sábado, 26 de setembro de 2009

Comerciante que foi feita refém na Tijuca fala dos momentos de angústia

Ela se encontrou com o policial que deu o tiro certeiro no assaltante.
Criminoso ameaçava explodir uma granada enquanto segurava a mulher.

Do G1, no Rio, com informações do Jornal Hoje

 

A comerciante Ana Cristina Garrido, que foi feita refém durante um assalto na Tijuca, Zona Norte do Rio, na sexta-feira (25), contou, na manhã deste sábado (26), detalhes dos momentos de angústia que passou nas mãos do assaltante.

Apesar do apoio da família, Ana Cristina ainda não se refez do susto: "Fiquei muito abalada com isso, não conseguia nem dormir direito, as pessoas ligando toda hora para saber como que foi, eu não conseguia nem falar com ninguém. Eu tentei, tomei calmante para dormir, só queria mesmo ficar com a minha família".

No fim da manhã, a comerciante recebeu a visita do Major Busnello, policial que deu o tiro certeiro no bandido: "Eu me sinto muito honrada em tê-lo aqui na minha casa, para poder agradecê-lo pessoalmente, porque graças a Deus e a ele estou aqui junto com a minha família", desabafou Ana Cristina.

Ela afirmou que foram momentos de desespero: "Ele só falava que ia explodir tudo, que ele só queria um carro para fugir, um táxi, uma ambulância, qualquer coisa, que ele ia me levar junto e só ia me soltar na comunidade".

O marido de Ana Cristina estava falando com a filha no celular, quando chegou na farmácia, no momento em que o policial atirou no criminoso: "Foram frações de segundos que eu não desejo passar nunca mais na minha vida, não desejo que ninguém passe".

Ana Cristina ainda vai descansar mais alguns dias antes de voltar ao trabalho e, por enquanto, a filha é quem vai cuidar dos negócios. Apesar do susto, a família disse que não pretende deixa o Rio: "Não tenho como deixar o Rio, porque  a nossa vida é aqui".

Assaltante identificado

O assaltante foi identificado como Sérgio Ferreira Pinto Júnior, de 24 anos. De acordo com a delegacia que investiga o caso, 20ª DP (Vila Isabel), ele tinha duas passagens pela polícia.

A delegada Renata Rocha informou que as duas passagens foram de 2005 e 2008, por porte ilegal de armas e furto respectivamente. Ela disse ainda que a identificação só foi possível porque o Instituto Félix Pacheco (IFP) tirou as impressões digitais e fez uma pesquisa.

O homem foi morto com um tiro quando fazia Ana Cristina de refém, do lado de fora da farmácia. O momento exato em que um policial atirou, do último andar de um prédio, no assaltante foi flagrado por um cinegrafista da TV Globo.

A refém se abaixa várias vezes, passando mal e demonstrando muito nervosismo. Os policias tentavam negociar, mas o assaltante tirou o pino da granada por duas vezes.

O atirador da polícia aproveita o momento em que a refém se abaixa completamente, mas ainda entre os braços do assaltante, e dispara o tiro de fuzil na cabeça do criminoso, que morreu.

"O objetivo era sair com ele preso, mas como ele queria sair dali, ele começou a se demonstrar cada vez mais agressivo. Ele tirou o pino da granada a primeira vez, na segunda vez que ele ameaçou efetuar o lançamento da granada – e como é uma granada de guerra, a vitima e ele seriam atingidos – nós decidimos por neutralizar, que é da negociação tática", afirmou o comandante do 6º BPM (Tijuca), tenente-coronel Fernando Príncipe, argumentando o uso do atirador de elite.

Assaltante já tinha sido ferido

Segundo a polícia o criminoso já havia sido alvejado anteriormente no abdômen, antes de pegar a refém, quando ele ameaçou atirar a granada contra os policiais.

“A vítima estava fraca física e emocionalmente e ameaçava desfalecer. Ele já estava reclamando do ferimento no abdômen. Quando ele puxou novamente o pino, autorizamos o disparo”, disse o comandante.

Segundo o coronel Príncipe, o assaltante repetia que não seria ser preso de novo porque tinha 25 anos e já havia estado na cadeia duas vezes.

“Com as duas mãos, ele segurava a vítima, a granada e falava no celular. A qualquer momento a granada poderia ser detonada, mesmo que ele não quisesse. Era só ele se atrapalhar”, explicou o comandante.

Na porta da delegacia, trêmula e chorando, a comerciante Ana Cristina Garrido, dona da farmácia que foi feita refém, desabafou:

“Ele dizia que se eu desmaiasse ele ia explodir tudo. Fiquei me segurando nas coisas, vomitei. Ele falava que eu era a única coisa que podia tirá-lo vivo dali”, lembra ela.

Como tudo começou

Segundo a polícia, um carro que patrulhava a área percebeu a atuação do criminoso ao saltar de um carro para tentar assaltar uma kombi dos Correios. Com a chegada da polícia, ele tentou se infiltrar entre os pedestres, e ficou parado num orelhão.

A confusão começou quando ele foi abordado pela polícia e retirou a granada debaixo da camisa. Os três comparsas fugiram e a kombi dos correios seguiu viagem. No final da ação, policiais comemoraram e a população que estava próxima ao cordão de isolamento aplaudiu os agentes.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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