Ana Carolina de Souza
Era para ser apenas uma noitada, mas acabou com a morte de um policial militar na cama de um motel.
Após passar 25 minutos na companhia de um travesti, o primeiro sargento do Batalhão de Choque Augusto Cezar de Carvalho Silva, de 51 anos, foi encontrado agonizando por funcionários do Hotel Passeio, na Rua Moraes e Vale, na Lapa, usando apenas uma cueca.
A primeira hipótese dos investigadores da 5 DP, onde o caso foi registrado, é a de que o PM teria morrido de causas naturais.
— A princípio, Augusto sofreu um mal súbito. Aparentemente nada de comprometedor foi encontrado no local. Não existem marcas de violência ou evidências do uso de drogas e remédios — revela o delegado Antonio Bonfim, da 5 DP.
Augusto entrou no Hotel Passeio às 4h10m a pé com o travesti Jhony Soares Santana Pereira, de 22 anos, morador de Duque de Caxias. Antes de subir, ele pagou R$ 25 pelo quarto 205. Às 4h35m, o policial militar ligou para a portaria e avisou que o jovem iria embora, mas que ele ainda ficaria uns 20 minutos no quarto descansando.
— Às 5h eu liguei para avisar que o tempo tinha se esgotado, mas ninguém atendeu. Então eu fui ao quarto. Quando entrei, o encontrei agonizando na cama, então chamei o Samu — conta um funcionário do hotel, que não quis se identificar.
A ambulância demorou cerca de 20 minutos. Quando os médicos chegaram, foi constatada a morte de Augusto, que pagou R$ 70 pelo programa com o travesti, que conheceu na rua.
Em depoimento, Jhony contou que teve, sim, relações sexuais com o PM, mas que após os 25 minutos do programa voltou para o ponto onde se prostitui, na Avenida Augusto Severo, a poucos metros do estabelecimento, deixando Augusto bem no quarto.
Após constatar que o cliente estava passando mal, uma das pessoas que trabalham no motel foi procurá-lo, já que ele é frequentador há bastante tempo do local, e Jhony prontamente voltou, colaborando com o caso.
O travesti teria contado ainda que estranhou algumas marcas de depilação no peito de Augusto, perguntou para ele do que se tratavam e ele respondeu que passou recentemente por exames cardiológicos, entre eles um eletrocardiograma.
Augusto tinha dois filhos, e, de acordo com companheiros do Batalhão de Choque, seria casado. Ninguém da família se pronunciou sobre o caso.
Outra morte
Não é a primeira vez que o Hotel Passeio serve de palco para um caso como esse. Em outubro de 2007, o policial civil Edson Adão morreu num dos quartos do estabelecimento.
De acordo com funcionários, ele teria passado a noite acompanhado de dois travestis, que foram embora sem serem notados. Na tarde do dia seguinte, o agente foi encontrado morto, sem sinais de violência. Esse caso também foi registrado na 5 DP.
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