sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Madureira vira palco de tiroteio e uma pessoa morre

por Ana Carolina Torres

Tiroteio na Zona Norte

O Polo que os bandidos usavam, com marcas de tiros, foi deixado no calçadão de Madureira. Foto: Guilherme Pinto / Extra

Clique e assista ao vídeo sobre o tiroteio no calçadão de Madureira

Um morto, quatro feridos - um deles atropelado - e três carros roubados. Este foi o resultado de mais uma manhã de violência no Rio. Dessa vez, o palco foram Madureira e Vicente de Carvalho, na Zona Norte. Houve tiroteio nos dois bairros. Os bandidos - pelo menos quatro, com coletes à prova de balas com a inscrição da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil, toucas-ninja e distintivos falsos - conseguiram fugir e se esconderam no Morro do Juramento. A PM fez operações para tentar capturá-los, mas até o fim da tarde ninguém havia sido localizado. O registro é da 29ª DP (Madureira).

A confusão começou por volta das 8h. Dois policiais do 9º BPM (Rocha Miranda) foram chamados pelo motorista de um caminhão que transportava cigarros. Ele apontou um Polo preto e alegou que estava sendo seguido. Os policiais conseguiram interceptar o carro na Avenida Ministro Edgard Romero, na altura do calçadão de Madureira, um dos principais pólos de comércio da Zona Norte.

Lá, houve intenso tiroteio com os criminosos, que usavam fuzis e escopetas. Um dos bandidos foi baleado nas costas e o cabo Renato Gomes Miranda, atingido por disparos de fuzil em um dos braços e em uma das pernas. Ele ainda caiu e bateu a cabeça, sofrendo traumatismo craniano. Levado para o Hospital Salgado Filho, no Méier, o cabo morreu horas depois. Fernando Machado Lopes, de 54 anos, foi atingido por uma bala perdida no peito. Ele foi operado no Hospital Carlos Chagas e seu estado é estável.

Uma funcionária da Escola Municipal Ministro Edgard Romero, em frente ao local onde houve o confronto, passou mal por causa do barulho dos tiros. Ela foi medicada por uma equipe do Corpo de Bombeiros. As aulas ficaram suspensas na parte da manhã e dezenas de estudantes olhavam a movimentação.

- Sinistro isso. Estou aqui há um tempão e nunca tinha visto nada parecido - contou um adolescente de 16 anos.

Um Monza verde que estava estacionado foi perfurado por pelo menos dois tiros. Portas de lojas foram perfuradas pelos disparos. No chão, poças de sangue indicavam o que havia acontecido.
No Polo - que tinha placa clonada - foram apreendidos um colete à prova de balas, duas toucas-ninja, um boné com o símbolo da Polícia Civil, um distintivo falso, munição de fuzil e de escopeta.

O abandonado pelos bandidos foi levado para a delegacia de Madureira. Foto: Guilherme Pinto / Extra

Os bandidos fugiram a pé, carregando o cúmplice ferido. Eles roubaram o Corsa vinho de um PM que passava pela Edgard Romero. O carro parou na Rua Andrade Figueira, travado pelo dispositivo de segurança. Os bandidos, então, roubaram um Santana táxi e seguiram de volta para a Edgard Romero. Outra equipe do 9º BPM flagrou o bando e começou uma perseguição que só terminou na praça de Vicente de Carvalho.

Lá, houve nova troca de tiros. A arquiteta Gabriela Garcia, de 34 anos, seguia ao volante de seu carro e foi atingida de raspão na nuca. Carmem Alves de Oliveira, de 67 anos, estava em um ponto de ônibus e foi atingida em uma das pernas. Ela está internada no Hospital Getúlio Vargas, na Penha. Já o despachante Douglas Barreto, de 26 anos, foi atropelado pelo táxi.

- Ia para a estação do metrô e de repente fui atingido. Foi um susto danado. Tentei me esconder dos tiros em um posto de gasolina - contou ele, depois de ser atendido no Hospital Getúlio Vargas com ferimentos leves nas costas e nas mãos.

O táxi, perfurado, foi abandonado e os criminosos roubaram um Renault Scenic preto. Com ele, seguiram para o Morro do Juramento. O carro foi encontrado pela polícia num dos acessos à favela.

- Tenho certeza que Deus me ajudará a ganhar o suficiente para consertar meu carro e voltar a trabalhar. Em 20 anos de praça, nunca havia passado por uma situação dessa - contou o taxista, de 52 anos, enquanto olhava o Santana parcialmente destruído.

A arquiteta baleada de raspão na nuca esteve na delegacia para prestar depoimento. Foto: Guilherme Pinto

Na delegacia, enquanto esperava para prestar depoimento, a arquiteta fez um desabafo:

- Voltei das férias hoje (ontem) e estava indo para um amigo oculto do trabalho. Dirigia normalmente quando senti uma coisa pinicar na minha nuca. Coloquei a mão e vi que estava sangrando. Logo depois vi a bala. Segurei-a e ela ainda estava quente. Larguei a bala no chão do carro e depois um PM veio me dizer que teria que ir para o hospital. Lá, o médico me disse ter sido um milagre o que aconteceu: se a bala tivesse entrado mais um pouquinho, eu teria tido problemas graves, podendo até morrer.

Ela disse ainda que festejará o que considera seu segundo nascimento no dia de Natal:

- Foi um verdadeiro milagre de Natal o que vivi hoje (ontem). Este ano, celebrarei a minha vida na data, como se fosse um renascimento. Só lamento pelo policial que acabou morrendo. Queria poder dizer à família dele que esse homem foi um herói. Lutar desse jeito com homens armados até os dentes... Muitos fugiriam. Deus o abençoe.

Caso de Polícia - Extra Online

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