terça-feira, 6 de outubro de 2009

Polícia Civil prende integrante de quadrilha que sequestrava gerentes de agências bancárias

Murilo Antônio da Silva Júnior, de 28 anos, foi capturado na Vila Kennedy

POR BARTOLOMEU BRITO, RIO DE JANEIRO

Rio - A polícia conseguiu prender, na manhã desta terça-feira, na Vila Kenedy, em Bangu, o bandido Murilo Antonio da Silva Júnior, de 28 anos, integrante de uma quadrilha especializada em sequestrar gerentes e  tesoureiros de bancos e mantê-los como reféns em suas próprias casas ou em cativeiros, as vezes junto com as famílias, exigindo que, no dia seguinte, sob a ameaça de morte, eles fossem as agências bancárias nas quais trabalhavam e, como se nada tivesse acontecido, retirassem elevadas quantias em dinheiro do cofre-forte e entregassem a eles.

Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia

Murilo Antônio da Silva Júnior, de 28 anos, sequestrador capturado na Vila Kennedy | Foto: Paulo Alvadia / Agência O Dia

O bando era composto de sete criminosos - um morreu há pouco tempo - e todos já estão identificados, reconhecidos e com suas prisões preventivas decretadas pela justiça. O preso já tem passagens pelas 30ª DP (Marechal Hermes), 34ª DP (Bangu) e 52ª DP (Nova Iguaçu) por assaltos, sequestros, receptação de roubo e uso de documentos falsos. Ele estava condenado a mais de oito anos de prisão e tinha conseguido a liberdade condicional. 

Apesar de ter ganho o benefício concedido pela justiça, o marginal voltou a agir e passou a integrar - e praticamente ser o mentor - dos sequestros dos bancários. O delegado Roberto Gomes Nunes, titular da Delegacia de Roubos e Furtos (DRF) em Pilares, que comandou as investigações, disse que o bando já praticou cinco sequestros com extorsões nos últimos quatro mêses e com eles, os bandidos já tinham conseguido mais de R$ 1 milhão.

Na casa de Murilo Antonio, a polícia aprendeu um Gol prata e uma motocicleta que ele havia comprado com o dinheiro conseguido com as extorsões, um óculos branco, com as lentes vendadas por fita adesiva o que impossibilitava os sequestrados de saberem para onde estavam sendo levados, bem como o pequeno mapa com o desenho da Rua Dias da Cruz, no Meier, e as localizações de uma agência do Unibanco e de uma padaria, com a indicação de que o gerente ia ao estabelecimento todos os dias. Ele poderia ser a próxima vítima. 

A identificação completa da quadrilha, somente foi possível pela disposição de um gerente do Banco Itaú, de uma das agências de Campo Grande, em procurar a Delegacia de Roubos e Furtos, na sexta-feira, e denunciar ao delegado Roberto Gomes Nunes a tentativa de sequestro que havia sofrido, na noite de quinta-feira, quando chegava em casa, no bairro de Sulacap, na zona oeste, voltando do trabalho. Quando tentava entrar em casa, foi abordado por um dos marginais - que mais tarde reconheceu como sendo Murilo Antonio - armado e, por sorte, conseguiu se desvencilhar e correr para o interior da residência. Ao ver o sequestro frustado, o bandido começou a gritar palavrões da porta de casa e a dizer que iria mata-lo. A gritaria atraiu curiosos e os bandidos, temendo a chegada de uma viatura da Polícia Militar, acabaram fugindo.

Na DRF, depois de prestar depoimento, o bancário viu inúmeras fotografias de assaltantes e reconheceu cinco deles, inclusive Murilo. No mesmo dia, o delegado solicitou à prisão preventiva dos bandidos, que foi concedida pela justiça. No fim da madrugada de onrtem, os policiais foram para a casa de Murilo Antonio, na Rua Quênia, 38, na Vila Kenedy. Os policiais entraram sem dificuldades na localidade, às 5h da manhã, localizando e cercando a casa. Não houve reação dos traficantes.

A casa de Murilo foi cercada as 6h e ele preso. Na porta da residência, os agentes encontraram o Gol prata LKW 2560 e a motocicleta LPI 6091, que ele comprara com o dinheiro dos sequestros. Para não ser descoberto pela polícia, ele colocou os dois veículos em nome de sya mulher. Na casa, foram encontrados, ainda, o óculos, um relógio de pulso de luxo e um carregador de pistola. Mas nenhuma arma foi encontrada na casa. Após a prisão de Murilo, os policiais da DRF tentaram prender os outros cinco integrantes da quadrilha, mas não conseguiram. Eles já haviam fugido. 
O delegado explicou que o bando fazia o levantamento das melhores e mais movimentadas agências bancárias, em vários pontos da cidade. Depois da escolha, ele procuravam saber quem era o gerente e seguiam, localizando sua casa.

Já com o levantamento feito da hora em que ele saia da agência e chegava em casa, o bando agia, sequestrando o gerente ou o tesoureiro. Geralmente eles permaneciam nas casas das vítimas até o dia seguinte, quando os mandavam pegar o dinheiro, ameaçando matar um dos parentes caso ele não voltasse com a importância exigida ou chamasse a polícia.

"As vezes, eles pegavam o bancário e sua família, levando todos para um cativeiro longe da casa deles. No dia seguinte, soltava o funcionário do banco e o mandava buscar determinanada quantia na agência, ordenando que ele não alertasse nenhum companheiro e nem a polícia sobre o que estava acontecendo, sob pena de ter um dos parentes moorto", explicou.

No caso do gerente que quase foi sequestrado na semana passada, na Sulacap, os bandidos sabiam que a agência teria muito dinheiro, que seria depositado pelo INSS para pagamento dos aposentados. 

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