terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Polícia Civil realiza Operação Capa Preta para prender 34 milicianos de Caxias

Elenilce Bottari

O vereador Jonas Gonçalves da Silva é preso por policiais civis durante a operação Capa Preta / Foto: Gustavo Stephan

RIO - Vinte e cinco pessoas foram presas, na manhã desta terça-feira, na operação Capa preta, realizada por cerca de 200 policiais civis da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco/IE) e de várias especializadas, além do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Rio de Janeiro (Gaeco).

Entre os presos, há dois vereadores de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A ação teve como objetivo desmantelar a mais antiga e bem estruturada milícia com atuação nos bairros de Gramacho, Pantanal e São Bento, naquele município. Segundo a Draco, o grupo é investigado por cerca de 50 homicídios e movimentava R$ 300 mil por mês.

Os vereadores presos foram Jonas Gonçalves da Silva - vulgo Jonas é Nós, que também é soldado reformado da PM - e Sebastião Ferreira da Silva, o Chiquinho Grandão. Segundo o Ministério Público, Jonas é o líder do grupo. Eles foram detidos em suas casas.

Entre os acusados, há também 13 policiais militares da ativa, cinco ex-policiais militares, um comissário de Polícia Civil, um sargento do Exército e um fuzileiro naval. Eles respondem pela pratica sistemática de crimes como extorsão, esbulho possessório, homicídios, tortura e ameaças.

O delegado assistente da Draco, Alexandre Capote, que estava coordenando a ação, afirmou que o grupo se destacava pela organização.

- A milícia se destacava pela organização. Existia o líder, os gerentes, assistentes, matadores. Eles visavam o lucro, monopolizando o fornecimento de gás, 'gatonet' e 'gatovelox'. As nossas investigações apontam para um lucro de R$ 300 mil dessa quadrilha.

O grupo também fornecia armas de fogo para traficantes:

- Os milicianos vendiam armas rotineiramente para traficantes do Complexo do Alemão. Em uma negociação, eles conseguiram lucrar R$ 70 mi - revelou.

Os agentes estouraram também uma central clandestina de TV a cabo, no bairro do Pantanal, em Caxias. No total, os agentes buscam cumprir 34 mandados de prisão e 54 mandados de busca e apreensão. A Corregedoria da PM também participou da ação. Foram realizadas buscas em 57 endereços.

O nome da operação é uma referência ao político Tenório Cavalcanti, que aterrorizava seus adversários e inimigos com a submetralhadora chamada de Lurdinha. O Homem da Capa Preta marcou época nas páginas policiais por desafiar políticos e militares.

Quadrilha praticava diversos crimes em Caxias

As investigações foram feitas pela Draco e demonstram que os investigados compõem uma milícia que atua nos bairros de Gramacho, São Bento, Lote XV, Parque Fluminense, Parque Muisa, Pantanal, Vila Rosário e Parque Suécia, todos situados em Caxias, desde meados de 2007.

A quadrilha exigia de moradores e comerciantes o pagamento de taxas de proteção. Eles também monopolizam a venda de cestas básicas; realizam a venda de armas de fogo para criminosos - inclusive para traficantes do Complexo do Alemão-; e praticam tráfico de influência. Além disso, o grupo é acusado de agiotagem, esbulho de propriedades e parcelamento irregular do solo urbano.

Eles ainda exploram a distribuição ilícita de sinal de TV a cabo e internet, vendem combustíveis de origem suspeita, botijões de gás de cozinha (GLP), e controlam a prestação de serviços de transporte coletivo alternativo (vans e moto-taxis) e o uso de caça-níqueis e outros jogos de azar.

As ações da quadrilha são cruéis e envolvem a prática de homicídios coletivos, ocultação e destruição de cadáveres, torturas, lesões corporais graves, extorsões, ameaças, constrangimentos ilegais e injúrias.

Extra Online

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