Mais de 2 mil agentes discutem se as categorias entram em greve na madrugada desta sexta-feira
POR Ricardo Albuquerque
Rio - Com muitas faixas de protesto, bombeiros e policiais começaram no fim da tarde desta quinta-feira o ato que decidirá se a categoria entrará em greve a partir das 0h deste sábado. Cerca de 2 mil pessoas já estão concentradas na Cinelândia, no Centro do Rio. No local da assembleia, não há nenhum policiamento para conter qualquer distúrbio até o momento.
Por conta da manifestação, os bombeiros do setor administrativo foram convocados, na tarde desta quinta-feira, a ficar nos seus respectivos quartéis em situação de prontidão. O grupo, cerca de 700 homens, encerraria o expediente às 17h. A decisão foi confirmada pela assessoria do Corpo de Bombeiros. A alegação da corporação é que os militares poderão dar assistência mais eficiente em caso de algum transtorno.
No local da manifestação, também foi informado que a situação é a mesma na Polícia Militar, com todos os agentes que estavam de plantão, passando a ficar de prontidão para qualquer emergência.
Entre as reinvindicações de policiais e Bombeiros, estão aumento salarial para R$ 3,5 mil, vale transporte no valor de R$ 350, fim do rancho (local onde almoçam dentro dos quarteis), jornada de 40 horas semanais e pagamento de horas extras. Segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Rio de Janeiro, Fernando Bandeira, o ato desta quinta-feira apenas confirmará uma decisão já tomada. "Vamos ratificar a decisão de entrar em greve, a partir das 0h deste sábado".
De acordo com o sargento bombeiro Paulo Nascimento, um dos líderes do movimento, está decidido que se as reinvindicações não forem atendidas e o cabo Daciolo não for solto, a greve será deflagrada.
Faixas no local da manifestação tem palavras de ordem como: "Próximos a uma greve geral", "Operação greve: chega de migalhas" e "Somos herois e não bandidos". Às 17h45 uma oração foi realizada entre os manifestantes e vários discursos já foram feitos.
Mais de 14 mil podem ser enviados ao Rio
O secretário estadual de Defesa Civil e comandante do Corpo de Bombeiros do Rio, coronel Sérgio Simões, anunciou na tarde desta quinta-feira o plano emergencial que está sendo montado em caso de greve de policiais militares, civis e de homens do Corpo de Bombeiros. O Exército garantiu o envio de 14 mil homens, enquanto a Força Nacional de Segurança assegurou mais 300 homens.
Além disso, Simões afirmou que outros 2700 bombeiros, sendo 2000 da área administrativa e mais 700 que fazem curso de oficiais irão para as ruas. O comandante informou que os oficiais asseguraram que o contingente da área administrativa não entrará em greve, caso ela aconteça.
Justiça Militar analisa prisão de cabo
A Justiça Militar analisa o pedido de prisão preventiva pedida contra o cabo Benevenuto Daciolo pelo comando do Corpo de Bombeiros. Preso na na noite desta quarta-feira ao desembarcar no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o bombeiro está no presídio de Bangu 1, na Zona Oeste do Rio. A prisão é administrativa e tem prazo de 72 horas.
'Fizeram essa prisão arbitrária', reclama esposa de bombeiro | Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
A prisão administrativa foi decretada com base em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça e veiculadas no Jornal Nacional, na noite desta quarta-feira. Nas gravações, Daciolo discute com interlocutores as negociações sobre a greve de PMs e bombeiros do Rio, marcada para ser deflagrada na madrugada deste sábado.
Um dos integrantes do Movimento dos Bombeiros, sargento Harruá Leal, afirmou estar indignado com a prisão do cabo Daciolo chamada por ele de "atitude covarde". "Nosso companheiro foi preso sem nenhuma justificativa. O primeiro item da nossa pauta de reivindicação é a libertação dele", disse.
De acordo com Leal, esta polêmica se prolongou ao longo dos últimos 10 meses e, mesmo após a aprovação da antecipação das parcelas do reajuste na manhã desta quinta-feira, os bombeiros do Rio receberão em fevereiro de 2013 - data do pagamento da segunda parcela - "o pior salário do Brasil".
"Eu torço para que o governador (Sérgio Cabral) não deixe a greve acontecer. Nós torcemos para que isto não aconteça e que todos os cariocas tenham um Carnaval de paz. Mas nossa família está desesperada, passando necessidades... queremos garantir nossos direitos".
Colaborou Tamyres Matos
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