sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Tiroteio foi causado por criminosos que tentavam salvar traficante, diz PM

Policial que estava na UPA reagiu e chamou reforços.
Houve tumulto na unidade de saúde da região.

Daniella Clark Do G1, no Rio

Foto: Daniella Clark / G1

Tiroteio provocou tumulto na UPA da Penha nesta sexta (23) (Foto: Daniella Clark / G1)

O confronto registrado na tarde desta sexta-feira (23) na Penha, subúrbio do Rio, foi provocado por um grupo de criminosos que tentava socorrer um traficante ferido na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da região. As informações são do tenente Márcio Martins, do 16º BPM (Olaria).

De acordo com a PM, um policial que fazia a segurança da unidade de saúde viu um grupo de oito criminosos se aproximando da UPA pelo Parque Ary Barroso, que fica atrás da unidade.

O policial reagiu e pediu reforço. Equipes do 16º BPM e do Batalhão de Choque foram ao local e houve um intenso tiroteio. A troca de tiros começou por volta das 15h e durou cerca de 40 minutos, deixando apreensivos moradores e pacientes que aguardavam atendimento. Os criminosos, em seguida, retornaram para a favela pelo parque.

Muro serviu de proteção

A dona de casa Neide Maria dos Santos, de 54 anos, estava a caminho do Hospital Getúlio Vargas para visitar um parente quando começou o tiroteio no Parque Ary Barroso. Chorando, ela se refugiou dos tiros no muro próximo à UPA.

Foto: Daniella Clark/G1

Neide Maria dos Santos se protege dos tiros atrás de um muro próximo à UPA (Foto: Daniella Clark/G1)

"A gente vê na TV e não sabe como é passar por isso. É como se estivesse vivendo um pesadelo. Você se sente um nada, totalmente indefesa", disse Neide.

Tumulto e queixas de pacientes

Houve ainda um tumulto na unidade de saúde porque, segundo pacientes, os médicos teriam parado de prestar atendimento no momento do confronto.

“Os médicos alegaram que não podiam ficar na sala, por causa do tiroteio aqui fora”, disse Maria da Penha da Silva, que buscava atendimento para o marido.

Pacientes protestaram e um homem chegou a ser detido por ter quebrado um vidro da unidade. O detido, identificado como Wilton Luiz da Silva, contou que sua esposa aguardava atendimento desde as 9h. Exaltado, ele teria batido a porta da unidade com força, quebrando o vidro.

Policiamento reforçado

Foto: Daniella Clark/G1

O policiamento foi reforçado em frente à UPA da Penha (Foto: Daniella Clark/G1)

A Secretaria estadual de Saúde confirmou que houve tiroteios nas proximidades da UPA da Penha, mas alegou que a unidade não foi fechada e que os pacientes estavam sendo atendidos normalmente.

O atendimento no local, no entanto, só foi normalizado por volta das 17h50. Pouco depois dois peritos da Polícia Civil estiveram na unidade de saúde para verificar os danos causados durante o tumulto. O policiamento continuava reforçado em frente à unidade, inclusive com um veículo blindado da Polícia Militar.

Apartamento pega fogo

Também na Penha, uma moradora afirmou que seu apartamento, que fica no último andar de um prédio próximo à Vila Cruzeiro, foi atingido por algum tipo de munição que provocou um incêndio. O imóvel fica na Rua José Rucas com São Camilo. Não houve feridos.

Foto: JADSON MARQUES/AE/AE

Brunio de Barros, 86 anos, foi baleado nos confrontos desta manhã (Foto: Jadson Marques / AE)

Segundo a moradora Maria José Santos Queiroz, de 50 anos,  a cortina, uma TV e um sofá foram atingidos pelo fogo, que foi controlado pelos bombeiros. Ela disse ainda que estava na cozinha lavando louça e ouvindo a TV, que fica na sala, quando escutou um barulho.

"Nunca vi isso na vida. Escutei o estrondo de bala e fui ver o que era. Minha janela estava toda arrebentada. Vi muita fumaça preta, um pedaço de bala no chão e saí correndo", contou ela.
Maria José afirma que essa foi a segunda vez que uma bala entrou em seu apartamento. "Moro aqui há 35 anos. Agora não fico mais aqui mesmo", desabafou.

Intenso tiroteio

Mais cedo, um intenso tiroteio na região deixou três pessoas feridas a bala. Moradores assustados tiveram que se esconder atrás de um carro e alunos de uma escola pública não puderam sair das salas de aula.

A Rua Paranapanema, uma das mais movimentadas da área, foi interditada ao trânsito pela Polícia Militar. A orientação para os motoristas é evitar as imediações da Vila Cruzeiro.

Um militar da reserva do Exército, de 86 anos, foi baleado.  Ele teria sido socorrido pelo carro blindado da polícia e levado para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha.

Foto: Cláudia Loureiro/G1

Fumaça saindo do prédio atingido (Foto: Cláudia Loureiro/G1)

Segundo a Secretaria de Saúde, Brunio de Barros, 86 anos deu entrada no hospital por volta das 11 horas, com um tiro de raspão no tórax. Ele está lúcido e deve, de acordo com a secretaria, ser liberado em breve.

Além do ex-militar, Severino Marcelino dos Santos, de 51 anos, foi atingido no rosto e foi levado para o mesmo hospital.

Mais cedo Expedito José Rodrigues, de 57 anos, também foi atendido depois de ser baleado no conjunto de favelas. Ainda segundo a secretaria, ele tomou um tiro de raspão na perna direita e já foi liberado.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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