terça-feira, 10 de julho de 2012

Polícia investiga se sequestrador de bebê pertence a quadrilha

Roberta Hoertel

A Polícia Civil está investigando a ligação de Altair Ferreira dos Santos e Géssica Paulino Marinho, envolvidos no sequestro de um bebê em Saquarema, com uma quadrilha que rouba e vende recém-nascidos.

A hipótese foi levantada após o depoimento de duas outras mães, que também afirmaram terem sido abordadas pelo criminoso. A versão dada pelo casal em depoimento, de que receberia R$ 500 mil pelo nascimento de um herdeiro, foi descartada pela polícia.

— Esta foi uma história criada pelos envolvidos para desvirtuar as investigações. Nada ficou confirmado sobre a herança e o fazendeiro não apareceu ainda — afirmou o delegado Luciano Coelho, da 124ª DP (Saquarema).

Casal é suspeito de integrar quadrilha Casal é suspeito de integrar quadrilha Foto: divulgação

Uma das mães foi abordada por Altair e sua quadrilha no mesmo dia em que o grupo sequestrou Gustavo. Em depoimento, a mãe da criança — que teve o filho no mesmo dia e local em que Gustavo nasceu — contou que dois homens armados invadiram sua casa com a alegação de cobrança do pagamento de uma dívida. Retiraram o bebê dos braços da mãe e prenderam ela e outra testemunha em um quarto separado. Ao ser desligada do filho, a vítima informou que o bebê estava doente (o que era mentira) e precisava ficar sob os cuidados dela. Um dos homens então informou sobre o problema ao grupo, que roubou o celular da vítima e fugiu do local. O sequestro de Gustavo aconteceu cerca de cinco horas depois.

Além do mesmo plano de sequestro, outro forte indício de formação de quadrilha é o fato de Altair procurar sempre um menino, branco e ainda com o cordão umbilical. Neste mesmo período, apenas cinco crianças nasceram na maternida em que Altair tinha acesso, destas apenas duas eram meninos, exaramente as duas famílias procuradas pelo bandido.

— Não descartamos a hipótese de ele providenciar o registro. Com o registro tardio, você tem a possibilidade de fazer a certidão sem a presença do pai. Poderiam levar a criança para qualquer parte do país ou até para o exterior — explicou o delegado.

A polícia agora busca encontrar outros envolvidos no sequestro. Até o momento, apenas um homem, identificado como Maxwell, morador do Morro do Castro, em São Gonçalo, teve a participação confirmada no crime. Ele foi citado nos depoimento de Altair e Géssica como a pessoa que ajudou na negociação das crianças:

— Estamos pesquisando o arquivo do hospital para ouvir todas as mães que deram à luz nos últimos 20 dias.

Em depoimento na tarde de ontem, um funcionário do hospital onde nasceram os alvos de Altair confirmou que o criminoso o procurou para ajudá-lo a conseguir uma criança para adoção.

Segundo o funcionário, Altair chegou ao hospital pedindo ajuda para uma amiga que teve gravidez psicológica e queria um filho para adotar. O funcionário, então, indicou uma paciente que havia dito que passava por dificuldades financeiras e, por isso, colocaria o filho para adoção.

Ao saber da história, Altair disse que um médico iria adotar e teria totais condições de cuidar da criança. Ele também arcaria com todos os custos do registro do recém-nascido. Ele ainda chegou a oferecer R$ 10 mil ao funcionário para que ele conseguisse a adoção da criança, exigindo apenas que fosse um bebê branco e do sexo masculino. O funcionário disse que não quis o dinheiro, afirmando que faria a proposta apenas para ajudar a mãe.

Entretanto, a mãe negou a proposta e afirmou que passaria a cuidar do próprio filho. O funcionário, então, informou a Altair, que saiu do hospital e passou a fazer as ofertas direto à família.

Extra Online

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