já estava desmaiado no chão, e ainda desferindo um golpe de cadeira de madeira com ele desacordado. A ação revelou para os promotores que os indiciados assumiram o risco de produzir matar o jovem, sendo assim considerado dolo eventual.

“É importante destacar que as lesões apenas não foram piores e o resultado morte só não se consumou por circunstâncias alheias à vontade dos mesmos, pois frequentadores e seguranças da boate intervieram, forçando a cessação das agressões bárbaras, gratuitas e covardes”, afirmou o titular da 30ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal da 1ª Central de Inquérito, Sauvei Lai.

Outros PMs envolvidos

O promotor de Justiça também requereu a imposição de medidas cautelares alternativas (como a vedação de manter qualquer tipo de contato com a vítima e as testemunhas de acusação; suspensão do exercício de função pública da Polícia Militar com recolhimento das armas pessoais e da Corporação; e monitoração eletrônica) aos policiais militares Marcio Nunes, Jorge Antonio Sobreira de Paiva, Alessandro Gomes de Souza e Márcio Roberto Cunha Travessa Soares, por prevaricação e omissão de socorro.

O texto do requerimento relata que Marcio Nunes e Jorge Antonio estavam em patrulhamento de rotina e compareceram ao local do crime, mas não socorreram a vítima nem prenderam os agressores. Já Alessandro Gomes e Márcio Roberto, ainda segundo o requerimento, estavam dentro da boate, mas não apartaram a briga, não socorreram a vítima nem prenderam os agressores, conforme depoimento das testemunhas.

Policial aparece em vídeo com joias

Três policiais militares foram presos administrativamente, por 72 horas, sob a suspeita de participarem do espancamento a um jovem na boate Provisório, Ilha do Governador, na madrugada de sexta-feira. Conforme O DIA mostrou sábado, o empresário Rorion Moraes, 28 anos, foi surrado com socos e chutes até desmaiar, e ainda foi atingido por uma cadeirada na cabeça. O caso é investigado pela 37ª DP (Ilha).

Entre os envolvidos está o cabo do 9º BPM (Rocha Miranda) Márcio Roberto Cunha, conhecido como MM. Companheiro da dançarina Mulher Filé, que estava na boate, ele aparece em vídeo na Internet dançando funk, ostentando joias e bebendo vodca. O policial está licenciado por motivo de saúde. Ele não teria agredido a vítima, mas teria presenciado a cena e, mesmo sendo PM, não interferiu.

Além dele, foram presos o cabo Alessandro Gomes de Souza, do 41º BPM (Irajá), e o capitão Alexandre Gualberto da Silva, do 16º BPM (Olaria). O último, junto com o taxista Marcelo da Silva Maia, que depôs nesta segunda-feira, aparece nas imagens do circuito interno da boate agredindo o empresário, diz a polícia.

Segundo Rorion, a briga começou após esbarrão: “Eu e o capitão nos esbarramos, mas achei que não ia virar confusão. Uma hora depois, passei pela mesa dele e o grupo de sete pessoas estava falando de mim. Fui tirar satisfação, mas antes de chegar um amigo me parou. Foi aí que levei o soco”.

O pai da vítima, José de Moraes, conselheiro vice-presidente do Tribunal de Contas do Município, criticou os agressores: “Meu filho poderia ter morrido”. Rorion levou 16 pontos na cabeça, 9 no olho e perdeu 6 dentes. “Foi covardia, mas agradeço a Deus por estar vivo”.

O DIA ONLINE

Operação contra desvio fuzis da Polícia Civil tem 18 presos

Esquema de corrupção dentro dos batalhões para fugir das escalas de trabalho também foi descoberto

POR BRUNO MENEZES

Rio - A operação para combater a quadrilha especializada em apropriação de armas e drogas de criminosos realizada nesta terça-feira tem 18 presos e apenas um foragido. A Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Estado de Segurança (SSINTE) realiza a ação, batizada de Herdeiros, na capital, Região Metropolitana e Baixada Fluminense. Os materiais (chamados de "espólio" do tráfico) eram apreendidos em operações clandestinas ou legais.

Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia

Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia

A operação contou com a participação de 193 agentes. Entre o material apreendido durante a ação está uma metralhadora, pistolas e munições. Além das armas, carteiras falsas de policiais civis também foram encontradas. Na casa de um dos PMs presos os agentes encontraram R$ 18 mil.

Além da questão das armas, durante as investigações, um esquema de corrupção dentro dos batalhões para fugir das escalas de trabalho também foi descoberto. O subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Rio, Fábio Galvão, afirmou que "isso ainda vai gerar uma investigação à parte. Um dos menores valores que um policial pagou para ser liberado da escala foi R$ 50. É um 'galo' para sair da escala. Este mesmo PM pagou um valor ainda menor para permanecer fora do horário de trabalho com a arma de serviço".

Oswaldo Praddo / Agência O Dia

O cabo André Luiz Meneses dos Santos, lotado no 41º BPM (Irajá), foi preso em casa | Foto: Oswaldo Praddo / Agência O Dia

Esses policiais levantavam informações sobre a localização de traficantes, armas e drogas. De acordo com as investigações, o material desviado por integrantes do bando, como armas e drogas, eram vendidos a traficantes por "pontes", pessoas que faziam a  ligação entre os policiais corruptos e bandidos. O ex-militar do Exército Asdrubal Bacon Dias Marques Junior, o Juninho, seria um dos principais intermediadores. O destino das armas seria a Favela do Jacarezinho, na Zona Norte.

A Secretaria de Segurança Pública divulgou o áudio de uma ligação onde Juninho aparece negociando armas e explica, de forma sucinta, sua função na quadrilha. O traficante Jorge Luis Fraga, da comunidade do Jacarezinho, conhecido como Russo, Neném ou Narigudo - citado no áudio - é o criminoso foragido.

Os presos são acusados de porte ilegal de armas e tráfico de drogas. Entre eles estaria um funcionário da Câmara de Vereadores de Niterói com uma carteira falsa de policial civil. Ele já foi exonerado. A operação conta com apoio da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco).

Confira a lista de todos os presos de acordo com a Secretaria de Segurança:

1 - Marcelo Barbosa Moreira – PM lotado no 18ª BPM (Jacarepaguá)
2 - Ricardo de Oliveira Almeida – PM lotado no 40ª BPM (Campo Grande)
3 - Claudiney Ferreira Gomes – PM lotado no 3º BPM (Méier)
4 - André Luiz Menezes dos Santos – PM lotado no 41º BPM (Irajá)
5 - Adilson Menezes dos Santos – PM lotado no 17º BPM (Ilha do Governador)
6 - Alexandre Araujo da Silva – PM lotado no 16º BPM (Olaria)
7 - Alexander Marcio da Silva Agrassar – PM lotado no 12º BPM (Niterói)
8 - Luiz Neuber da Silva Medeiros – PM lotado no 12º BPM (Niterói)
9 - Elcio Rodrigues de Queiroz – PM lotado no 12º BPM (Niterói)
10 - Jorge Lopes dos Santos – PM lotado no 4º BPM (São Cristóvão)
11 - Eduardo José Miranda Pereira da Silva – PM lotado no 12º BPM (Niterói)
12 - Carlos Alberto Rezende Pereira – Policial Civil lotado na 75ª DP (Rio do Ouro)
13 - Luciano da Silva Magalhães – Policial Civil lotado na 72ª DP (Mutuá)
14 - Asdrubal Bacon Dias Marques Junior – Ex-militar do Exército e conscrito na Polícia Militar
15 - Vanderson Gomes Macedo
16 - Francisco Carlos Teixeira
17 - Alessandro Rodrigues da Silva
18 - David de Moura Florêncio

O 19º mandado de prisão contra Jorge Luiz Bernardes Fraga, o Neném, não foi cumprido. Identificado como traficante da comunidade do Jacarezinho, Neném conseguiu fugir.

