sábado, 8 de agosto de 2009

PM admite que ação na Rocinha também visava achar corpo de engenheira

Ação do Bope visava, também, apreender armas e drogas na comunidade.
Segundo a polícia, cerca de meia tonelada de maconha foi apreendida.

Do G1, no Rio, com informações da TV Globo

 

A Polícia Militar admitiu, neste sábado (8), que a operação realizada na sexta-feira (7) na Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio de Janeiro, tinha como um dos objetivos encontrar o corpo da engenheira Patrícia Amieiro Franco, desaparecida desde junho do ano passado. PMs são acusados de terem atirado contra o carro dela.

O Batalhão de Operações Especiais (Bope) deixou a favela no início da tarde sem encontrar o suposto cemitério clandestino que teria na comunidade. Segundo a PM, não houve confrontos, novas apreensões ou prisões.

No entanto, a polêmica sobre a ação na Rocinha aumentou ainda mais. Na sexta-feira, O RJTV teve acesso a um depoimento que teria motivado toda a operação policial. Trata-se de uma suposta testemunha encontrada por policiais militares que falou num inquérito paralelo feito pela própria PM.

O que essa suposta testemunha diz inocentaria policiais militares presos acusados da morte da engenheira, na saída do Túnel do Joá, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste. O Ministério Público pediu a prisão dos policiais depois de um ano de investigações, alegando ter fartas provas do crime.

A versão da suposta testemunha é de que Patrícia teria sido capturada e assassinada por criminosos da Rocinha, e que o carro dela estaria sendo dirigido por um homem que fugiu misteriosamente depois do crime.

O pai de Patrícia, Antônio Celso de Franco, ficou revoltado com o que considerou uma farsa para tentar inocentar os policiais. "Eu acho totalmente mentira. Ninguém pode tirar a vida do outro; Tem que ser condenado.”

Informações contraditórias

Durante a operação na Favela da Rocinha, oficiais da Polícia Militar deram informações contraditórias quando explicaram os objetivos da incursão na comunidade. Na sexta-feira (7), o relações públicas da PM, major Oderlei Santos, disse que o objetivo seria encontrar armas e drogas, além de um cemitério clandestino. Ele não confirmou que os policiais procuravam pelo corpo de Patrícia.

No entanto, neste sábado, ele disse que o objetivo era sim encontrar o corpo da engenheira, acreditando na nova versão da suposta testemunha.
O Comando do Bope, que planejou a operação na Rocinha e mobilizou mais de 200 homens, além de cães, carros blindados e até helicóptero, não soube explicar a presença de policiais do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes) na favela. Este é o mesmo batalhão dos policiais acusados no desaparecimento de Patrícia.

“Eu não planejei e não inseri nenhuma tropa do 31 (31º batalhão) no meu planejamento. Quem me determinou essa operação foi o comando da corporação, sem nenhum dado a respeito do 31º (batalhão)”, disse o tenente-coronel Paulo Henrique Moraes, comandante do Bope.

“O ponto mais importante, ao meu ponto de vista, é justamente o fato de que havia policiais do 31º (batalhão) nessa operação. A presença desses policiais reforça essa idéia de que há policiais da própria unidade investigando seus próprios companheiros e procurando novas provas ou algum fato que já esteja sendo investigado pela Polícia Civil, que é quem tem o dever constitucional de investigar os fatos”, disse Ignácio Cano, professor de ciências sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

O major Oderlei Santos informou, ainda, que uma oficial do 31º BPM esteve na Rocinha durante a operação por causa de um inquérito policial militar que investiga o desaparecimento da engenheira, mas que ela não fazia parte da operação comandada pelo Bope.

             Foto: Reprodução / Ag. O Globo

Segundo a Secretaria estadual de Segurança, a morte de Patrícia (foto) já está esclarecida (Foto: Reprodução / Ag. O Globo)

Morte de Patrícia está esclarecida, diz governo

Neste sábado, a Secretaria estadual de Segurança divulgou uma nota onde diz que a ação foi para combater o tráfico e procurar um cemitério clandestino. Segundo o órgão, a morte de Patrícia já está esclarecida, com quatro PMs presos e aguardando julgamento, e que terá a primeira fase de interrogatório nesta semana. Todos são acusados pela Justiça de ocultação de cadáver e dois deles respondem também por assassinato.

O governador Sérgio Cabral comentou a operação: "Identificamos áreas do tráfico, e, portanto, ela teve uma missão, e outras colaterais de informações como o caso do sumiço dessa menina que nós estamos trabalhando para investigar, tanto a civil (polícia), como a militar (polícia). Não há contradição entre a civil e a militar.”

A Polícia Civil, responsável pelas investigações criminais, não participou da operação na Rocinha.

Meia tonelada de maconha apreendida

De acordo com o tenente-coronel Paulo Henrique Moraes, 483 tabletes de maconha - cerca de meia tonelada - foram apreendidos durante a operação na Rocinha. Os policias recolheram ainda uma pistola, uma submetralhadora, duas granadas, munições e camisas falsas da Polícia Civil.

Segundo o tenente-coronel Paulo Henrique Moraes, quatro pessoas foram detidas, entre elas um homem, que seria um argentino. Os PMs também encontraram na favela uma central de TV a cabo clandestina e recuperaram um carro roubado.

Por medida de segurança, cerca de 700 operários do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foram dispensados do trabalho por causa do tiroteio. As informações são da Secretaria estadual de Obras.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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