Ela disse à polícia que conhece o jogador desde pequeno.
Amigo que teria comprado motos está sendo ouvido na delegacia.
Tássia Thum Do G1, no Rio
Em depoimento à polícia nesta quarta-feira (24), a mãe do traficante Mica, Marlene Pereira de Souza, disse não ter recebido nenhuma moto de presente do jogador Adriano. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Jader Amaral, da 22ª DP (Penha), Marlene ficou surpresa ao descobrir que sua assinatura constava nos autos de transferência, compra e venda do veículo, já que é analfabeta.
"No depoimento de hoje, ela usou suas digitais para a identificação. Agora vamos apurar quem teria falsificado suas assinaturas nos processos de transferência e de compra e venda da moto", informou o delegado.
Em 2008, um amigo do craque, Marcos José de Oliveira, teria comprado duas motos em nome de Adriano, em uma concessionária em Vicente de Carvalho, no subúrbio do Rio. Um dos veículos teria sido transferido para Marlene, que é mãe do homem apontado pela polícia como um dos chefes do tráfico de drogas da Favela da Chatuba, na Penha, no subúrbio do Rio, local onde o jogador nasceu e foi criado.
Além de Marlene, o gerente da loja onde os veículos foram comprados também prestou depoimento à polícia. Ele disse que apenas foi em companhia de Marcos à casa do jogador, para que ele assinasse o comprovante de compra do cartão de crédito.
A polícia havia informado que Marcos havia faltado ao depoimento, mas, por volta das 18h15, divulgou em nota a informação de que ele está na delegacia para ser ouvido sobre o caso.
Almoço na casa da mãe de traficante
O advogado de Marlene, Henrique Machado, disse que Adriano frequenta a casa de sua cliente desde quando era pequeno. Segundo ele, o craque do Flamengo estudou na infância com Mica e já foi visto algumas vezes em almoços na casa da mãe do traficante.
No entanto, o advogado comentou que sua cliente não sabe qual é atualmente o grau de amizade de seu filho com o jogador. Henrique Machado disse que Marlene já viu Mica pilotando várias motos, mas não soube descrever se um dos veículos seria o que o jogador teria comprado em 2008.
“O Adriano foi criado no mesmo local que o da Marlene, tanto que ele a trata de tia. Mas atualmente ela mesma não tem tanto contato com o filho”, disse o advogado.
Adriano vai prestar depoimento na quinta-feira
O jogador Adriano foi intimado a prestar depoimento à polícia na quinta-feira (25) para esclarecer a transferência da moto à mãe de Mica.
O objetivo da polícia é ouvir o craque para saber em quais circunstâncias a moto foi comprada e com qual finalidade ela foi dada de presente à Marlene Pereira, mãe do traficante. Contra Mica já foram expedidos sete mandados de prisão.
De acordo com Jader, caso seja confirmado que a moto foi usada para favorecer as ações do tráfico, o jogador e a mãe de Mica poderão ser indiciados pelo crime de associação com o tráfico. Para este tipo de delito, a pena varia de três a dez anos de reclusão.
“A princípio, o Adriano não é suspeito de nada. Dar uma moto de presente não é crime, mas é importante investigar as circunstâncias em que essa moto foi usada e com qual finalidade ela foi presenteada à mãe de um traficante”, disse o delegado.
Ministério Público pediu investigação
O Ministério Público do Rio pediu, na terça-feira (16), a instauração de um inquérito policial pela Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) para apurar “supostas práticas dos crimes de ação penal pública incondicionada” envolvendo o nome do jogador Adriano.
O craque do Flamengo teria comprado uma moto e registrado o veículo em nome da mãe de um traficante, conforme reportagem do jornal "O Dia”.
O promotor de Justiça, Alexandre Murilo Graça, titular da 17ª Promotoria de Investigação Penal da 1ª Central de Inquéritos, considerou os fatos relatados na reportagem como “gravíssimos”.
Segundo a reportagem, as motos já não pertencem mais aos seus donos. O jornal mostra o documento do veículo revelando que Marlene, dez meses mais tarde, em 26 de maio de 2009, transferiu a moto que o craque comprou para um morador de Duque de Caxias.
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