A delegada Marta Rocha é a nova chefe da Polícia Civi do Rio de Janeiro. A decisão foi divulgada na noite desta terça-feira. Marta Rocha irá substituir o delegado Allan Trunowski que pediu demissão nesta manhã. O secretário de Segurança Pública do Estado do Rio, José Mariano Beltrame, esteve reunido com assessores durante esta tarde para decidir quem ocuparia o cargo.
A saída de Allan Turnowski foi definida em reunião com o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame. Segundo nota emitida pela secretaria, os dois concluíram que a saída de Turnowski era a mais adequada para "preservar o bom funcionamento das instituições". Ainda segundo a Secretaria, Beltrame aproveitou o encontro para agradecer publicamente a dedicação e a fidelidade do delegado Turnowski durante sua gestão.
Beltrame disse ainda que "eventuais mudanças na equipe não vão prejudicar o compromisso assumido com a sociedade que é o de fazer do Rio um lugar cada vez mais seguro". Entre os cotados para substituir Turnowski estão os delegados Márcio Franco, Fernando Veloso e Rivaldo Barbosa.
Em nota divulgada nesta terça, Trunowski agradeceu a confiança depositada pelo Secretário Beltrame e por Sérgio Cabral. No texto, o delegado disse ainda que teve uma "conversa franca" com Beltrame antes de tomar a decisão. Por fim, Turnowski considera que sucessor poderá levar a Polícia "a outro patamar".
O ex-chefe da Polícia Civil disse, ainda, que tem certeza que esta é a melhor decisão para o momento. Turnowski disse, ainda, que tem certeza que esta é a melhor decisão para o momento.
Entenda a guerra na polícia
Um dia após determinar devassa na Delegacia de Repressão a Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos e Especiais (Draco-IE), o então chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski, apresentou nesta segunda-feira documentos que, segundo ele, apontam para indícios de irregularidades cometidas pelo delegado Cláudio Ferraz e policiais de sua equipe.
Durante a inspeção na especializada, agentes da Corregedoria Interna da Polícia Civil localizaram dois registros com a mesma numeração. Também foram recolhidas seis armas que estariam sem autos de apreensão.
Alan Turnowski sai da antiga sede da Polinter | Foto: João Laet / Agência O Dia
Turnowski também apresentou carta anônima, que teria sido deixada na portaria de seu prédio no fim de semana, com acusações de corrupção envolvendo a Draco. As denúncias acirraram o clima de guerra na Polícia Civil, iniciada sexta-feira após a Operação Guilhotina.
Entre os presos está o delegado Carlos Oliveira, ex-subchefe operacional da instituição e braço direito de Turnowski, suspeito de negociar armas apreendidas com traficantes e de ligação com milícias.
O delegado titular da Draco, Claudio Ferraz, acompanhou a varredura | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
A devassa na Draco começou nesta segunda-feira às 8h. Denúncias feitas por Turnowski sugerem que agentes da Draco estariam envolvidos em esquema de fraudes e extorsão contra empresários e prefeituras de Rio das Ostras, Magé e São Gonçalo para não levar inquéritos adiante. Um desses procedimentos refere-se a uma investigação de possível fraude em licitação na prefeitura de Rio das Ostras.
“As suspeitas são de que inquéritos estavam sendo arquivados por alguma vantagem indevida, ou seja, propina”, afirmou Turnowski, que vai pedir ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) informações sobre as licitações.
O inquérito aberto em agosto de 2008 para apurar a possível fraude foi arquivado dois dias depois. Os dois documentos que tratam do assunto têm o mesmo número e são originais. Apenas um estava no inquérito, o outro foi entregue a Turnowski.
Turnowski nega ação de represália
O então chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski, negou que a devassa na Draco seja uma represália contra Ferraz, que admitiu ter colaborado nas investigações da Operação Guilhotina. “Dei contribuições à Polícia Federal, sim.
A Secretaria de Segurança sabia. Tinha o total conhecimento desse fato. Mas não tenho o que falar. Isso é uma questão do chefe de Polícia. Ele deve ter lá os seus motivos para agir dessa forma”, disse Ferraz.
Turnowski rebateu: “Se fosse represália, teria que ser com a Polícia Federal, que foi quem prendeu os policiais. Essa é a apenas a primeira das delegacias que serão vasculhadas. Eu farei a limpeza”.
Em seguida, afirmou que exoneraria Ferraz se ele ainda fosse subordinado à Polícia Civil. Semana passada, a Draco passou para a esfera da Secretaria de Segurança, e o delegado foi escolhido para coordenar a área de Contra-Inteligência.
Corregedor da Polícia Civil, Gilson Emiliano disse que tem 30 dias para concluir as investigações. De manhã, especulou-se que R$ 50 mil haviam sido apreendidos na gaveta de um agente da Draco, o que foi desmentido pelo corregedor. “Se estivesse na minha gaveta, ficaria muito feliz”, ironizou Ferraz.
A Prefeitura de Rio das Ostras negou envolvimento em propina. Já as de Magé e São Gonçalo só vão se pronunciar após notificadas oficialmente. Em novembro, dossiê com denúncias de extorsões praticadas pela Draco chegou a ser entregue pelo próprio Turnowski ao secretário de Segurança.
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