quinta-feira, 18 de março de 2010

Bope testa GPS para rastrear traficantes em favelas

Equipamento importado da Holanda custa cerca de R$ 760 mil.
Primeiro teste em comunidade dominada pelo tráfico será em abril.

Liana Leite Do G1, no Rio

Foto: Divulgação/Polícia Militar

Agente monitora equipamento de dentro do carro do Bope (Foto: Divulgação/PM)

Saber a localização exata dos criminosos e dos policiais durante as operações em favelas dominadas pelo tráfico. A ideia pode parecer fantasiosa, mas  o pessoal do Batalhão de Operações Especiais (Bope), do Rio, garante que ela está bem perto de se tornar real. Um equipamento com GPS, importado da Holanda, está sendo testado pela Polícia Militar há três meses.

O custo estimado dos rádios e amplificadores é de 300 mil euros, o equivalente a cerca de R$ 760 mil. Segundo a polícia, o primeiro teste em uma comunidade dominada pelo tráfico será em abril. Por enquanto, o equipamente tem sido usado em "ambientes seguros", como a favela Tavares Bastos, em Laranjeiras, na Zona Sul, onde fica o quartel do Bope.

“A ideia é usar a arma como último recurso, poupar moradores e evitar mortes”, explica o major Fábio Rocha Bastos Cajueiro, chefe do Centro de Comunicações e Informática da PM e um dos responsáveis pelo projeto. “O policial em incursão terá acesso a informações privilegiadas do andamento da operação”, acrescenta Cajueiro.

Localização por intermédio da voz

“O equipamento de 50 quilos, que ficará acoplado ao carro do Bope, vai permitir que se trace um mapa da localização da equipe e dos criminosos. Tudo é feito através da voz. Primeiro saberemos a posição dos nossos homens. Com o decorrer do confronto, vamos identificar os traficantes por meio do sinal emitido por seus celulares e rádios”, detalha. Será possível desenhar o mapa numa área de até 3 Km.

Foto: Divulgação/Polícia Militar

Mochila com GPS carregada em operações (Foto: Divulgação/PM)

A estação rádio base móvel, no carro do Bope, funcionará como ponto zero. Um amplificador, de 9 Kg, será carregado por um dos policiais em uma mochila - para ampliar as ondas - , enquanto os demais homens ficarão com seus rádios transmissores e fones de ouvido sem fio.

“Se um agente sussurrar, seu colega poderá escutá-lo. Hoje a comunicação é feita por sinal, o que é um absurdo em se tratando de século XXI”, diz o major. Cajueiro lembra ainda que o equipamento vai evitar o fogo amigo, quando um militar atira no outro por engano.

Operação sigilosa em abril

Em teste há três meses dentro do próprio quartel do Bope, em Laranjeiras, Zona Sul do Rio, e na favela Tavares Bastos, no mesmo bairro, o equipamento passará pela prova final em abril, quando será usado pelo tropa de elite da PM do Rio em  favela ocupada pelo tráfico. “Não podemos revelar o nome da comunidade por motivos de segurança”, afirma o major Cajueiro.

Para aprimorar ainda mais as técnicas e aprender com militares que já utilizam o material, o major e sua equipe do Centro de Comunicações e Informática estão na Europa. Os especialistas já passaram por Espanha, Holanda e Inglaterra, onde estão nesta terça-feira (16). Antes de voltar ao Rio, os policiais ainda visitam Bélgica, França e Israel, onde vão aprimorar técnicas de guerra.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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