sábado, 12 de setembro de 2009

Na guerra das vans, ônibus atacado a tiro

Polícia investiga atentado a mais seis coletivos em São Gonçalo. Reclamações só aumentam

Rio - No segundo dia de circulação das vans intermunicipais regularizadas no Grande Rio, os conflitos se acirraram entre motoristas de vans e de ônibus, fiscais do Detro e guardadores do Rio Rotativo.

Em São Gonçalo, a Viação Nossa Senhora do Amparo teve seis de seus ônibus apedrejados e um atingido por tiro de pistola. Em Niterói, agente do Detro foi ameaçada por homem armado numa moto durante fiscalização a topiqueiros.

Foto: Alexandre Vieira / Agência O DIA

Conceição ficou uma hora e meia esperando a viagem. Desistiu: foi até a Central e pegou o trem

No Centro do Rio, motoristas de vans e um guardador de carros, credenciado pela prefeitura, se desentenderam ontem pela manhã, no ponto final da Rua Francisco Eugênio, esquina com Avenida Francisco Bicalho, na Leopoldina. Com o talão em mãos, o guardador insistia em cobrar R$ 2 pelo estacionamento das vans no local marcado como ponto final da linha, o que revoltou motoristas.

Na Estação da Leopoldina, o motorista de um ônibus pirata, ao ser flagrado, jogou o veículo contra os fiscais e tentou fugir, mas foi seguido e parado por PMs que davam apoio à operação do Detro. As ameaças não intimidaram os agentes do órgão, que, durante operação para garantir a circulação das vans legalizadas, apreenderam oito veículos irregulares e uma van em bairros da Zona Sul, Centro e Zona Oeste. Todos os veículos foram levados para depósito público.

ATENTADO PROVOCA PÂNICO NA VIAGEM

O disparo que atingiu ônibus da Viação Nossa Senhora do Amparo provocou pânico entre os 30 passageiros da linha Itaipuaçu-Castelo, na Rodovia RJ-104, altura do Km 63, em Tribobó.

O motorista Manuel Pereira, 56 anos, contou que um carro azul interceptou o ônibus próximo ao Motel Carinhoso, na pista sentido Rio, a menos de 200 metros do posto da Polícia Rodoviária da Polícia Militar (BPRv). “Eram dois homens e um deles atirou sem sair do carro”, revelou.

Policiais da 82ª DP (Maricá) investigam a hipótese de represália, feita por topiqueiros piratas insatisfeitos que continuam circulando na região, utilizando logotipos de cooperativas que controlam o transporte alternativo em São Gonçalo.

O Detro pediu à Secretaria de Segurança reforço no policiamento nas rodovias e nos bairros onde ocorreram os ataques.

A vida dos passageiros também não foi fácil. Ontem, a empregada doméstica Conceição Maria Pereira, 56 anos, se cansou de esperar. Após uma hora e meia aguardando sentada a van para Queimados sair do Terminal da Leopoldina, Conceição desistiu: pagou R$ 2,20 por um ônibus para Central do Brasil e de lá seguiu de trem para a Baixada.

Sobre a confusão com guardadores, a Secretaria Municipal de Transportes informou que a Rua Francisco Eugênio, na Leopoldina, não está mais incluída no sistema de vagas do Rio Rotativo para dar espaço às vans legalizadas. Portanto, nenhum guardador está autorizado a cobrar pelo estacionamento ali.

Central lotada, Leopoldina vazia

Revolta generalizada entre passageiros e motoristas de vans. Na Central do Brasil, principal terminal das antigas vans que iam para a Baixada, as filas nos pontos dos ônibus davam voltas nos quarteirões do Américo Fontenelle. “A gente é que sofre. Não tem ônibus! Estou há mais de duas horas aqui e nada. Quando chegar, vou ter que ir em pé. Na van, ia sentada e ainda ficava na porta de casa”, desabafou a doméstica Selma dos Santos, 44 anos.

