segunda-feira, 26 de julho de 2010

Túneis serão fechados para perícia da morte de Rafael Mascarenhas nesta terça

Rio - A Polícia Civil pediu a interdição dos túneis Zuzu Angel e Acústico para que seja realizada uma perícia no local onde o filho da atriz Cissa Guimarães, Rafael Mascarenhas, 18 anos, foi atropelado na semana passada. Os túneis serão interditados nos dois sentidos, entre 0h e 5h desta terça-feira. A interdição foi um pedido da 15ªDP (Gávea).

De acordo com a delegada Bárbara Lomba, titular da 15ª DP (Gávea), o motorista e o pai dele, Roberto Bussamra, foram intimados a participar da reconstituição da madrugada desta terça. Além disso, os amigos do Rafael Mascarenhas que estavam com ele no momento, também participarão.

Apenas os policiais militares envolvidos no caso não comparecerão. O atropelador e seu pai serão indiciados por corrupção ativa - Rafael ainda deve responder por homicídio culposo (sem intenção de matar).

Foto: Fábio Gonçalves / Agência O Dia

Rafael Busssanra prestou novos esclarecimentos nesta segunda-feira na 15ª DP (Gávea) | Foto: Fábio Gonçalves / Agência O Dia

Na tarde desta segunda-feira, o estudante Rafael Bussamra esteve na 15ª DP (Gávea) para prestar novo esclarecimento à autoridade policial. De acordo com o advogado Spencer Levy, que defende Bussamra, disse que seu cliente foi "vítima de uma ameaça velada". Um dos PMs teria dito para o motorista "Se você me ferrar, eu te ferro", contou o advogado.

Rafael Mascarenhas foi atropelado e morto na madrugada da última terça-feira quando andava de skate no Túnel Acústico, na Gávea, Zona Sul do Rio. De acordo com as investigações, Rafael Bussanra, de 25 anos, fazia um pega com um amigo quando atingiu o músico, que teve fraturas múltiplas e morreu após cinco horas na mesa de cirurgia no Hospital Miguel Couto.

Segundo ele, o motorista que atropelou e matou o filho da atriz Cissa Guimarães, prestou soccoro ao jovem skatista. De acordo com Levy, seu cliente afirmou em depoimento não ter ingerido bebida alcoólica na noite do atropelamento. Ele ainda informou que o registro de socorro ao serviço 192 (Corpo de Bombeiros) comprova a ligação.  O estudante de engenharia chegou por volta de 10h20 na delegacia e prestou depoimento por pelo menos 2 horas.

A família do estudante Rafael Bussamra pretende escrever uma carta de solidariedade à atriz. Em uma espécie de pedido de desculpa, a intenção é dizer à Cissa que a morte trágica do músico também deixou um vazio em suas vidas e que Rafael Bussamra parou para prestar socorro à vítima sim.

Segundo o advogado da família, o estudante de Engenharia só deixou o local porque o cabo Marcelo Bigon e o sargento Marcelo Leal Martins, que chegaram ao túnel logo após o acidente, teriam dito que não poderiam garantir a integridade física do rapaz, já que amigos do skatista estariam exaltados.

O atropelador tinha acabado de pedir socorro pelo 190, deixando seu nome e telefone. À 15ª DP (Gávea), Rafael Bussamra disse, segundo o advogado, que saiu do túnel com os PMs, estacionou o Siena preto num posto de gasolina e entrou na viatura policial. Mas, em vez de seguirem até a delegacia, os PMs teriam ficado andando com estudante por ruas do Jardim Botânico.

Brat falso

Nervoso, o jovem teria ligado para o pai, o engenheiro Roberto Bussamra, a pedido dos policiais. Roberto foi encontrá-los na Rua Pacheco Leal. Lá, acompanhado do outro filho, Guilherme, os PMs teriam exigido pagamento pela ‘ajuda’ a Rafael.

“Vendo o desespero dos três, eles fizeram uma tortura psicológica. Disseram que tinham desfeito o local e feito um Brat (Boletim de Acidente de Trânsito) falso, informando a placa errada ao batalhão e queriam saber o que o Roberto poderia dar em troca”, relatou o advogado.


