segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Polícia mostra estratégias para ocupar favelas do Rio

Mapas e estudos ajudam Unidades de Polícia Pacificadora.
Previsão é que dez novas favelas tenham o serviço.

Do G1, no Rio, com informações do Bom Dia Brasil

 

A Secretaria de Segurança do estado do Rio planeja recuperar o território perdido para os criminosos nas favelas cariocas. Ao todo, já são quatro favelas ocupadas pelas Unidades de Polícia Pacificadora.

Com um mapa estratégico, feito meses antes da entrada do primeiro policial numa das favelas retomadas pelo estado, a polícia traçou os pontos exatos de venda de drogas dentro da favela, na praia e nas ruas da Zona Sul do Rio, além das rotas mais usadas pelos criminosos, seus esconderijos e os principais pontos de concentração de moradores.

“O mapa mostra o número de policiais que vamos necessitar, as fragilidades que podemos ter lá dentro, quantos acessos têm, onde este policial vai permanecer, onde vamos colocar o centro de unidade pacificadora. Levantamos estas variáveis que podem vir a prejudicar a instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora”, explica o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame.

Mapas mostram alcance de tiros

Há mapas que mostram ainda o alcance de tiros de fuzil disparados de dentro da favela. No Morro da Babilônia, no Leme, na Zona Sul, eles chegam até a praia de Botafogo. São centenas de informações que, combinadas, criaram uma espécie de ranking da oportunidade.
“Nós temos um ranking de aproximadamente 100 locais. Polícia Civil, Militar e Subsecretaria de Inteligência avaliam esses locais com relação a índices de criminalidade, acessos, geografia, facção criminosa que atua ali”, mostra Beltrame.

Mais dez favelas serão mapeadas

Agentes da inteligência da polícia já estão preparando mapas semelhantes aos usados na ocupação do Morro da Babilônia e da Comunidade Santa Marta para outras dez favelas do Rio de Janeiro. Operações que serão desencadeadas no momento certo.
“A primeira fase é planejamento e levantamento. Na segunda fase, a polícia entra, se apresenta, se mostra. Esses policiais ficam lá até vencer o crime, fazer com que os traficantes saiam ou sejam presos. Depois nós temos a fase de manutenção, e a última fase é do policiamento comunitário”, aponta Beltrame.

Polícia ocupa locais do tráfico

Depois de expulsar os principais criminosos das favelas, a polícia ocupa os mesmos lugares onde, antes, as quadrilhas controlavam a comunidade, como pontos de vendas de drogas e rotas de fuga usadas pelas quadrilhas. A vigilância agora é para impedir que os criminosos que fugiram voltem.
Apesar da aparência de paz, os moradores ainda não se sentem confortáveis para falar da situação. Entre a polícia que vigia e a comunidade que um dia foi abandonada, ainda estão as marcas da desordem: tijolos para construir mais um barraco irregular, comércio ilegal de gás, buracos de bala de tiroteio recente.

“As pessoas têm que começar a se expor mais, o morador tem que mostrar o que quer de benfeitoria para a comunidade”, aponta a presidente da Associação do Chapéu Mangueira, Maria Helena de Souza.
“Há necessidade que se atenda à demanda dessas populações. Antes tínhamos o velho discurso: não tem escola, não tem médico porque não tem segurança. Agora tem segurança. Que venham os serviços. A população do Rio de Janeiro precisa ser mais atuante, cobrar mais dos seus governantes, seus políticos. Saber a quem fazer as cobranças. A polícia vai criar o ambiente de paz, para outras pessoas resolverem. Quanto mais valorizarmos a cidadania menos segurança será preciso. Esta é a receita”, afirma Beltrame.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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