quinta-feira, 8 de março de 2012

Após greve da PM, 13% dos policiais do Bope foram transferidos para outros batalhões

Herculano Barreto Filho

Em apenas 22 dias, o efetivo do Batalhão de Operações Especiais (Bope), tropa de elite da PM, emagreceu quase 13%. Na ressaca após a greve das polícias, pelo menos 51 caveiras — que passam por vários cursos de treinamento em ações de combate, tiro de precisão, escalada e resgate de reféns — foram transferidos. Vinte e dois deles, para batalhões comuns, no interior do estado. O Bope tem cerca de 400 homens, segundo o site da PM.

Policial do Bope em treinamento no Cristo Redentor: parte da tropa, preparada para ações de alta complexidade, foi mandada para batalhões comuns

Policial do Bope em treinamento no Cristo Redentor: parte da tropa, preparada para ações de alta complexidade, foi mandada para batalhões comuns Foto: Wania Corredo / Extra / 28.9.2006

As transferências de quatro subtenentes, 18 sargentos, 17 cabos e 12 soldados começaram a ser publicadas no Boletim Interno da corporação cinco dias após a manifestação feita por 5 mil PMs, policiais civis e bombeiros na Cinelândia,em 10 de fevereiro, iniciando a greve da polícia.

Na ocasião, o Bope foi chamado, pelo comando-geral da Polícia Militar, para reprimir a manifestação. Mas os policiais militares que estavam de plantão se negaram a cumprir a ordem.

— O Bope descumpriu a ordem porque não iria reprimir os colegas de farda. Agora, toda a equipe está sendo transferida, como forma de represália. Até o sargento mais antigo do Bope foi mandado embora — disse um PM, que preferiu não se identificar por medo de represálias.

A Polícia Militar nega que exista qualquer tipo de relação entre o episódio e a greve. Segundo a corporação, foram transferências de rotina.

As transferências foram publicadas em três boletins. Em 14 de fevereiro, 11 homens que estavam em serviço no dia da greve foram transferidos — nove deles para batalhões comuns e dois para UPPs. Dois dias depois, outros oito policiais militares deixaram a elite da corporação para trabalhar em batalhões comuns.

Transferência em massa

No boletim interno 43, de anteontem, o golpe foi ainda mais duro. Uma transferência em massa, com a publicação de 32 nomes, enviou parte da elite da corporação para unidades no interior do estado.

Ao todo, 11 policiais militares vão se deslocar 183 quilômetros para chegar ao 32 BPM (Macaé). Outros 11 homens farão um trajeto ainda maior: se afastarão 274 quilômetros da capital, para prestar serviço no 8 BPM (Campos dos Goytacazes).

Quatro caveiras foram transferidos para o BPTur, batalhão de atendimento a turistas. O Batalhão de Ação com Cães, a Diretoria Geral de Saúde e o Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças também terão um caveira, cada, em seu efetivo.

Casos de Polícia - Extra Online

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