O DIA ONLINE

'Matemático' oferecia R$ 20 mil por policial morto

Rio - Alvo principal da polícia do Rio de Janeiro após a prisão de Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, o traficante Márcio José Sabino Pereira, o Matemático, ofereceu aos subordinados uma recompensa de R$ 20 mil para quem matar policiais que fazem incursões em seus redutos na Zona Oeste. A informação foi passada por um comparsa do bandido durante um depoimento, ao qual o iG teve acesso, dado à delegacia de Bangu, na Zona Oeste, no ano passado, e foi anexada a um processo contra Matemático que tramita na 2ª Vara Criminal de Bangu do Tribunal de Justiça, desde 2010.

          Foto: Divulgação

                               Foto: Divulgação

A suposta recompensa é uma das muitas características que revela o lado perverso do bandido de 35 anos, e que domina todo o complexo de favelas no bairro de Senador Camará, que reúne as comunidades da Coreia, Rebu, Vila Aliança, Taquaral e Sapo.

Policiais ouvidos pelo iG não descartam que a suposta ordem para matar PMs seja verdadeira. Neste ano, dois PMs que estavam à paisana morreram na estrada do Taquaral mas a polícia não encontrou evidências da participação da quadrilha de Matemático no episódio. O comandante do 14º BPM (Bangu), tenente-coronel Alexandre Fontenelle, no entanto, disse ao iG que Matemático deve se preocupar em não ser preso e não em atirar em policiais.

Desde o início do ano, Matemático vem tentando tomar o controle da Vila Kennedy, também na zona oeste, controlada por um grupo riva. A guerra já provocou a morte de dezenas de pessoas, inclusive inocentes.

O processo da Justiça revela que um dos membros da quadrilha de Matemático, conhecido pelo apelido de Pintado, circula pela favela com um machado e é responsável por cortar os corpos de vítimas do grupo antes de queimá-los. Ele tem ainda um outro "funcionário", chamado de Professor, que tem uma única incumbência: localizar pessoas que estão sendo procuradas pela quadrilha para serem mortas.

Em 2009, dois irmãos tiveram um destino trágico. Um deles estaria tendo um caso com uma mulher de um traficante. Por ordem de Matemático, o rapaz foi agarrado e levado para um campo de futebol onde seria morto. O irmão dele tentou salvá-lo. Ambos foram assassinados e tiveram os corpos queimados.

Matemático herdou o controle dos pontos de venda de drogas do Complexo de Senador Camará após a morte do antigo líder, Róbson André da Silva, o Robinho Pinga, em 2007. Esteve preso em 2009. Em abril daquele ano, recebeu progressão para o regime semiaberto. Saiu da cadeia para trabalhar em uma funerária e não mais voltou. O Disque-Denúncia oferece uma recompensa de R$ 3 mil para quem prestar informações que levem a sua captura.

Desespero

A delegada Márcia Julião, da 34ª DP (Bangu), guarda a sete chaves informações sobre o bandido. Ela disse que, há três semanas, a polícia esteve muito perto de pegá-lo e que o traficante se desesperou. "Ele gritou desesperado em um rádio de comunicação para aumentar o reforço na favela", disse.

O comandante do 14º BPM (Bangu) disse que tem fechado o cerco ao traficante. Segundo ele, ao menos três operações são feitas por semana para tentar capturá-lo.

Os bailes funks, que garantiam uma boa fonte de renda para os bandidos, não são realizados há um mês devido a presença de PMs nas favelas. Em quase dois meses do novo comando do batalhão, nove fuzis do bando de Matemático foram apreendidos.

Entretanto, de acordo com Fontenele, o bandido tem adotado estratégias para evitar ser preso. Uma delas foi ter obrigado mototaxistas a atravessar seus veículos nas ruas para dificultar a passagem dos carros da polícia. A outra foi ter mandado os bandidos se esconderem em escolas. Há cerca de um mês, um suspeito armado com um fuzil foi preso em um colégio público na Vila Aliança durante uma fuga.

