POR PAULA SARAPU, RIO DE JANEIRO
Rio - Uma perseguição a um veículo onde estava o segundo homem na hierarquia do Complexo de Manguinhos acabou deixando duas viaturas do 22º BPM (Maré) encurraladas na Avenida Dom Hélder Câmara. Por volta de 12h30, cerca de 30 bandidos fortemente armados cercaram os policiais, que tentaram abordar o táxi onde Clever Henrique da Conceição Jaster, o Rick, estava com a mulher e três crianças pequenas.
Na foto, marcas de tiros nos vridros da uma viatura da PM | Foto: Márcelo Regua/ Agência O DIA
O táxi deixava o Complexo de Manguinhos, mas foi surpreendido pelos policiais, que vinham pela Avenida Democráticos. O motorista não obedeceu a ordem de parar e chegou a voltar na contramão, na localidade conhecida como Coreia.
Segundo os policiais, Rick desceu do táxi atirando contra as viaturas e logo foi 'protegido' por bandidos que faziam a contenção do tráfico nas favelas aliadas do Jacarezinho e de Manguinhos, controladas pelo Comando Vermelho. Uma das viaturas teve os pneus furados, a lataria atingida e os vidros estilhaçados.
Testemunhas contaram que foram 40 minutos de intenso tiroteio até a chegada do carro blindado da PM. No táxi, além da mulher do traficante, estavam três crianças que teriam 5, 8 e 12 anos. "Nos preocupamos em abrigar as crianças que estavam com ele. Rick desceu correndo, logo veio um bonde e os três ficaram apavorados", contou um dos policiais.
O taxista levaria Rick, a mulher e as crianças até a Cidade Alta, em Cordovil, para a festa de um parente. "Os bandidos estavam muito drogados e vieram para o meio da rua usando fuzil. A cada dois passos, descarregavam um carregador inteiro. Se não fosse o blindado, que também resgatou a mulher dele e as crianças, não tínhamos conseguido sair", contou outro policial.
Duas pessoas que passavam pelo local também tiveram seus carros alvejados. Cinco tiros atingiram o Ford Ka da vendedora Andréia Lima, 29. Já o comerciante José Coelho, 52 anos, nasceu de novo: uma bala atingiu a lataria da porta de trás, perfurou o banco do motorista na altura do peito e só parou no painel do veículo.
"Foi um tiro só, mas seria fatal se eu estivesse dentro do carro. Escutei o primeiro disparo e abandonei meu carro. Uma senhora me recebeu na casa dela e passamos o tempo todo no chão, nervosos, orando".
Rick foi preso em maio deste ano numa operação da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae) em Manguinhos, com um fuzil G3 com luneta. Segundo policiais, há cerca de dois meses ele voltou às ruas, liberado pela Justiça.
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