Gabriela Moreira
divisão de homicídios
Faustino Fernandes de Moura Filho, de 53 anos, chegou à Divisão de Homicídios, na última segunda-feira, com a foto do filho nas mãos. Everton Alves de Moura, de 28 anos, é soldado da Polícia Militar e está desaparecido desde o dia 21. A última notícia que a família teve do rapaz é que ele deixou o quartel em que trabalha, o 22º BPM (Maré), em direção ao Lote Quinze, em Duque de Caxias. Depois, não foi mais visto.
— Ele terminou o plantão no quartel e foi visitar um casal de idosos que ele ajuda, perto do Morro Garibaldi, em Caxias. Ele sempre ia lá — contou Faustino.
Segundo o pai do soldado, no dia do desaparecimento, Everton usava bermuda azul, camiseta cinza e chinelos. Quando deixou o quartel, estava pilotando uma moto preta.
— Não sabemos o que aconteceu. Ele não tinha inimigos, era uma rapaz pacato. Quando não estava trabalhando estava com a família. Não costumava sair, nem ir para festas — contou um amigo da família, que se identificou como Marcelo.
A principal linha de investigação do Serviço Reservado do 22 BPM é que Everton tenha sido vítima de um assalto e que, ao ser identificado como policial militar, tenha sido morto pelos assaltantes.
O soldado trabalhava fazendo o patrulhamento na área do Piscinão de Ramos, mas, por enquanto, a PM não acredita que o seu trabalho tenha sido o motivo para o desaparecimento.
— Já rodamos a área em que ele desapareceu. Há pessoas que o viram passando de moto, mas ninguém viu para onde ele foi ou se foi abordado por alguém — contou Faustino, que fez um pedido: — Se alguém tiver notícias, denuncie de forma anônima.
Faustino foi à delegacia pegar autorização para fazer exame de DNA em um corpo encontrado na Praia do Bananal, na Ilha do Governador.
— O corpo bate com as características do meu filho, mas já está em decomposição e não deu para reconhecer — disse o pai, contando já ter visitado quase todos os hospitais da cidade.
— Passamos todos estes dias indo a hospitais e IML’s. Encontramos diversos corpos sem identificação.
Faustino saiu da delegacia com a autorização para o exame. Ele forneceu o material para a análise, mas o resultado só deve ficar pronto daqui a 30 dias.
— É muito tempo para ficar esperando, mas é o que eu posso fazer. Enquanto o resultado não sai, vamos visitando outros IML’s. Meu outro filho acabou de ir para fazer mais um reconhecimento. Esta tem sido a vida da nossa família depois que ele desapareceu.
Segundo Faustino, Everton tem um mancha escura na lateral direita da barriga.
— Quanto mais o tempo passa, mais fica difícil de reconhecer qualquer coisa.
O pai de Everton é vigilante no campus da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Era lá que o soldado morava, com a mulher, Ellen Costa de Moura, e o filho, de 7 anos.
— A gente se falou às 12h30m. Ele disse que iria visitar esse casal de idosos, que são pais de um amigo dele. Depois, não consegui mais contato com ele — contou a professora, de 33 anos.
Ellen conta a dificuldade de lidar com a situação:
— Temos um filhinho, de 7 anos. Ele chora muito. Na cabecinha dele, o pai está perdido, está esquecido. Ele pede para irmos ao cemitério, pede para irmos ao batalhão. Eu já não sei mais o que falar.
A mulher do policial também tem peregrinado por necrotérios e hospitais.
— Já fui reconhecer um corpo. Deixei um exame da arcada dentária dele para ver se conseguem identificar. Foi um momento muito ruim. Você vive uma expectativa terrível. Ao mesmo tempo, quer e não quer que seja ele. Queremos acabar com essa agonia — disse Ellen.
O telefone do Disque Denúncia é 2253-1177.
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