terça-feira, 10 de novembro de 2009

Disque-Denúncia oferece recompensa para encontrar assassinos de Bororó

tragédia brasileira

Divulgação / Disque-Denúncia

A morte do morador de rua Manoel Pedro da Conceição, o Bororó, sensibilizou não apenas os moradores de Santa Cruz. Além das tentativas da polícia em conseguir chegar aos autores da execução, ocorrida no mês passado, o Disque-Denúncia (2253-1177), numa atitude inédita, resolveu oferecer uma recompensa de mil reais para quem der informações que levem à prisão dos assassinos. Normalmente, os pedidos ao Disque-Denúncia são feitos pelas próprias famílias de vítimas da violência.

De acordo com o coordenador do Disque-Denúncia, Zeca Borges, a iniciativa foi tomada com o objetivo de sensibilizar e conscientizar as pessoas a denunciarem. O caso, segundo ele, é muito chocante e requer uma investigação apurada.

— Vamos ver se alguém ajuda dessa forma. Foi muito triste o que aconteceu — disse ele.

Desde 19 de outubro, quando Bororó foi encontrado no meio de restos de lixo na Rua Tasso Basso, em Santa Cruz, até o dia de ontem, nenhuma ligação foi feita para o Disque-Denúncia com relação ao fato.

Bororó não tinha inimigos nem ficha na polícia. A única conduta inadequada que ele poderia tomar, segundo o delegado titular da 36ª DP (Santa Cruz), José de Moraes, era o de bater no vidro do carro das pessoas para pedir esmolas.

— Alguém mais assustado ou nervoso até poderia fazer alguma coisa com ele. Mas, da forma com que foi, com dois tiros, acho pouco provável — explicou.

Hoje, uma das primas de Bororó vai prestar esclarecimentos na delegacia. O delegado espera colher mais informações sobre ele.

O local onde o corpo de Bororó foi encontrado. Foto: Eurico Dantas / Extra

Sofrimento até após a morte

Bororó sofreu até depois de morto. No local onde o corpo foi abandonado pelos criminosos, misturam-se restos de comida e animais apodrecendo. Urubus disputam o espaço na trilha estreita com carroceiros, que são obrigados a driblar restos de sujeira para passar. Do sinal de trânsito onde costumava ficar, na Rua Engenheiro Gastão Rangel, em Santa Cruz, até o local onde foi deixado, Bororó percorreu, provavelmente já morto, seis quilômetros. A área, como contam os moradores da Rua Tasso Basso, virou um local de desova. A rua é mal iluminada e propícia à ação dos criminosos. O final da rua é uma das entradas para o Conjunto Cesarão, na Avenida Cesário de Melo.

O sinal de trânsito no qual Bororó costumava pedir esmolas. Foto: Eurico Dantas / Extra

Ogã na umbanda

A religião sempre fez parte da vida de Bororó. A família diz que ele costumava frequentar um centro de umbanda em Santa Cruz. O mendigo era Ogã — a pessoa que toca o atabaque nas cerimônias. Mas até o endereço do centro sempre foi um mistério. Até com a cabeça raspada e riscada ele apareceu um dia. Dizia que era fruto de um trabalho espiritual. Mas nunca revelava onde havia sido feito.

Apesar de ter ido viver na rua e ser apontado como louco por muitos, Bororó não gostava de ser tratado assim. Tanto que, num determinado período de sua vida, as primas chegaram a querer tratá-lo. Os médicos receitaram Diazepan.

Certo dia, uma das primas, vasculhando as roupas de cama de Bororó, descobriu que ele estava escondendo todos os medicamentos dentro da fronha.

— Ele não se achava doente. E sempre falava que morava na rua porque queria — afirmou uma das primas.

Caso de Polícia - Extra Online

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