segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Moradores denunciam a existência de mais corpos no Morro do Juramento

POR BARTOLOMEU BRITO, RIO DE JANEIRO

Rio - Depois de mais uma semana de confrontos, o morro do Juramento teve uma segunda-feira de tranquilidade. Moradores, no entanto, denunciam a existência de mais corpos abandonados em vielas da comunidade - dois seriam de mulheres.

No domingo, a PM encontrou outros seis cadáveres. Moradores afirmam que estão vivendo com janelas e portas fechadas em decorrência do cheiro ruim dos cadáveres.

De acordo com informações da 27ª DP (Vicente de Carvalho), novas buscas serão iniciadas apenas se moradores fizerem denúncias formais. O batalhão da Polícia Militar de Rocha Miranda já teria se colocado à disposição para realizar o trabalho. João Dias, delegado responsável pelas investigações, afirmou que a geografia do morro dificulta o trabalho e os policiais só voltarão em caso de necessidade.
"Pedimos as pessoas que saibam onde eles (corpos) estão.

Que compareçam à 27ª DP (Vicente de Carvalho) e digam a localização certa de onde se encontram. Ou então, se estiverem com medo de prestarem a informação, qua a façam anônimante na delegacia, do Disque Denúncia (2253-1177) ou para o quartel do 9º BPM (Rocha Miranda).

Tendo as informações corrretas, a corporação fará uma operação, juntamente com o Corpo de Bombeiros, para subir o Juramento e recolher os corpos".

 

Curiosos observam o trabalho de bombeiros no alto do cruzeiro. Foto Alexandre Vieira/Ag. O Dia

O delegado João Dias, titular da 27ª DP, disse que um inquérito já foi aberto para apurar os responsáveis pelo comando das invasões do morro, que já feriram cinco integrantes da Polícia Militar, desde a primeira invasão, no dia 29 de agosto.

"Estou esperando a identificação destes seis corpos, para saber quem são, onde moravam, o que faziam e se têm passagens pela polícia", revelou.

Apesar de dias tranquilos no morro e nas ruas próximas, os moradores e comerciantes ainda estão tensos com os últimos acontecimentos e não conseguem se acalmar.

"Isso aqui já foi muito bom, mas depois que começou a surgir o tráfico de drogas a paz acabou. A guerra é entre grupos rivais que querem ganhar mais dinheiro do que o outro", disse um morador.
Moradores culpam os viciados em drogas pela disputa pelos rentosos pontos de vendas de drogas do Juramento. De acordo com eles, os 'consumidores' são os responsáveis pelo lucro gerado pelo tráfico de drogas.

"A PM deveria ficar mais atenta a quem entra e sai do morro, porque vem muito filhinho de papai, muito bacana de carro para comprar cocaina e crack no morro. Se fossem os viciados que ficassem na linha de tiro e morressem, ainda era bom. Mas no fim sempre morre um inocente, que não cheira e nem vende", declarou.

Há um mês, bandidos rivais disputam o controle dos pontos de vendas de drogas na comunidade. A polícia vem tentando intervir para minimizar os confrontos, mas várias pessoas já morreram - na última terça-feira, dia de um intenso tiroteio, quatro pessoas morreram e outra ficou ferida em 11 horas de batalha. Dois cinegrafistas e um PM também foram atingidos por estilhaços de balas.

Durante a retirada dos corpos dezenas de moradores subiram até o Cruzeiro — região onde estavam os mortos — para acompanhar a remoção, que seguiu até o início da noite. Mulheres e até crianças faziam relatos dos corpos que já estavam em decomposição.

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