sexta-feira, 7 de maio de 2010

PMs envolvidos em fuga de bandido estão de folga

POR FRANCISCO EDSON ALVES

Rio - Estão de folga os dois policiais militares que deixaram o bandido fugir após sua prisão, na manahã de quinta-feira, na favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio. Na tarde de quinta-feira o comando do 3º BPM (Méier) informou que os soldados seriam presos administrativamente por 72 horas. Os PMs, no entanto, cumpriram apenas 24h de prisão.

Durante a troca de comando realizada, na tarde desta sexta-feira, no QG da Polícia Militar, o comandante do 3º BPM, tenente-coronel Álvaro de Moura, afirmou que foi instaurado um procedimento apuratório em relação a conduta dos PMs, que deverá ser encerrado até terça-feira.

Ele classificou o episódio como uma "falha operacional" e disse que os PMs voltarão para as ruas, embora continuem respondendo a Inquérito Policial Militar (IPM), que pode culminar com afastamento temporário ou prisão por mais tempo.

A expulsão dos policiais está descartada. De acordo com Moura, os policiais "poderiam" ficar presos por até por 72h, mas ele não viu necessidade de prorrogação da detenção, uma vez que, "em princípio", não houve crime militar no episódio.

Foto: AE

Momento em que policiais militares colocam bandido na patrulha da PM | Foto: AE

Preso sem algemas

O homem não identificado foi preso por policiais militares no mesmo momento em que era realizada uma operação da Polícia Civil na comunidade. Sozinho no banco de trás da viatura, pronto para ser levado à delegacia, o rapaz abriu o vidro, alcançou a maçaneta pelo lado de fora, abriu a porta e fugiu correndo em meio ao trânsito.

A ousadia do preso aconteceu enquanto os PMs entravam na viatura. O policial que estava ao volante chegou a sair do carro e perseguiu o fugitivo, mas ele já havia entrado na favela.

Os dois soldados do 3º BPM estão presos administrativamente por 72 horas. A PM abriu procedimento para apurar o caso, mas adiantou que eles cometeram, pelo menos, falta disciplinar. Será apurado também se houve facilitação da fuga, que é crime.
Falta grave

Se for constatada apenas falta disciplinar, os policiais podem ser punidos com advertência ou até prisão. Mas se ficar caracterizada a facilitação de fuga, responderão criminalmente na Auditoria Militar.

Segundo a assessoria da PM, os soldados não participavam da operação da Polícia Civil na comunidade. Eles passavam no local e abordaram o fugitivo por suspeitarem dele. Comandante do 3º BPM, o tenente-coronel Álvaro de Moura explicou que, em situações como as de ontem, um policial tem que ir no banco de trás com o preso.

Foto: AE

Momento em que bandido corre após fugir de patrulha da PM | Foto: AE

“Eles cometeram falta grave. Não observaram as técnicas de cautela do preso, colocando até a vida deles em risco. No mínimo, deveriam ter se certificado de que o preso não fugiria”, analisou o oficial, que ainda espera a justificativa dos policiais. Eles têm 72 horas para se explicar.

“Estamos dando a eles todos os direitos de se defenderem. Eles disseram que foram surpreendidos, mas até agora não conseguiram se explicar para mim”, conta o comandante. O oficial disse que o fato vai virar estudo de caso para a tropa. “Servirá para analisarmos nossas falhas para que elas não sejam cometidas novamente”, garante ele.

No momento da fuga, a Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e o 22º BPM (Maré) faziam operação no Jacarezinho. Houve tiroteio. Foram apreendidas duas submetralhadoras, 54 cápsulas, 800 gramas de crack e quase dez quilos de pó branco para misturar com cocaína.

Tiroteio para trens e deixa passageiros assustados

O tiroteio no Jacarezinho parou, às 9h35, os trens nos dois sentidos do ramal de Belford Roxo próximo à favela. Passageiros ficaram desesperados. Os tiros atingiram a rede elétrica. O reparo terminou às 10h15 e os trens voltaram a circular, com atrasos de 20 minutos.
Passageiros tiveram que sair da composição sem ajuda do maquinista ou de agentes de segurança da SuperVia.

Eles contaram que o desembarque foi feito em um ponto de consumo de crack e que uma senhora chegou a cair ao descer. A maioria dos passageiros, com pressa de chegar à Central e medo de ficar na favela, preferiu caminhar mais de um quilômetro até estação seguinte, a de Triagem.

“Isso é normal acontecer. Descemos no meio das pessoas usando crack”, reclamou a doméstica Sueli Barbosa, 49. “Andamos no trilho correndo risco de ser atropelados e sabe lá o que mais podia acontecer naquela estação (Jacarezinho)”, reclamou a doméstica Mônica da Silva, 37 .

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