Wilson Mendes
A Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil passou a contar com pistolas elétricas na sua lista de armamentos não-letais.
Na última quarta e quinta-feira, 40 instrutores da coordenadoria foram capacitados para utilizar as 137 dispositivos elétricos incapacitantes comprados pela instituição.
A partir de fevereiro, o grupo deve começar a replicar este conhecimento para que todos os agentes saibam como utilizar a nova arma.
O inspetor da Core Eduardo Herdy com uma das pistolas: arma não letal passará a ser usada pelo grupo de elite da Civil Foto: Luiz Ackermann / Extra
Cercados de polêmica, os dispositivos elétricos sempre geram muitas dúvidas quanto à sua letalidade. O modelo que será utilizado pela Core, porém, é um dos mais inofensivos do mercado. Segundo a fabricante do equipamento, a Condor, que participou do treinamento, a arma — um projeto nacional — é incapaz de levar um indivíduo à morte, pois trabalha com a menor amperagem do mercado. O efeito do dispositivo é sentido apenas durante a aplicação do choque.
— Isto é parte de um princípio que está norteando a segurança e a Core, que é o uso diferenciado da força. A pistola se junta ao spray de pimenta e a outros equipamentos que garantem a menor letalidade possível nas ações da polícia. Com essa nova aquisição, a Core está confortável para agir nesta nova circunstância — avalia o inspetor Wagner Franco.
Disparo da pistola: menor risco de morte Foto: Luiz Ackermann / Extra
A compra das pistolas, segundo a Core, é apenas um dos passos rumo “ao futuro” da coordenadoria.
— Em 2010, começamos a modernização da Core, um projeto que depois foi abraçado pela chefe de Polícia Civil, Marta Rocha. Começamos a nos preparar para o futuro, e ele está em 2016 — explica Wagner Franco.
Mas ainda faltam muitos passos até lá. O plano da Core é que as pistolas cheguem à toda a Polícia Civil. Para tanto, será preciso multiplicar o número de instrutores. Até lá, muita energia vai precisar passar pelos policiais.
Na última quinta-feira, os agentes testaram o potencial das armas neles mesmos, aplicando os choques diretamente, sem a necessidade do disparo que crava na vítima dois eletrodos em forma de arpão, com cerca de nove milímetros.
— É importante que todos saibam com o que estão lidando — resumiu Wagner.
Policiais da Core com as pistolas: armas usadas pela primeira vez na Polícia Civil Foto: Luiz Ackermann / Extra
Curta distância
O dispositivo elétrico é capaz de atingir pessoas a cerca de três metros do agente de segurança. A curta distância evita que outras pessoas sejam atingidas por engano.
Dardos na pele
Depois do disparo, dois dardos são cravados na pele e, através dele, flui uma carga de alta voltagem, mas com pequena amperagem. A remoção dos dardos só deve ser feita por um profissional de saúde, para evitar lesões.
Derrubada
Para que a pessoa sofra a ação da corrente elétrica, que contrai os músculos e a derruba, os dois dardos têm de atingir a pele. Não há choque se um dos dardos atingir outra pessoa.
Primeira vez
É a primeira vez que a pistola elétrica é usada por policiais civis no Rio.