domingo, 19 de setembro de 2010

PM fecha parceria com Uerj para criar a escola de UPPs

Guilherme Amado

Convênio

O governo do estado começou a desenhar o projeto da Escola Nacional de Polícia Pacificadora, a sala de aula que vai formar oficiais e praças da Polícia Militar para atuar nas UPPs e no restante da corporação.

A principal novidade em torno do projeto, que ficará onde hoje é a atual sede do Bope, no Catete, é um convênio entre a PM e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), dobradinha que será assinada esta semana.

— Serão aulas teóricas e práticas para dar uma formação adicional ao da Academia da PM, e criar uma doutrina de polícia pacificadora — explicou o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame.

Ricardo Vieiralves, reitor da Uerj, quer aulas já em 2011 - Foto de Fábio Guimarães

A escola só deve ser inaugurada no início de 2012. Antes será feita a transferência do Bope para a nova sede em Ramos. Em 2011, devem começar as aulas para PMs. Segundo o reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves, o curso será para oficiais (de tenente a coronel) só de UPPs e para futuros praças (de soldado a subtenente) de toda a PM.

— Não vamos ensinar a atirar. Isso é com a PM. Para os oficiais, teremos um eixo tecnológico, em que eles aprenderão a combinar estatísticas sociais e mapas da favela, noções de Direitos Humanos e mediação de conflitos. Tudo em 360 horas/aula.

Já os praças cursarão vários módulos de 30 horas cada, de diversos temas, como inglês, condicionamento físico ou história da polícia no Brasil, por exemplo. A expectativa é que 500 oficiais e 6 mil praças sejam formados por ano.

O curso também vai ser prático. Cada oficial vai estagiar nas favelas pacificadas. Essa passagem por uma UPP vai servir de base para uma monografia, de conclusão de curso. As comunidades Santo Amaro e Pereira da Silva serão pacificadas, quando a Escola Nacional for inaugurada, para que sejam usadas como laboratório para os oficiais.
A parceria, espera a Uerj, deve aproximar a polícia do ambiente universitário:

— A universidade é um agente crítico. Nós pensarmos a polícia é muito positivo. E a polícia perto de nós também, para que o universo acadêmico perca preconceitos — aposta Vieiralves.

O coronel Mário Sérgio Duarte afirma que convênio faz parte de valorização do policial na corporação - Foto de Marcelo Carnaval (10/07/2009)

O comandante-geral da PM, Mário Sérgio Duarte, afirmou que o convênio faz parte de sua estratégia de valorização do policial:

— Nossa estratégia tem sido investir no ser humano, a base de tudo. Melhorar as condições de trabalho, ensino e fiscalização desse trabalho.
Professora da Universidade Candido Mendes, a antropóloga Jacqueline Muniz vê com bons olhos o projeto:

— Não é uma parceria nova, essa entre polícia e universidade, mas parece novo o fato de esse convênio estar ligado a uma política pública do governo como um todo — explicou Jacqueline.

Casos de Polícia: Extra Online

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