Márcia Julião afirmou que a quadrilha de Matemático tem como característica ir para o embate com a polícia. Segundo ela, toda vez que há operações policiais, os traficantes são obrigados por Matemático a saírem das casas onde moram.

O lado cruel do bandido contrasta também com o de benfeitor. Criado nas comunidades de Senador Camará, o traficante costuma promover festas com distribuição de presentes no Natal e dia das crianças. Cargas de eletrodomésticos também são roubadas nas imediações e os produtos distribuídos entre os moradores.

Segundo Julião, o bandido também é mulherengo e teria várias amantes na favela. Usaria casas delas para se esconder. Um de seus filhos, um menor de 17 anos, foi preso recentemente em um assalto no bairro de Bangu. Seus dois principais gerentes, os criminosos conhecidos como Peixe e Barriga, encontram-se foragidos.

Matemático circula com vários seguranças. Alguns deles, inclusive, moravam em uma casa construída no quintal da residência do traficante recentemente descoberta. A casa de padrão bastante superior ao da vizinhança tinha uma piscina em construção, aparelhos para musculação, diversos televisores de plasma, computadores e eletrodomésticos.

Guerra na Vila Kennedy

O coronel Fontenele afirma que a guerra promovida por Matemático para tomar o controle da Vila Kennedy cessou em razão do reforço no policiamento, mas ainda haveria alguns confrontos esporádicos. Segundo ele, a favela é considerada estratégica para o bandido porque os seus redutos de Camará têm poucas vias de entrada e de saída, enquanto que a Vila Kennedy margeia a avenida Brasil e é mais exposta.

O oficial revelou ao iG ter certeza de que, com a construção do Centro de Comando e Controle da PM no Complexo da Maré, previsto para começar a funcionar em 2012, traficantes de lá migrem para Senador Camará já que a Maré terá a presença permanente do Bope (Batalhão de Operações Especiais).

O comandante teme, inclusive, que a migração já esteja acontecendo. Há duas semanas, ele afirmou ter achado em Senador Camará uma casa que pertence ao traficante Marcelo Santos das Dores, o Menor P que, atualmente, está à frente das comunidades Vila dos Pinheiros, Vila do João, Timbau e Baixa do Sapateiro. Menor P conseguiu fugir.

Fontenele, inclusive, suspeita que Menor P possa suceder Matemático na administração do tráfico das favelas de Senador Camará. Segundo o oficial, Matemático tem bons contatos com traficantes de outros Estados e de países vizinhos e poderia ficar atuando apenas como "matuto" (fornecedor de drogas). Atualmente, além do Complexo de Camará, o bandido também administraria as bocas de fumo da favela de Acari, na zona norte.

"Se ele continuar se escondendo na favela, ele sabe que certamente será preso", disse o coronel Fontenele.

As informações são dos repórteres Mario Hugo Monken e Bruna Fantti, do IG

O DIA ONLINE

domingo, 11 de dezembro de 2011

Novo treinamento prepara o Batalhão de Choque para a Copa

Herculano Barreto Filho

Um tenente do Batalhão de Choque coloca uma armadura articulada, com proteção e amortecimento, capaz de isolar o impacto de pancadas até de barras de ferro. O tenente-coronel Fábio Souza, o zero-um da tropa, pega um bastão e parte para cima do policial. O teste é feito pelo novo comandante, que assumiu o Choque há dois meses, depois de 15 anos no Bope. O tenente treme. A armadura do combatente do futuro, não.

— Bati com vontade e não quebrou. Parece uma armadura robotizada, mas com mobilidade — aprova Fábio Souza, num rigoroso “teste científico”, na base da força bruta.

Policial posa com a amaradura cedida pelos franceses Foto: Thiago Lontra

Três desses protótipos, feitos com polímero, uma espécie de borracha resistente, e placas de E.V.A., que dá rigidez e resistência, foram doados pela Compagnies Républicaines de Sécurité (CRS), a polícia nacional francesa, que ministrou um curso de duas semanas para os policiais do Choque, ensinando técnicas de gestão em tumultos em grandes eventos. O primeiro passo para formar uma espécie de policial do futuro no Choque foi dado.

