Policiais deixaram seus postos e estiveram na favela no período de reportagem de ‘O DIA’
POR ADRIANA CRUZ, RIO DE JANEIRO
Rio - Doze policiais militares de dois batalhões vão ter que dar explicações sobre o desvio da rota de seus postos para a Favela do Batan, em Realengo, entre os dias 1º e 14 de maio do ano passado. Foi nesse período que equipe de O DIA fazia reportagem sobre atuação da milícia naquela comunidade e acabou sequestrada e torturada, no dia 14 daquele ano.
Investigação da PM baseada no GPS (sistema que identifica a localização dos veículos) da Secretaria de Segurança constatou que, naquele período, cinco guarnições (equipes) do Batalhão Policiamento de Vias Especiais (BPVE) e sete do 14 º BPM (Bangu) foram ao Batan, quando deveriam estar fazendo o patrulhamento em outros locais.
Uma delas, a viatura 54-3247, do BPVE, foi ao Batan no dia 14 de maio, às 22h36, uma hora e meia depois de a equipe de O DIA ter sido sequestrada pela milícia conhecida como ‘Águia’. Segundo o Boletim Interno da PM 37, publicado ontem, a investigação da 4ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) em conjunto com a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas e Inquéritos Especiais (Draco-IE) não apontou o envolvimento dos 12 policiais militares na ação do grupo paramilitar.
Porém, eles — que eram os responsáveis pelo comando das viaturas — poderão ser responsabilizados administrativamente por não cumprir a determinação do Plano Geral de Policiamento que indicavam seus postos. O grupo agora vai apresentar sua defesa.
Dois condenados pelo crime
Dia 13, os paramilitares que comandaram sequestro de jornalistas e motorista de O DIA na Favela do Batan foram condenados a 31 anos de prisão por tortura.
O então policial civil Odinei Fernandes da Silva, de 35 anos, o ‘01’, e Davi Liberato de Araújo, de 32, o ‘02’ — chefões do grupo paramilitar denominado ‘Águia’ — recebem pena ainda por roubo e formação de quadrilha.
A decisão do juiz da 1ª Vara Criminal de Bangu, Alexandre Abrahão Dias Teixeira, foi proferida após um ano e três meses de a equipe de O DIA ter sido julgada pelo ‘tribunal’ formado pelos milicianos do Batan, na Zona Oeste. Os profissionais ficaram em poder do grupo de criminosos durante sete horas e meia.
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