POR PEDRO DE FIGUEIREDO
Rio - "Mataram o meu filho". Esta foi a afirmação do cabo Túlio Anselmo, salva-vidas de Rio das Ostras e marido de Cléa Borges Menegeli, 27 anos. Grávida de 3 meses, Cléa participava da ocupação ao Quartel Central dos Bombeiros, na Praça da República, acompanhando o marido quando sofreu um aborto espontâneo.
Segundo Túlio, a confusão começou por volta de 2h da madrugada deste sábado. Cléa ficou nervosa com especulações de que o Bope invadiria o quartel e foi para o banheiro, onde perdeu muito sangue. Ela teria sido levada ao Hospital Souza Aguiar, mas não chegou a ser atendida.
Em seguida, Cléa foi levada para a Maternidade Oswaldo Nazareth, na Praça XV, onde deu entrada às 3h50. De acordo com seu marido, ela chegou a ser atendida, mas o hospital não apresentava aparelho de ultrassonografia.
Cléa e Túlio decidiram, então, voltar ao quartel na Praça da República, mas ela passou mal novamente e foi levada para o Hospital dos Bombeiros, no Rio Comprido às 9h05. Recebendo soro, deve ficar internada no local até a manhã de domingo.
Túlio ficou revoltado com a perda do bebê. Pai de duas crianças, uma de 8 e outra de 10 anos, ele afirma que levou a mulher grávida para o protesto apenas porque se tratava de uma "manifestação pacífica".
-"Não somos bicho. Não somos bandidos. Nós não apresentávamos perigo nenhum”.
Nosso objetivo é apenas pedir mais alimentação. Eu salvo a vida dos outros e ganho menos de R$ 1 mil para sustentar minha família. Isso não é justo", afirmou o salva-vidas, que disse não temer sofrer retaliações e que garante que vai processar o Governo do Estado pelo aborto sofrido pela esposa.
Sobre a peregrinação em diversos hospitais, a Secretaria Municipal de Saúde informa que não houve nenhum registro do acolhimento de Cléa no Hospital Souza Aguiar. Já na Maternidade Oswaldo Nazareth, o registro é de que a mulher entrou no hospital às 3h40, mas a paciente não quis permanecer internada.
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