No confronto, um homem morre e outro fica ferido com quatro disparos
POR MAHOMED SAIGG
Rio - Intensa troca de tiros termina com a morte de um homem em meio ao tráfego pesado de uma via expressa da cidade. Este foi mais um episódio da violência cotidiana que aterroriza os cariocas — e que O DIA testemunhou ontem à tarde na Avenida Brasil.
Ao escutar os disparos, às 13h40, a equipe de reportagem presenciou um ‘duelo’ na entrada do estacionamento de um hipermercado em Guadalupe, que fica ao lado de um ponto de ônibus cheio.
Dois homens travavam um tiroteio enquanto pedestres, apavorados, tentavam fugir das balas. Motoristas que seguiam no sentido Centro, na pista lateral, aceleravam para escapar do fogo cruzado.
O carro onde estava a equipe de reportagem de O DIA seguia na pista central da Avenida Brasil e parou junto à mureta diante do tiroteio.
O confronto se estendeu por pouco mais de um minuto: mesmo feridos, os dois homens não paravam de atirar.
Um deles, identificado como Benício Souza Torres, 30 anos, foi atingido por quatro balas: uma no ombro esquerdo, duas no peito e uma no joelho esquerdo.
Já caído no chão, ele continuou disparando contra o rival, reconhecido como Márcio Luiz da Silva, 35 anos.
Baleado, Márcio até tentou escapar correndo pela via.
Mas a fuga foi impedida por pelo menos dois conhecidos de Benício que, com armas em punho, o perseguiram por entre os carros.
Os dois homens que ainda não foram identificados pela polícia conseguiram atingir Márcio, que caiu. Deitado no chão, ele teve a cabeça pisada por um dos homens que, em seguida, apontou a arma para o rosto dele.
Desesperados, pedestres que passavam pelo local correram à procura de um lugar para se proteger. Escondida atrás da mureta divisória da pista, a equipe de O DIA registrou toda a ação.
Ao serem avistados pelos atiradores, os jornalistas deixaram o local imediatamente e seguiram até um posto de policiamento do Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), onde comunicaram o crime a dois PMs.
Poucos minutos depois de fazer contato via rádio com outros militares, os policiais que estavam no posto informaram que duas viaturas já estavam no local. A informação, no entanto, não foi confirmada pela equipe, que, ao retornar à cena do crime, não encontrou as patrulhas.
Os baleados também desapareceram, assim como um Seat Cordoba branco que estaria sendo usado por Benício.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil, uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionada e socorreu Benício.
Levado para o Hospital Getúlio Vargas, na Penha, ele chegou às 14h e seguiu direto para o centro cirúrgico. Até o fim da noite de ontem, a operação ainda não havia terminado.
Aos médicos, ele alegou ter sido baleado durante assalto na Av. Brasil. A ambulância não atendeu Márcio porque foi constatada a morte dele no local.
Baleados com anotações criminais
Os dois homens flagrados na troca de tiros foram identificados pela Delegacia de Homicídios (DH), que assumiu a investigação do caso.
Em 2002, Benício havia sido condenado a cumprir pena de 1 ano e 3 meses de prisão em regime aberto por porte ilegal de arma e receptação. Márcio — que ainda foi levado para Hospital Albert Schweitzer, aonde já chegou morto — tinha duas anotações em sua ficha, ambas por porte ilegal de arma.
De acordo com o relações-públicas da Polícia Militar, capitão Ivan Blaz, o Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv), que é o responsável pelo patrulhamento da Avenida Brasil, informou que, ao chegar ao local do confronto, uma equipe só encontrou uma moto com perfurações de tiros. Agentes do Serviço Reservado (P-2) do batalhão, então, passaram a percorrer hospitais em buscas de vítimas.
Benício foi localizado pelos PMs no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, e Márcio, no Albert Schweitzer, em Realengo.
Colaboraram Eduardo Pierre, Leslie Leitão, Marco Antonio Canosa e Vania Cunha
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