assassinato de médico na Tijuca
Um ano e quatro meses depois do assassinato Carlos Alberto Peres de Miranda, na Tijuca, quatro dos cinco acusados de envolvimento no crime já foram julgados — e condenados — pelo 3º Tribunal do Júri da Capital.
Enquanto isso, ainda não há sequer previsão de julgamento do deputado estadual Geraldo Moreira (PMN), suspeito de ser o mandante do crime. Por ter foro privilegiado, o processo contra o parlamentar tramita no Órgão Especial do Tribunal de Justiça.
Leandro Rosa da Silva e Ulisses Matheus Costa, que executaram o crime, foram condenados em 12 de fevereiro a sete anos de prisão, cada um. Leandro conduzia a moto que emparelhou com o Peugeot 306 que a vítima dirigia, e Ulisses desferiu os tiros de pistola que mataram o médico.
Os dois foram presos momentos após o crime, por policiais do 6º BPM (Tijuca), que os perseguiram pelas ruas do bairro. Na fuga, Leandro bateu com a moto num carro e ainda atropelou uma mulher na Praça Saens Peña. Os presos contaram à polícia que haviam sido contratados por PMs para matar o médico, a mando de um empresário da Baixada.
Já os PMs Marcelo Brasil Gonçalves e Ivan Luiz Bayer, do 39º BPM (Belford Roxo), acusados pelo Ministério Público de contratar os executores, foram julgados em 29 de maio. O primeiro foi condenado a 16 anos de cadeia, e Ivan, a 15 anos de prisão.
De acordo com a denúncia do MP, Moreira teria decidido matar o médico Carlos Alberto após descobrir que ele estava orientando Leila Mayworm Costa, ex-mulher do parlamentar, a não ceder na partilha de bens.
A separação de Leila e Moreira é litigiosa, e tramita na 9 Vara de Família.
Ela mora num apartamento em Ipanema, avaliado em R$ 1 milhão, que está sendo reivindicado pelo deputado. Moreira teria oferecido R$ 50 mil à ex-mulher na partilha de bens, valor que o médico considerou baixo para uma relação de 21 anos.
Com a ajuda de uma testemunha, a polícia descobriu a amizade entre o deputado e o PM Marcelo Brasil. A testemunha revelou ter feito, a pedido do deputado, um levantamento da região da Tijuca onde o médico foi morto. A vítima foi executada em 14 de março de 2008, na Rua Andrade Neves, na Tijuca.
A denúncia contra o deputado Geraldo Moreira por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e expor outras pessoas a perigo, já que o crime ocorreu no meio da rua) foi feita no último dia 12 de maio.
Duas semanas depois, a denúncia foi aceita integralmente pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. Entretanto, ainda não há previsão para o julgamento do parlamentar. A assessoria do TJ explicou que a tramitação do processo atrasou devido a um recurso interposto pela defesa de Moreira após a aceitação da denúncia contra ele.
Cúpula do Judiciário estadual, o Órgão Especial é formado por 25 desembargadores (o presidente do TJ, Luiz Zveiter, os 12 mais antigos da corte, e 12 indicados pela magistratura). Ao contrário dos julgamentos em primeira instância, onde a decisão de condenar ou absolver o réu cabe a sete pessoas do povo, Moreira será julgado pelos 25 desembargadores. Zveiter só vota em caso de empate.
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