O material está servindo de modelo para a fabricação de armaduras, com previsão de entrega até o fim de 2012. De acordo com o Choque, duas empresas abriram licitação para fabricar os trajes, que devem fazer parte do uniforme da tropa na Copa do Mundo. A Secretaria de Segurança (Seseg) informa que “o Estado faz uma tomada de preços para verificar custos, mas não há nada que indique a compra”. Segundo a nota, a negociação prevê a aquisição de pelo menos 1.260 “equipamentos antitumulto”.

O uniforme é próprio para trabalhar em áreas onde haja uma grande concentração de pessoas.

— O objetivo é impulsionar essa tropa para um lugar de destaque na segurança pública — projeta o major Vinicius Carvalho, subcomandante e ex-integrante do Bope, que aceitou o desafio de trabalhar ao lado de Fábio Souza na reformulação do Choque.

O tenente Leonardo Novo completa o trio de caveiras no Choque. O chefe de instrução é o responsável pelos treinamentos da tropa, que estão fazendo com que os policiais adquiram técnicas que antes eram exclusivas da elite da Polícia Militar do Rio.

Um policial do Batalhão de Choque veste a armadura Um policial do Batalhão de Choque veste a armadura Foto: Thiago Lontra / Extra

Na prática, o primeiro desafio do tenente-coronel Fábio Souza foi na ocupação policial na Rocinha. E a tropa surpreendeu. Lá, todo mundo era suspeito. As incansáveis abordagens “a tudo que se movia”, como lembrou o comandante, desestabilizaram o chefão da comunidade. A prisão de Nem foi a missão dada. E cumprida, sob o comando do caveira.

— Tínhamos a informação de que ele estava na Rocinha quatro dias da ocupação. Aí, fechamos o cerco.

No dia anterior à prisão dele, o serviço de inteligência do Choque, em conjunto com a Secretaria de Segurança (Seseg) receberam a informação de que Nem tinha dois planos de fuga: ou sairia num táxi ou numa ambulância, com uma blusa preta e um rabo-de-cavalo.

— Ele (Nem) ficou sem saber o que fazer. Ele ia tentar sair da Rocinha. Senão, ia ser preso lá dentro.

Quando o homem que se identificou como cônsul de Gana se negou a abrir o porta-malas do carro, o tenente Disraeli Gomes ligou pela primeira vez para o comandante.

— Quando ele disse que a placa não era do corpo consular, falei que ele teria que abrir o porta-malas. E determinei: “Vamos levar o carro até a Polícia Federal”. A missão foi cumprida. É guerra — lembra o tenente-coronel.

Casos de Polícia - Extra Online

PM assassinado em Realengo pretendia ser oficial

Raiane Nogueira

O corpo do soldado PM Jeferson Fonseca Chaves, de 30 anos, foi enterrrado há pouco no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, no subúrbio do Rio. O policial foi assassinado na noite de sexta-feira quando chegava de carro em casa, em Realengo.

Policiais militares prestam continência ao soldado Jeferson, no Jardim da Saudade. Foto: Guilherme Pinto

Segundo o tio dele, Jorge Luís Fonseca, Jeferson trabalhava no Batalhão de Choque e pediu transferência para o Regimento de Polícia Montada para ter mais tempo para estudar para a prova de oficiais, e já havia passado na primeira fase.

Recém-casado, o PM também cursava a faculdade de história, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em Seropédica, na Baixada Fluminense.

Colegas de farda acreditam que ele foi morto porque os bandidos teriam visto a farda em seu carro. Os marginais fugiram sem levar nada.

Casos de Polícia - Extra Online

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Justiça decreta prisão de PMs da UPP da Cidade de Deus

Dois soldados e um recruta são acusados de envolvimento no desaparecimento de morador

POR MAHOMED SAIGG

Rio - A Justiça decretou a prisão dos três policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Cidade de Deus, acusados de espancar e desaparecer com Gilmar da Silva Barreto, de 34 anos. Dono de ferro-velho na comunidade, Gilmar está desaparecido desde a madrugada de terça-feira, quando foi detido pelos PMs por dirigir sem documentos.

