A ESQUINA DO MEDO
Fernando Torres
MÁRIO SÉRGIO DUARTE, comandante-geral da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ)
Na área da esquina do medo, diminuiu a quantidade pistolas e revólveres e aumentou o número de fuzis e metralhadoras. Por quê?
”É claro que toda arma de fogo é capaz de matar, mas o armamento de guerra tem um alcance útil muito maior. Ele dá poder ao bandido. Nossos esforços estão direcionados, especialmente, ao recolhimento de fuzis, metralhadoras e granadas.”
O poder de fogo dos traficantes do Jacarezinho e de Manguinhos aumentou?
”Observamos uma tendência de os traficantes priorizarem as armas cada vez mais poderosas. Já tivemos apreensão de metralhadoras antiaéreas ponto 30, ponto 50, granadas e até minas. Sabemos que eles conseguem adquirir estas armas, no mercado ilegal.”
A PM faz algo para combater o “glamour do fuzil”, que transforma o traficante em ídolo da criança de comunidades dominadas?
”O crime coletivizado em facções força o envolvimento da própria população que, ameaçada, passa a fazer a vontade do criminoso. O fuzil faz a diferença porque promove uma vontade de guerra e cria uma ideologia de facção, um conjunto de valores de dominação e ódio. Além de retirar as armas, nossa meta é tirar o território das mãos dos traficantes, enfraquecendo essa ideologia.”
Manguinhos e Jacarezinho, comunidades vizinhas, são territórios sem lei. Por que é tão difícil promover a paz nesta área?
”São dominadas pela mesma facção, o que cria um trânsito fácil entre as duas comunidades. Os criminosos atravessam sem nenhuma dificuldade. Essas favelas têm construções altas, onde eles podem se esconder nas perseguições.“
O que o senhor diria para o cidadão carioca que, com tantos episódios de terror, tem medo de sair de casa?
”Minha palavra é esperança. Podemos fazer um Rio diferente. Durante muito tempo, não houve um objetivo claro. Hoje, assumimos a missão de pacificar as favelas com a UPP. A população deve manter a crença de que esse quadro será mudado.“
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