'Entregamos nossa sobrinha viva e saudável, e a recebemos morta', diz tia.
Exército diz que exercícios não demandavam esforço físico exagerado.
Bernardo Tabak Do G1 RJ
Daiana Pereira Fernandes morreu durante estágio
(Foto: Foto: arquivo pessoal)
A dona de casa Lucia Monteiro, tia da aluna do curso de terceiro-sargento técnico temporário, Daiana Pereira Fernandes, que morreu após passar mal na Vila Militar, em Gericinó, no subúrbio do Rio, informou que a sobrinha já vinha reclamando dos “exaustivos treinamentos” a que era submetida.
“Na segunda-feira (7), após passar quase uma semana em coma induzido, um neurocirurgião constatou a morte cerebral de Daiana. O coração dela parou de bater às 19h”, contou a tia da aluna, que tinha 25 anos.
De acordo com Lucia, Daiana passou mal na segunda-feira, 31 de janeiro, após um treinamento, e foi levada para um hospital. “À noite, ela foi liberada e ligou para o marido. Minha sobrinha disse a ele que tinha passado mal, e que estava ainda muito cansada”, recordou Lucia. “Mais tarde, de madrugada, ela teve a primeira parada cardíaca, e foi levada para o Hospital Central do Exército (HCE)”, acrescentou.
De acordo com a tia de Daiana, ao longo do treinamento, as unhas do pé da jovem ficaram roxas, e ela vinha reclamando muito da carga de exercícios físicos. “Nós perguntamos ao pessoal do Exército: ‘Por que ela morreu? Por que ela não foi colocada em observação logo depois de ter passado mal?’ Ninguém nos respondeu nada. Nós entregamos nossa sobrinha viva e saudável, e recebemos ela morta”, concluiu.
O corpo da jovem foi enterrado na manhã desta quarta-feira (9) no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju.
Exército afirma que exercícios físicos não eram difíceis
O Comando Militar do Leste (CML), por meio de nota, confirmou a morte da jovem e informou que foi aberto um procedimento administrativo pelo 1º Grupo de Artilharia Antiaérea para apurar as circustâncias do ocorrido.
O CML explicou que “a intensidade dos exercícios que estavam sendo realizados não apresentava nenhuma dificuldade, nem demandava esforços físicos exagerados para a sua realização, haja vista que todos os demais estagiários concluíram o exercício, sem apresentar qualquer problema físico ou de saúde”.
De acordo com o CML, “durante o exercício de campo, na primeira atividade, a militar sentiu-se mal após a realização de uma pista de progressão diurna de aproximadamente 300 metros”. Em seguida, de acordo com o CML, Daiana “prontamente foi socorrida, encaminhada ao Hospital Geral do Rio de Janeiro (HGeRJ), e medicada, permanecendo em observação até às 2100h, quando foi liberada para o retorno ao local de instrução, onde ficou em repouso”.
A nota do CML informa ainda que “por volta de 0130h, de 1º fev 2011, a aluna foi novamente encaminhada ao HGeRJ. Como seu estado de saúde se agravou ela foi evacuada para o Hospital Central do Exército (HCE), e internada no Centro de Tratamento Intensivo (CTI), onde permaneceu até o dia 7, quando foi constatada sua morte cerebral.”
Ainda de acordo com CML, todos os alunos matriculados no Estágio Básico de Sargento Temporário e que estavam no exercício, foram submetidos a exames médicos e físicos, antes de iniciarem o estágio, só sendo matriculados após aprovados nesses exames.
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