Para a diarista Luzia Lourenço, 47, a mudança prejudica a população. “Eu não sei por que fizeram isso. A van saía no horário, ao contrário do ônibus”, diz. Enquanto na Central do Brasil passageiros esperavam desesperadamente pelas vans no terminal fechado pelo Detro, na Leopoldina dezenas de motoristas aguardavam, de braços cruzados, os usuários, que não apareciam. “Dei uma viagem com dois passageiros. Agora vou sair de novo com seis”, disse o motorista Antonio Carlos, 44, que ia para Belford Roxo. O topiqueiro Paulo Roberto da Silva teme não poder pagar mensalidades de R$ 3 mil do veículo.

A gerente de vendas Érica Ramalho da Silva, 21, esperou 45 minutos a van que a levaria para Nova Campina, em Duque de Caxias, e desistiu. O motorista aguardava mais passageiros para seguir viagem.

O Detro informou que as vans têm que sair, independente do número de passageiros. A da Linha Queimados, por exemplo, tem que circular entre 3h30 e 23h30. Os horários devem ser distribuídos proporcionalmente entre motoristas. Se os atrasos persistirem, o órgão informou que vai intervir.

Prefeitura não vai transferir pontos

Mesmo com todo o transtorno causado aos passageiros, obrigados a gastar até R$ 88 a mais no fim do mês para pegar ônibus extra da Central até a Leopoldina, a prefeitura não vai permitir a circulação de vans no Centro do Rio. “Não estamos estudando mudança alguma. Os pontos continuam os mesmos que foram definidos com o Detro ainda durante o processo de licitação”, avisa o secretário municipal de Transportes, Alexandre Sansão.

O Detro explicou que, no processo de definição dos pontos de parada das vans nos municípios, tanto de origem como de destino, foram acatadas as indicações feitas pelas prefeituras. No caso do Rio, atendeu-se as diretrizes do prefeito Eduardo Paes para desafogar o trânsito no Centro.

Outros municípios do País também impediram a circulação vans em seus centros urbanos quando regularizaram o sistema. Em Macaé, a retirada das vans municipais e intermunicipais irregulares a partir de 2005 sofreu forte resistência. Lá, as vans foram proibidas de entrar na cidade. Na época, o município tinha 500 veículos piratas contra 48 ônibus. Hoje o transporte alternativo foi extinto e 130 ônibus operam.

Em Ribeirão Preto, São Paulo, as vans foram substituídas por micro-ônibus que levam passageiros de graça até o ponto de ônibus mais próximo. Em Recife, as vans ficaram restritas à periferia. Para o engenheiro de transportes Ronaldo Balassiano, a única maneira de solucionar engarrafamentos no Centro é retirando veículos. “O que falta é integração com bilhete único, para não penalizar os passageiros”, avalia.

REAÇÃO

OITO MIL NOVOS RODOVIÁRIOS

Viações vão contratar 8 mil rodoviários (motoristas, cobradores, despachantes e fiscais de linha) até o fim do ano. Já estão abertas 3 mil vagas para preenchimento imediato. Cinco mil serão abertas com acréscimo de mil carros nas ruas. Interessados podem se cadastrar pela Internet (www.fetranspor.com.br), na seção Fale Conosco, ou enviar currículo para a Caixa Postal 21.020.

MAIS ÔNIBUS NAS RUAS

Trens da SuperVia levaram 12 mil passageiros a mais, em função da redução de 12 mil vans. Viações elevaram em 10% o número de carros para reforçar a frota de 6.500 ônibus.

TRÂNSITO MAIS LENTO

A Viação Nossa Senhora do Amparo registrou, por GPS, aumento ontem de 22 minutos para 35 minutos a travessia da Ponte em direção ao Rio. Quinta, foi mais rápido.

O DIA ONLINE - RIO

Um comentário:

  1. Esse papo de que vai contratar mais motorista,cobradores, despachantes , e tudo conversa para boi dormi, sou rodoviário e para continuar trabalhando na parte da manhã sou obrigado a dobrar o serviço, podem conferir e só mandar alguem até São Cristóvão na passarela do trem linha 461 e vocês irão comprovar.

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