quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Ex-chefe da Polícia Civil do Rio diz que não há provas contra ele

Jornal 'O Globo' diz que testemunha acusa Turnowski de receber propinas.
Ele deve comparecer à Polícia Federal nesta quinta-feira (17), para depor.

Do RJTV

O ex-chefe da Polícia Civil do Rio, delegado Allan Turnowski, negou nesta quinta-feira (17) que recebia propinas de criminosos e afirmou que não há provas contra ele. A acusação foi feita por uma testemunha da Polícia Federal, de acordo com o jornal "O Globo" desta quinta. Turnowski deve comparecer nesta tarde à sede da PF, para prestar novo depoimento.

Na quarta-feira (15), um dia depois do anúncio da saída de Turnowski da chefia de Polícia Civil, a PF do Rio confirmou que pretende ouvi-lo novamente. Na sexta-feira passada (11), Turnowski já havia sido chamado para prestar esclarecimentos nas investigações da Operação Guilhotina.

Em um trecho do depoimento publicado no jornal, a testemunha acusa o ex-chefe de receber R$ 500 mil de uma milícia em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. Turnowski questiona o fato de as acusações serem baseadas em uma única testemunha, sem que outras provas embasem a denúncia.

'Cadê as provas?'

“Você tem uma testemunha que é ex-traficante, ex- miliciano, que diz que o chefe de Polícia ganhava R$ 500 mil. Não diz o dia, não diz a hora, não diz quando. Você tem toda uma investigação, você tem grampo, você tem quebra de sigilo, e não se apresenta nada, mantém apenas uma testemunha falando isso.

Cadê as provas? Volto a perguntar, cadê as provas? Vou lá prestar depoimento, estou à disposição sempre para prestar esclarecimento como qualquer cidadão.

A única coisa que eu não entendo é que como de um testemunho de um ex-traficante que vira testemunha, um chefe de Polícia, da noite para o dia, passa de um cara respeitado para um vilão, isso que não entendo, sem prova, sem nada. Isso que está acontecendo comigo pode acontecer com qualquer pessoa da sociedade”, afirmou o delegado.

Camelódromo

A testemunha diz ainda que R$ 100 mil eram pagos a Turnowski para que não fosse combatida a venda de produtos falsos no Camelódromo da Uruguaiana, no Centro do Rio. Em janeiro, o Camelódromo foi fechado numa operação da Polícia Civil e da Receita Federal. Mais de 1.500 boxes foram revistados e agora só estão funcionando os que vendiam mercadorias legais.

“Há sete meses eu botei uma delegada lá com o objetivo simplesmente de acabar com o Camelódromo. Ela fez uma operação, não conseguiu na via penal, conseguiu na via empresarial, e ela conseguiu um fato inédito, nunca tinha acontecido em nenhuma gestão e hoje no Camelódromo não tem pirataria. Acho que isso é a maior prova de que não posso estar com desvio de conduta perante o Camelódromo que mandei terminar", afirmou o ex-chefe.

Segundo a PF, Turnowski foi flagrado em um grampo telefônico alertando um inspetor sobre a investigação da Polícia Federal. O policial foi preso durante a Operação Guilhotina, suspeito de integrar uma milícia em Ramos.

O ex-chefe disse que o telefonema foi para confirmar se o inspetor ia conduzir um preso à delegacia. Ele negou que tenha vazado informações. “Eu não tenho como vazar uma operação que eu desconhecia”, afirmou ele.

De acordo com a Secretaria de Segurança, o secretário José Mariano Beltrame teria pedido a Turnowski providências, porque Beltrame tinha sido informado pela PF de que policiais estavam extorquindo traficantes, no Conjunto de Favelas do Alemão.

Operação Guilhotina

A ação prendeu 38 pessoas, incluindo policiais civis e militares, acusados de envolvimento com milícias, traficantes e máfia dos caça-níqueis. Entre os presos está o delegado Carlos Oliveira, que foi subchefe de Polícia Civil, na gestão de Turnowski.

O ex-chefe da Polícia Civil negou que tenha lacrado a Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Draco), no domingo (13), por retaliação. Ele alega que estava seguindo a orientação do secretário Beltrame, que declarou ser prioridade, dentro da polícia, resultado com lisura.

Sobre as novas escolhas de Beltrame, Turnowski fez elogios ao secretário. “O secretário é uma pessoa que ninguém pode falar, é uma pessoa do bem, que quer mudar o Rio de Janeiro, tive muito orgulho de trabalhar com ele. Ele saber o que fazer, está conduzindo muito bem a Secretaria de Segurança Pública”, afirmou.

Diário Oficial

A exoneração de Allan foi publicada no DIário Oficial de quarta-feira (16), junto com a nomeação da delegada Martha Rocha para seu lugar . Em entrevista coletiva na terça-feira (15), Martha afirmou que o grande desafio pela frente é lutar pelos bons policiais da instituição.

Perfil
Martha é a primeira mulher a ocupar o cargo e deixa a direção geral da Divisão de Polícias de Atendimento à Mulher (DPAM).

A delegada Martha Rocha entrou na Polícia Civil em 1983. Ela começou sua carreira policial como única mulher no plantão da 14ª DP (Leblon). Martha foi delegada titular da 15ª (Gávea), 12ª DP (Copacabana), 18ª (Praça da Bandeira), 20ª DP (Grajaú) e 37ª (Ilha do Governador).

Ela inaugurou a Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM), em Campo Grande, na Zona Oeste, e também esteve à frente da DEAM, no Centro da cidade. Em 1999, ela ocupou o cargo de subchefe de polícia. Martha Rocha também já atuou como corregedora de polícia, informou a Secretaria de Segurança.

G1 - Rio de Janeiro

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