sábado, 12 de maio de 2012

Os últimos passos do traficante Matemático antes de morrer

Herculano Barreto Filho

Como fazia todas as noites, Márcio José Sabino Pereira, o Matemático, de 37 anos, visitava uma de suas namoradas em Senador Camará, na Zona Oeste do Rio. A escolhida, nesta sexta-feira, era a mulher que mora numa casa de dois andares na Coreia, perto do Campo do Abel.

Eram 23h15m quando ele deixou o local, vestindo camisa e bermuda pretas, escoltado por três homens armados. Matemático não sabia, mas seus passos eram monitorados a 1.500 metros de altura.

Policiais militares estão ocupando a região

Policiais militares estão ocupando a região Foto: Fabiano Rocha

O traficante mais procurado do Rio entrou com os comparsas num Logan prata, que era vigiado pelo helicóptero do Serviço Aeropolicial (Saer) da Polícia Civil. Começava uma fuga em alta velocidade. Segundo policiais que ocupavam a aeronave, o veículo atingiu 110 quilômetros por hora, para escapar de policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), do Batalhão de Choque e do 14 BPM (Bangu), que fechavam o cerco.

Às 23h29m, o piloto deu um voo rasante, chegando a 50 metros do chão. Tiros de fuzis disparados para o alto atingiram o helicóptero, parcialmente blindado. Dois atiradores de elite tiveram 20 segundos para revidar, antes de o helicóptero subir. O carro foi atingido e se chocou contra um muro na Rua Olga, na comunidade do Mobral.

— Acredito que todos no carro foram atingidos. O importante é que cheguei em casa para beijar meus filhos e minha mulher — disse um dos atiradores, de 48 anos, há 25 na polícia.

Baleado no peito

Baleado no peito e no joelho esquerdo, Matemático foi socorrido por dez pessoas. Uma delas amarrou um cinto na perna ferida, para estancar o sangramento. Ele foi colocado em outro veículo, um Gol preto, escoltado por motos e homens armados na última tentativa de fuga.

O carro foi encontrado em frente ao Colégio Estadual Daltro Santos, em Bangu, às 5h30m. Os bandidos que faziam a escolta abandonaram o corpo de Matemático após um tiroteio com o Batalhão de Choque. Na comunidade, as pessoas só acreditaram que o traficante tinha sido morto quando o corpo foi retirado do carro, para aplausos de moradores.

Extra Online

Nenhum comentário:

Postar um comentário