PM e taxista são acusados de tentar matar o empresário. Policiais que não socorreram a vítima e nem prenderam os agressores tem suspensão solicitada
Rio - O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) requereu a prisão temporária por 30 dias do capitão da Polícia Militar Alexandre da Silva e do taxista Marcelo da Silva Maia por tentativa de homicídio contra o empresário Rorion Moraes, de 28 anos. Ele foi agredido dentro de uma boate na Ilha do Governador, na madrugada da última sexta-feira.
O empresário Rorion Moraes, levou 16 pontos na cabeça, nove no olho e perdeu seis dentes | Foto: Maíra Coelho / Agência O Dia
De acordo com o requerimento, as imagens mostram Alexandre da Silva e Marcelo da Silva socando e chutando a cabeça de Rorion, mesmo quando ele já estava desmaiado no chão, e ainda desferindo um golpe de cadeira de madeira com ele desacordado. A ação revelou para os promotores que os indiciados assumiram o risco de produzir matar o jovem, sendo assim considerado dolo eventual.
“É importante destacar que as lesões apenas não foram piores e o resultado morte só não se consumou por circunstâncias alheias à vontade dos mesmos, pois frequentadores e seguranças da boate intervieram, forçando a cessação das agressões bárbaras, gratuitas e covardes”, afirmou o titular da 30ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal da 1ª Central de Inquérito, Sauvei Lai.
Outros PMs envolvidos
O promotor de Justiça também requereu a imposição de medidas cautelares alternativas (como a vedação de manter qualquer tipo de contato com a vítima e as testemunhas de acusação; suspensão do exercício de função pública da Polícia Militar com recolhimento das armas pessoais e da Corporação; e monitoração eletrônica) aos policiais militares Marcio Nunes, Jorge Antonio Sobreira de Paiva, Alessandro Gomes de Souza e Márcio Roberto Cunha Travessa Soares, por prevaricação e omissão de socorro.
O texto do requerimento relata que Marcio Nunes e Jorge Antonio estavam em patrulhamento de rotina e compareceram ao local do crime, mas não socorreram a vítima nem prenderam os agressores. Já Alessandro Gomes e Márcio Roberto, ainda segundo o requerimento, estavam dentro da boate, mas não apartaram a briga, não socorreram a vítima nem prenderam os agressores, conforme depoimento das testemunhas.
Policial aparece em vídeo com joias
Três policiais militares foram presos administrativamente, por 72 horas, sob a suspeita de participarem do espancamento a um jovem na boate Provisório, Ilha do Governador, na madrugada de sexta-feira. Conforme O DIA mostrou sábado, o empresário Rorion Moraes, 28 anos, foi surrado com socos e chutes até desmaiar, e ainda foi atingido por uma cadeirada na cabeça. O caso é investigado pela 37ª DP (Ilha).
Entre os envolvidos está o cabo do 9º BPM (Rocha Miranda) Márcio Roberto Cunha, conhecido como MM. Companheiro da dançarina Mulher Filé, que estava na boate, ele aparece em vídeo na Internet dançando funk, ostentando joias e bebendo vodca. O policial está licenciado por motivo de saúde. Ele não teria agredido a vítima, mas teria presenciado a cena e, mesmo sendo PM, não interferiu.
Além dele, foram presos o cabo Alessandro Gomes de Souza, do 41º BPM (Irajá), e o capitão Alexandre Gualberto da Silva, do 16º BPM (Olaria). O último, junto com o taxista Marcelo da Silva Maia, que depôs nesta segunda-feira, aparece nas imagens do circuito interno da boate agredindo o empresário, diz a polícia.
Segundo Rorion, a briga começou após esbarrão: “Eu e o capitão nos esbarramos, mas achei que não ia virar confusão. Uma hora depois, passei pela mesa dele e o grupo de sete pessoas estava falando de mim. Fui tirar satisfação, mas antes de chegar um amigo me parou. Foi aí que levei o soco”.
O pai da vítima, José de Moraes, conselheiro vice-presidente do Tribunal de Contas do Município, criticou os agressores: “Meu filho poderia ter morrido”. Rorion levou 16 pontos na cabeça, 9 no olho e perdeu 6 dentes. “Foi covardia, mas agradeço a Deus por estar vivo”.
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