Veja o trajeto do carro

Veja o trajeto do carro

Nesse momento, os PMs teriam sido avisados pelo rádio da viatura que a polícia já tinha a placa do veículo do atropelador que fugiu. “Guilherme insistiu para registrar o caso na delegacia, mas o sargento disse: ‘Se forem lá vão nos ferrar, mas também ferramos vocês. Eu sei onde moram e tenho seus telefones’. Roberto então perguntou o que eles queriam e responderam R$ 10 mil”, contou Levy.

A família passou a viver com medo, segundo o advogado. Sexta-feira, quando denunciou o caso, Roberto teria perguntado à polícia se poderia obter proteção, mas não obteve garantia. A família passou o fim de semana na Região dos Lagos. Hoje, Rafael é esperado na 15ª DP para novo depoimento.

“O que aconteceu foi infelizmente uma tragédia”

Ontem, a família Bussamra divulgaram nota à imprensa, demonstrando preocupação com a segurança da família e lamentando a morte do músico. “Esses acontecimentos envolvendo Rafael Mascarenhas e o nosso filho Rafael Bussamra trouxeram para todos nós sentimentos profundos de dor, angústia e uma sensação de vazio que parece não ter fim. Nossa família vem sofrendo através de informações equivocadas, fatos que já foram esclarecidos em depoimentos oficiais, expondo e trazendo insegurança à nossa família”.

Atriz volta a se apresentar no teatro na quinta-feira

A atriz Cissa Guimarães, mãe de Rafael Mascarenhas, prometeu voltar aos palcos com a comédia romântica ‘Doidas e Santas’ na próxima quinta-feira no Teatro do Leblon. “Está confirmado o espetáculo. Ela dispõe de todo o tempo do mundo, respeitamos esse momento delicado, mas ela mesma pensou em voltar no sábado passado”, revelou Ernesto Piccolo, diretor da peça, em que Cissa vive Beatriz, psicanalista casada há 20 anos com Orlando (Giuseppe Oristânio).

A atriz reuniu-se no sábado com o advogado Técio Lins e Silva para tomar conhecimento dos procedimentos legais que poderão ser feitos em relação ao atropelamento do filho. Foi só naquele dia, ao ver uma reportagem na TV, que ela soube da denúncia de extorsão contra os PMs envolvidos no acidente de Rafael.

De acordo com o site da revista ‘Veja’, na sexta-feira, Cissa saiu de casa pela primeira vez após a cremação do corpo do jovem. Caminhou pela orla de Ipanema e mergulhou no mar. “Preciso espairecer, não aguento mais ficar em casa sentindo essa dor”, teria dito ela.

Sargento se apresenta ao batalhão, um dia depois de cabo se entregar

Procurado desde sexta-feira à noite, quando teve prisão administrativa decretada pelo comando da Polícia Militar, o sargento Marcelo Leal Martins se apresentou, ontem de manhã, ao 23º BPM (Leblon), onde é lotado. Caso não aparecesse até o fim do dia, o militar seria declarado desertor.

Ele e o cabo Marcelo Bigon, que se entregou no sábado, são os policiais acusados pelo engenheiro Roberto Bussamra de terem cobrado propina para liberar o filho dele.

Hoje, a Corregedoria da PM solicitará, durante reunião com a Auditoria da Justiça Militar e com o Ministério Público Estadual , novo pedido de prisão preventiva para os dois policiais. O primeiro, feito pelo comandante geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, foi negado no sábado pelo juiz Alberto Fraga, do Tribunal de Justiça do Rio.

Apesar de haver evidências de autoria dos policiais, o magistrado justificou que as prisões não poderiam ocorrer devido ao clamor popular ou pela pressão dos meios de comunicação. O juiz alegou ainda que os dois possuíam fichas limpas.

"As fichas disciplinares demonstram o bom comportamento de ambos, que há anos integram a corporação militar, o que permite concluir pela ausência de sua periculosidade”, explicou.

Mesmo que o novo pedido seja negado, a Polícia Militar já informou que os policiais não voltam mais para o serviço de rua. Depois que cada um cumprir prisão administrativa de 72 horas, eles terão direito a apresentar os documentos de defesa, e o coronel Mário Sérgio poderá determinar mais 30 dias de prisão. A dupla, que vai responder a um Inquérito Policial Militar (IPM), prestará depoimento hoje na Corregedoria da corporação.

No domingo, o governador Sérgio Cabral afirmou que o cabo e o sargento serão expulsos da PM e classificou os policiais como “bandidos ao quadrado”.

O DIA ONLINE - RIO

Um comentário:

  1. O que a Polícia está esperando para prender esse assassino.

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