Murilo Antônio da Silva Júnior, de 28 anos, foi capturado na Vila Kennedy
POR BARTOLOMEU BRITO, RIO DE JANEIRO
Rio - A polícia conseguiu prender, na manhã desta terça-feira, na Vila Kenedy, em Bangu, o bandido Murilo Antonio da Silva Júnior, de 28 anos, integrante de uma quadrilha especializada em sequestrar gerentes e tesoureiros de bancos e mantê-los como reféns em suas próprias casas ou em cativeiros, as vezes junto com as famílias, exigindo que, no dia seguinte, sob a ameaça de morte, eles fossem as agências bancárias nas quais trabalhavam e, como se nada tivesse acontecido, retirassem elevadas quantias em dinheiro do cofre-forte e entregassem a eles.
Murilo Antônio da Silva Júnior, de 28 anos, sequestrador capturado na Vila Kennedy | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia
O bando era composto de sete criminosos - um morreu há pouco tempo - e todos já estão identificados, reconhecidos e com suas prisões preventivas decretadas pela justiça. O preso já tem passagens pelas 30ª DP (Marechal Hermes), 34ª DP (Bangu) e 52ª DP (Nova Iguaçu) por assaltos, sequestros, receptação de roubo e uso de documentos falsos. Ele estava condenado a mais de oito anos de prisão e tinha conseguido a liberdade condicional.
Apesar de ter ganho o benefício concedido pela justiça, o marginal voltou a agir e passou a integrar - e praticamente ser o mentor - dos sequestros dos bancários. O delegado Roberto Gomes Nunes, titular da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) em Pilares, que comandou as investigações, disse que o bando já praticou cinco sequestros com extorsões nos últimos quatro mêses e com eles, os bandidos já tinham conseguido mais de R$ 1 milhão.
Na casa de Murilo Antonio, a polícia aprendeu um Gol prata e uma motocicleta que ele havia comprado com o dinheiro conseguido com as extorsões, um óculos branco, com as lentes vendadas por fita adesiva o que impossibilitava os sequestrados de saberem para onde estavam sendo levados, bem como o pequeno mapa com o desenho da Rua Dias da Cruz, no Meier, e as localizações de uma agência do Unibanco e de uma padaria, com a indicação de que o gerente ia ao estabelecimento todos os dias. Ele poderia ser a próxima vítima.
A identificação completa da quadrilha, somente foi possível pela disposição de um gerente do Banco Itaú, de uma das agências de Campo Grande, em procurar a Delegacia de Roubos e Furtos, na sexta-feira, e denunciar ao delegado Roberto Gomes Nunes a tentativa de sequestro que havia sofrido, na noite de quinta-feira, quando chegava em casa, no bairro de Sulacap, na zona oeste, voltando do trabalho. Quando tentava entrar em casa, foi abordado por um dos marginais - que mais tarde reconheceu como sendo Murilo Antonio - armado e, por sorte, conseguiu se desvencilhar e correr para o interior da residência. Ao ver o sequestro frustado, o bandido começou a gritar palavrões da porta de casa e a dizer que iria mata-lo. A gritaria atraiu curiosos e os bandidos, temendo a chegada de uma viatura da Polícia Militar, acabaram fugindo.
Na DRF, depois de prestar depoimento, o bancário viu inúmeras fotografias de assaltantes e reconheceu cinco deles, inclusive Murilo. No mesmo dia, o delegado solicitou à prisão preventiva dos bandidos, que foi concedida pela justiça. No fim da madrugada de onrtem, os policiais foram para a casa de Murilo Antonio, na Rua Quênia, 38, na Vila Kenedy. Os policiais entraram sem dificuldades na localidade, às 5h da manhã, localizando e cercando a casa. Não houve reação dos traficantes.
A casa de Murilo foi cercada as 6h e ele preso. Na porta da residência, os agentes encontraram o Gol prata LKW 2560 e a motocicleta LPI 6091, que ele comprara com o dinheiro dos sequestros. Para não ser descoberto pela polícia, ele colocou os dois veículos em nome de sya mulher. Na casa, foram encontrados, ainda, o óculos, um relógio de pulso de luxo e um carregador de pistola. Mas nenhuma arma foi encontrada na casa. Após a prisão de Murilo, os policiais da DRF tentaram prender os outros cinco integrantes da quadrilha, mas não conseguiram. Eles já haviam fugido.
O delegado explicou que o bando fazia o levantamento das melhores e mais movimentadas agências bancárias, em vários pontos da cidade. Depois da escolha, ele procuravam saber quem era o gerente e seguiam, localizando sua casa.Já com o levantamento feito da hora em que ele saia da agência e chegava em casa, o bando agia, sequestrando o gerente ou o tesoureiro. Geralmente eles permaneciam nas casas das vítimas até o dia seguinte, quando os mandavam pegar o dinheiro, ameaçando matar um dos parentes caso ele não voltasse com a importância exigida ou chamasse a polícia.
"As vezes, eles pegavam o bancário e sua família, levando todos para um cativeiro longe da casa deles. No dia seguinte, soltava o funcionário do banco e o mandava buscar determinanada quantia na agência, ordenando que ele não alertasse nenhum companheiro e nem a polícia sobre o que estava acontecendo, sob pena de ter um dos parentes moorto", explicou.
No caso do gerente que quase foi sequestrado na semana passada, na Sulacap, os bandidos sabiam que a agência teria muito dinheiro, que seria depositado pelo INSS para pagamento dos aposentados.
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