Rio - A Justiça negou nesta terça-feira o pedido de prisão do suspeito de disparar uma pistola para fixar placas de concreto, que teria causado a morte do menino Vinícius Maurício dos Santos Botelho, de 6 anos, na noite de sábado, Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio.
A prisão temporária de Nicodemo Estevão dos Santos foi decretada pelo delegado da 32ª DP (Taquara) na noite de segunda-feira. A Justiça, no entanto, negou o pedido alegando que a morte de Vinícius foi um acidente, e que por isso o operário não deveria ser preso.
Vinícius não resistiu à hemorragia e morreu ao dar entrada no hospital | Foto: Reprodução de Paulo Alvadia
A juíza Márcia da Silva Ribeiro, responsável pelo plantão judiciário, relatou em sua decisão que não ficou demonstrada a intenção de Nicodemo em cometer o homicídio.
De acordo com a nota divulgada no site do Tribunal de Justiça, "diante dos depoimentos colhidos e da tentativa do mesmo de socorrer a criança e de ter acionado a PM, ficaram demonstradas atitudes que destoam de quem tentou lesionar ou matar alguém.
O acusado somente interrompeu o socorro por medo de ser linchado por um grupo de moradores da comunidade que surgiram com essa intenção". Ainda de acordo com a juíza, é "certo que foi o acusado que fez o disparo, mas não ficou comprovado de que ele o fez propositalmente".
Com o pedido negado, Nicodemo vai responder por homicídio culposo em liberdade. Vizinhos e a família da vítima, no entanto, afirmam que o suspeito já havia ameaçado a criança em outras ocasiões e que o disparo foi feito com a intenção de matá-la.
A defesa de Nicodemo alega que ele estava limpando o equipamento quando a pistola disparou por acidente. Vinícius estava brincando com mais quatro crianças perto do homem e foi atingido por um prego, que acertou sua veia femural. Ele ainda foi socorrido, mas não resistiu à hemorragia causada pelo ferimento e morreu.
José Eduardo Lima Gomes, primo do menino, em depoimento à polícia afirmou que o disparo foi feito sem a intenção de acertar o menor. Outros parentes de Vinícius, no entanto, alegam que Nicodemo de fato quis acertá-lo, revoltado com a algazarra provocada pelas crianças na vizinhança. Eles dizem, inclusive, que em outras oportunidades o operário já as teria ameaçado.
Com base em relatos de testemunhas, os agentes já descobriram que o disparo do prego que atingiu a veia do menino foi feito a uma distância de cerca de dois metros. Embora especialistas tenham afirmado que a ferramenta só pode ser acionada se estiver apoiada em superfícies planas, policiais fizeram dois testes e conseguiram usar a pistola, que funciona como uma arma de fogo.
Para efetuar o disparo, o prego é acoplado num cartucho de munição calibre 22 e puxa-se uma espécie de cano. É preciso usar força para atirar, o que reduz a possibilidade de o tiro ter sido acidental.
Nicodemo bebia com quatro amigos e teria se irritado com seis crianças que brincavam no beco onde fica a casa dele. Vinícius estava ao lado de cilindro de gás. As dúvidas dos policiais são: se o menino estava sentado ou em pé; e se o prego teria ou não batido no chão antes de acertar a perna direita dele, que caiu sangrando.
A cena de Nicodemo com Vinícius no colo, narrada por vários moradores vizinhos, teria ocorrido após o disparo, quando ele levou o menino para a rua, antes de fugir.
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