quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Ministério da Saúde defende revisão da lei para abrandar punição para usuários de drogas

Catarina Alencastro

Lançamento do Relatório 2009 da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes sobre consumo de drogas e abuso de medicamentos - Foto da Agência Brasil

BRASÍLIA - O Ministério da Saúde defendeu, nesta quarta-feira, uma revisão na legislação sobre drogas no Brasil, no sentido de abrandar a punição para usuários. Durante o lançamento do relatório anual da Junta Internacional de Controle de Entorpecentes (Jife), o coordenador de Saúde Mental e Drogas do ministério, Pedro Gabriel Delgado, informou que o tema está sendo discutido dentro do governo.

Ele sustente a tese de que não só a quantidade seja considerada pelo juiz, no julgamento de um caso de flagrante de posse. Antecedentes criminais e o histórico do usuário também deverão contar.

" Que não deixe de considerar o consumo como um ato ilícito, mas que preveja punições que não sejam de privação de liberdade "
- É preciso tratamento diferenciado entre o consumo eventual e o tráfico. A gente quer ampliar as alternativas para o caso do usuário. Existe um esforço interministerial para buscar uma solução mais adequada. Que não deixe de considerar o consumo como um ato ilícito, mas que preveja punições que não sejam de privação de liberdade - disse.

Ele citou o exemplo da legislação portuguesa, que prevê multas no lugar de prisão. Naquele país, observou, a flexibilização da lei não resultou no aumento de consumo.

" A planta Cannabis é uma planta ilícita. Nenhum país tem proposto legalizar esta planta "
A Polícia Federal vê com reservas esse assunto. Segundo o órgão, não há evidências de que uma liberalidade maior se traduza em diminuição da violência.

Já o representante do Escritório das Nações Unidas para Crimes e Drogas (UNOCD), Bo Mathiasen, disse que em nenhum país se discute a legalização da maconha.

- A planta Cannabis é uma planta ilícita. Nenhum país tem proposto legalizar esta planta - afirmou.

Cai no Brasil o consumo de remédio para emagrecer

No Brasil, a principal observação que o relatório da Jife faz é que h ouve uma diminuição no consumo de medicamentos tarja preta, especialmente os anorexígenos . Esses remédios inibidores de apetite, com base em anfetaminas, representam um grande problema no país, que lidera o consumo dessas drogas.

Agora, segundo o governo, graças a medidas de controle, que permitem a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) detectar o número de prescrições e venda desses medicamentos em todo país, o problema vem diminuindo. No ano passado, o Brasil teria consumido cerca de 3 mil toneladas desses produtos. A Anvisa não soube detalhar a quantidade utilizada nos anos anteriores.

O órgão da ONU também destacou que o abuso de drogas ilícitas na América do Sul vem aumentando, enquanto na Europa e na América do Norte a tendência é de queda.

Em 2008, 19,5 toneladas de cocaína foram apreendidas no Brasil. Já em 2009, foram 21, 5 toneladas. De 2005 para 2010 a apreensão de maconha caiu, mas segundo a Polícia Federal, presente no lançamento do relatório, o dado é um bom sinal porque está associado à diminuição da produção da droga. A maior parte da maconha consumida no Brasil é produzida no Paraguai, onde no ano passado foram destruídos 400 hectares de plantações.

Extra Online

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