Rio - A chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, substituiu, nesta sexta-feira o delegado-titular da 10ª DP (Botafogo) José Alberto Pires Lage, e afastou cinco dos seis policiais envolvidos no suposto crime de tortura contra um funcionário de um ferro-velho.
No dia 24 de março, ele teria sido humilhado, espancado e torturado dentro da delegacia pelos agentes de plantão. A Corregedoria de Polícia Civil (Coinpol) investiga a conduta dos envolvidos.
Martha Rocha indicou o delegado Rodrigo de Oliveira para o lugar de José Alberto Pires Lage, que irá para a Delegacia Supervisora de Dia. Rodrigo de Oliveira era subchefe de Polícia Civil do setor operacional na gestão de Allan Turnowski.
Os cinco policiais afastados foram para a Seção de Pessoal em Situações Diversas, conhecida como 'geladeira', por conveniência disciplinar.
O Caso
Seis policiais da 10ª DP (Botafogo) estão sob investigação da Corregedoria Interna de Polícia Civil (Coinpol) por crimes de tortura e de abuso de autoridade, que teriam sido praticados na delegacia, na semana passada.
Segundo a denúncia, os agentes obrigaram um homem a tirar a roupa e, durante três horas, deram socos na barriga e no rosto dele e usaram um alicate para ferir seu órgão sexual.
Eles teriam pressionado a vítima, que trabalha em um ferro-velho em Araruama, Região dos Lagos, para que ela identificasse dois suspeitos como fornecedores de peças de carros roubados. “Gritaram: ‘Fica pelado! Aí começaram a me agredir”, disse X. à TV Globo.
Martha Rocha, ao lado do delegado Gilson Emiliano: A Polícia Civil trabalhará com transparência e comprometimento no caso | Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
O corregedor Gilson Emiliano, que prometeu concluir o inquérito em 15 dias, contou que a vítima fez exame de corpo de delito na sexta-feira, quando procurou a corregedoria para fazer a denúncia.
Agentes da Corregedoria acharam três alicates na 10ª DP e levaram ao Instituto Médico-Legal para detectar vestígios de tecido humano. Um deles foi identificado pela vítima como tendo sido usado na tortura. Ontem, os seis policiais prestaram depoimento na corregedoria.
A vítima já identificou cinco dos seis policiais que estavam na delegacia no dia do crime. Três deles teriam usado o alicate e participado diretamente da tortura.
A Coinpol informou que um dos agentes não estava de plantão e foi chamado a depor para verificar o possível envolvimento.
Em seu depoimento, a vítima revelou que um dos policiais, que entrou e saiu da sala várias vezes, ofereceu água, mas não pegou o alicate nem o espancou.
“Eles terão a arma, a carteira e o distintivo recolhidos”, garantiu Emiliano. A Polícia Civil também abriu um inquérito administrativo disciplinar que poderá decidir pela expulsão dos envolvidos.
Pena pode aumentar em até quatro anos
A chefe de Policia Civil, delegada Martha Rocha, classificou como lamentável a denúncia. “Precisamos ser rápidos, eficientes e transparentes”, disse ela, que elogiou o desprendimento da vítima.
Os policiais envolvidos poderão pegar de dois a oito de prisão por crimes de tortura e abuso de autoridade.
Como eles são funcionários públicos e representam a lei, os agentes poderão ser enquadrados também por ameaça, constrangimento ilegal, maus tratos e lesão corporal, o que poderá aumentar a pena em mais quatro anos.
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