Policiais são humanos (acredite se quiser!), como o resto de nós. Eles vêm em ambos os gêneros, mas, na maioria das vezes, são do sexo masculino. Eles também vêm em vários tamanhos. Na realidade, depende se você estiver à procura de um deles ou tentando esconder algo. Quase sempre, no entanto, eles são grandes.
Encontram-se policiais em todos os lugares: na terra, no mar, no ar, a cavalo, em viaturas e até na sua cabeça. Independentemente do fato de "nunca se encontrar nenhum quando se quer um", eles geralmente estão por perto quando mais se precisa deles. A melhor maneira de conseguir um é geralmente por telefone, mas a melhor coisa é saber que estão nas ruas para que possamos ter segurança dentro de casa.
Policiais dão palestras, fazem partos e entregam más notícias. Se exige que eles tenham a sabedoria de Salomão, a disposição de um cavalo corredor e músculos de aço — muitas vezes, são até acusados de terem o coração fundido no mesmo metal. O policial é aquele que engole a saliva a grandes penas, anuncia o falecimento de um ente querido e passa o resto do dia se perguntando por que, ó Deus, foi escolher esta porcaria de trabalho.
Na TV, o policial é um idiota que não conseguiria encontrar um elefante numa geladeira. Na vida real, se espera dele que encontre um menininho loiro "mais ou menos desta altura" numa multidão de quinhentas mil pessoas. Na ficção, ele recebe ajuda de detetives particulares, repórteres e de testemunhas: "Eu sei quem foi". Na vida real, quase tudo que ele recebe do povo é "Eu não vi absolutamente nada".
Quando ele dá uma ordem dura, é grosso. Se ele lhe soltar uma palavra gentil, é uma mocinha. Para as crianças, ele é às vezes um amigo, noutras um monstro, dependendo da opinião que têm seus pais à respeito da polícia. Ele vira a noite, dobra escalas, e trabalha aos sábados, domingos e feriados; sempre o chateia muito quando um engraçadinho vem lhe dizer "Êpa, este fim de semana é carnaval, estou à toa, vamos à praia". Esta é a época do ano em que eles trabalham quase vinte horas por dia.
Quando um policial é bom, ele "é pago para isso". Quando comete um erro, "ele é um corrupto, e isso vale para todos os outros da raça dele". Quando ele atira num assaltante, ele é um herói, exceto quando o assaltante é "apenas um garoto e qualquer um podia ver". Muitos têm casas, algumas cobertas de plantas, e quase todas cobertas de dívidas. Se ele dirigir um carro de luxo, ele é um ladrão. Se for um carro popular, "quem ele pensa que está enganando?".
O crédito dele é bom, o que ajuda bastante, porque o salário não é. Policiais educam muitos filhos, muitas vezes os filhos dos outros, até melhor do que os seus próprios, pois passam a maior parte do tempo longe de suas famílias e resolvendo os conflitos alheios. Um policial vê mais sofrimento, sangue, problemas e alvoradas que uma pessoa comum.
Como os carteiros, os policiais têm que estar trabalhando, independentemente das condições do tempo. Seu uniforme muda de acordo com o clima, mas sua maneira de ver a vida permanece a mesma; na maioria das vezes, é entristecida, mas, no fundo, esperando e lutando por um mundo melhor. Policiais gostam de folgas, férias e café. Eles não gostam de buzinas, brigas familiares e, principalmente, autores de cartas anônimas. Eles não têm sindicatos e não lhes é lícito fazer greves, mesmo com a falta de equipamento, treinamento, condições de trabalho e os parcos salários que ganham.
Têm que ser imparciais, educados, e sempre devem lembrar do slogan "a seu serviço". Às vezes é difícil, especialmente quando um indivíduo lhe lembra "Eu pago impostos, portanto pago seu salário". Policiais recebem elogios por salvar vidas, evitar distúrbios e trocar tiros com bandidos (de vez em quando, sua viúva é quem recebe o elogio!). Mas, algumas vezes, o momento mais recompensador é quando, após fazer alguma gentileza a um cidadão, ele sente o caloroso aperto de mão, olha nos olhos cheios de gratidão e ouve "Obrigado, e Deus te abençoe".
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