Rio - A Polícia Civil confirmou, nesta quinta-feira, que Jorge Luís de Oliveira Valente vai receber uma punição. O policial usou as algemas como se fossem um enfeite no momento em que escoltou Verônica Verone da 77ª DP (Icaraí) até o complexo penitenciário de Gericinó na terça-feira.
"A situação aborreceu a cúpula da Polícia Civil, as algemas não são feitas para serem ostentadas. O policial foi repreendido e o processo disciplinar já foi aberto", afirmou a assessoria.
Verônica foi transferida para Magé nesta terça-feira | Foto: Deisi Rezende / Agência O Dia
Ao ver as imagens do policial através dos jornais, o corregedor da Polícia Civil Gilson Emiliano instaurou um inquérito administrativo disciplinar para apurar a conduta do policial, que pode ser suspenso por um período de 41 a 90 dias.
“O policial tem que agir com discrição no exercício da sua função. Não se pode utilizar indevidamente um bem fornecido pelo Estado. Em função disso, o procedimento foi instaurado ”, esclareceu o corregedor Gilson Emiliano.
Nos bastidores, a atitude de Valente foi reprovada ainda pela chefe da Polícia Civil, delegada Martha Rocha.
Laudo não indica enforcamento
O exame de peritos no motel onde o empresário Fábio Gabriel Rodrigues, de 33 anos, foi encontrado morto, sábado, na Região Oceânica de Niterói, contradiz a versão apresentada pela estudante Verônica Verone de Paiva, de 18, que confessou o crime.
Segundo a delegada Juliana Rattes, da 77ª DP (Icaraí), o laudo não aponta sinais externos no corpo de Fábio que indiquem enforcamento, como a jovem teria declarado. Mas antes de bater o martelo sobre como ocorreu o assassinato, a polícia aguarda o laudo cadavérico da vítima, que deve ficar pronto até o fim da semana.
“O laudo de local ampliou a investigação, traçando outras linhas, que ainda não podemos divulgar. Ainda não descartamos a hipótese de uma terceira pessoa. Nos autos não há nada que aponte essa participação, mas, de acordo com os relatos e fatos já colhidos pela delegacia, não podemos ignorar essa hipótese”, disse a delegada.
A mãe de Verônica, Elizabeth Verone, prestou ontem um depoimento de mais de cinco horas. Ela chegou à delegacia usando máscara cirúrgica por orientação do advogado Rodolpho Thompson. O objetivo, segundo ele, foi evitar a exposição da imagem de Elizabeth.
A delegada contou que a versão da mãe se opõe à da filha em vários momentos. “Ela diz que Fábio não passou um mês em sua casa, como Verônica já havia dito. Sobre a ingestão do detergente, a mãe afirma que o fato ocorreu, no entanto, não o presenciou”, afirmou Juliana.
De acordo com o advogado, Fábio e Verônica nunca haviam tido relações sexuais. Rodolpho Thompson afirmou que a estudante cometeu o crime ao reviver um trauma de infância no momento em que o empresário tentou tirar o short da jovem.
“Ela não é uma psicopata, que possa agredir qualquer pessoa a qualquer momento. Nunca houve relação sexual entre os dois. Ela o tinha como amigo. O fato é que a Verônica foi abusada sexualmente quando tinha 7 anos por um familiar. Ela matou o Fábio, mas não tinha a intenção de matá-lo. No momento em que foi atacada, ela viu esse familiar. O trauma veio à tona. E não era a Verônica, mas a menina de 7 anos do passado”, defendeu Thompson.
Reportagem de Adriana Cruz e Tamyres Matos
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