Foto: Reprodução

Por estar sem habilitação, Gilmar foi espancado e está desaparecido | Foto: Reprodução

Os soldados Wllisses Resende Nascimento, Maiko Menezes de Azevedo e o recruta Rafael Guimarães Santos estiveram no Hospital Central da Polícia Militar, onde fizeram exame de corpo de delito e seguem para o Batalhão Especial Prisional (BEP).

Corpo na mala

Segundo contou seu irmão de Gilmar, o pedreiro G., 31, em depoimento à Corregedoria da Polícia Militar, os PMs exigiram dinheiro para liberar Gilmar e o veículo. Sem dinheiro, ele foi espancado na frente dele e de outros parentes.

Os policiais disseram que levariam Gilmar para a 32ª DP (Taquara), mas, na última vez que G. viu o irmão, Gilmar estava sendo colocado no porta-malas de um Gol que deixou a Cidade de Deus dirigido por um dos PMs. O carro e Gilmar ainda não foram localizados.

O GPS da viatura dos três soldados da UPP Cidade de Deus registra que a patrulha não saiu da comunidade. O comandante da UPP, capitão Felipe Carvalho, depôs ontem na Corregedoria e entregou as armas dos soldados Wllisses e Maiko — o terceiro policial não foi reconhecido.

Medo da morte

Sem notícias de Gilmar, parentes do dono de ferro-velho na Cidade de Deus abandonaram a comunidade por conta própria, apesar de a Secretaria de Assistência Social dizer que retirou a família do local e já a incluiu no programa de proteção à testemunhas.

“Estamos com muito medo de morrer”, admitiu o pedreiro G., 31 anos.

Ainda segundo ele, eram 2h de terça-feira quando um PM bateu na porta de casa, na Cidade de Deus, e o acordou, dizendo que tinha prendido o irmão, que dirigia sem carteira. “Ele dizia que a gente ia ter que ‘desenrolar’ para não levá-lo pra delegacia”.

“Quando me aproximei da viatura, vi o Gilmar com várias marcas no rosto e algemado no banco de trás. Ele pedia pelo amor de Deus para que eu não deixasse os PMs levá-lo porque o matariam”, revelou G., que convenceu os policiais a deixá-lo ir junto até a delegacia.

G. ainda contou que, pouco à frente, os PMs pararam o carro, na localidade conhecida como Porteira. Voltaram a espancar Gilmar e exigiram R$ 5 mil para liberá-lo. Se o dinheiro não ‘aparecesse’ em 20 minutos, toda a família seria morta.

G. fez ‘vaquinha’ entre vizinhos, mas só conseguiu R$ 300. “Vi os PMs usando pedaço de pau para bater no meu irmão, dentro do porta-malas, antes de saírem”. Gilmar era casado, tinha dois filhos e a mulher está grávida.

O DIA ONLINE

domingo, 4 de dezembro de 2011

Policial é morto em assalto em Oswaldo Cruz

Rio - Um policial civil foi morto na noite deste sábado na frente do filho, de apenas quatro anos

                 Foto: Fernanda Alves / Agência O Dia

                          Foto: Fernanda Alves / Agência O Dia

 
Nilson Monteiro Calmon , lotado na 22ª DP (Penha), estava numa videolocadora na Rua Antonieta, em Oswaldo Cruz, quando quatro homens que estavam em um carro o renderam e pediram seu cordão.

Os bandidos perceberam que ele estava armado e atiraram. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios

O DIA ONLINE

sábado, 3 de dezembro de 2011

Luta por dignidade: PM ferido depende de vaquinha para ter cadeira de rodas

Herculano Barreto Filho

O soldado Alexsandro Fávaro, de 31 anos, era tido como policial exemplar. Um apaixonado no combate ao crime, como os colegas de farda costumam dizer. Há três meses, o combate mudou de terreno. Atingido no pescoço num tiroteio entre policiais da UPP Fallet/Fogueteiro e traficantes no Morro do Fogueteiro, no Rio Comprido, ele faz sessões de fisioterapia no Hospital da Polícia Militar (HPM) para recuperar os movimentos dos membros. E conta com a luta de outros policiais militares.

O PM Fávaro quando ainda estava em atividade: elogios Foto: pablo jacob

Como o major Hélio, que lançou uma campanha no site cfappmerj.org para pedir colaborações de R$ 1, que ajudem na aquisição de uma cadeira de rodas de R$ 2.500, específica para tetraplégicos. “A esposa continua assistindo e apoiando o marido e está impossibilitada de trabalhar, pois o caso dele ainda inspira cuidados”, diz um dos trechos do texto. Segundo o comunicado, a PM não possui a cadeira de rodas e a aquisição pode levar até seis meses. O problema é que o soldado Fávaro terá alta em breve.

O major Hélio não é o único que busca mobilização para ajudar no caso. De acordo com o capitão Felipe Magalhães, comandante da UPP Fallet/Fogueteiro, o grupo de policiais que se formou com Fávaro também faz contribuições para ajudá-lo. Amigo do soldado, o capitão foi instrutor no seu curso de formação. E comandante no período em que Fávaro atuou na UPP.

— Ele era um excelente policial. Adorado por todos, porque era um profissional que sabia a hora de combater, mas também sabia o momento certo para prestar serviço aos moradores.

Na corporação há apenas três anos, Fávaro colecionava prisões e apreensões num caderno recheado por recortes de ocorrências e reportagens policiais. Em março de 2009, quando trabalhava no 12 BPM, em Niterói, e ainda não estava habilitado para usar arma, recebeu um certificado de honra ao mérito por ter “se destacado no combate à criminalidade” por prender um suspeito só com o cassetete.

Outro drama

Em novembro do ano passado, o sargento Heliomar Ribeiro dos Santos Silva, de 36 anos, viu a morte de perto no cruzamento da Avenida dos Democráticos com a Dom Hélder Câmara, no Jacarezinho. Ele estava numa carro do 22 BPM (Maré) quando cruzou por um bonde de 20 homens, com fuzis em carros e motos.

O veículo foi fuzilado e o soldado caiu no chão, baleado. Só saiu de lá com vida porque foi tirado do asfalto por um taxista, que o socorreu no momento em que um ônibus parou na sua frente, impedindo o acesso dos bandidos.

Um ano depois, Heliomar ainda luta para se recuperar das sequelas provocadas pelos tiros, que acertaram a sua nuca, de raspão, o braço e o pé esquerdos. Três vezes por semana, faz fisioterapia para recuperar os movimentos do braço. Perdeu o dedão e caminha com dificuldades, já que não encosta a sola do pé no chão, porque um nervo foi atingido.

A situação financeira da família também não é das melhores, já que Heliomar fazia “bicos” para completar a renda familiar quando estava na ativa. Como não pode dirigir, vendeu o carro, um Fiat Uno antigo.

Morador de Itaboraí, ele desistiu das sessões de fisioterapia mantidas pela PM, em Olaria, no Rio, porque não teria como pagar o deslocamento semanal. Optou pelo tratamento num hospital público, perto de casa. Apesar das dificuldades, ainda acredita que um dia poderá voltar a vestir a farda da Polícia Militar.

— Ele não se conforma, porque estava acostumado a estar na ativa — conta a mulher, a dona de casa Cristiane Santos Silva, de 37 anos.

Mas nada causa revolta em Cristiane. Porque o marido vai poder ver a filha, de 3 anos e 9 meses, crescer. E, de tempos em tempos, ela telefona para o taxista que salvou o seu marido.

— Ligo pra agradecer. Depois de Deus, ele é o meu anjo da guarda, porque salvou o meu marido. Vou agradecer pelo resto da minha vida.

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