Diretor da polícia explica que a prova não é definitiva.
Investigação vai buscar provas testemunhais e materiais.
Do G1, no Rio
O exame pericial feito numa moradora da Mangueira, de 21 anos, que acusou um policial do Batalhão de Operações Especiais (Bope) de estupro, deu negativo. “Isto não quer dizer que não houve o crime”, adiantou o diretor do departamento de polícia da capital, delegado Ronaldo Oliveira. Os investigadores pretendem tomar outros depoimentos e buscar novas provas.
Segundo o laudo apresentado pelo diretor Oliveira, os peritos não descobriram ferimentos nos órgãos genitais da suposta vítima. Há indicação, também, de que ela não manteve relações sexuais nos últimos dias.
Na queixa que registrou na 17ª DP (São Cristóvão), a moradora da Mangueira informa que o seu suposto agressor teria usado preservativo enquanto a ameaçava com uma arma apontada para a cabeça. Segundo Oliveira, a perícia não constatou dilatação nos genitais da mulher e não encontrou sêmen.
“A policia vai buscar outras provas testemunhais e materiais para saber se houve ou não o crime”, diz o delegado Ronaldo Oliveira, acrescentando que ouvirá de novo a mulher. O inquérito correrá em sigilo. Porém, se for constatado que ela mentiu, a suposta vítima será indiciada por falsa notificação de crime.
Durante entrevista coletiva, o comandante do Bope, tenente Paulo Henrique, comentou o resultado do exame: “A polícia é alvo de muitas denúncias o positivo é que nesse tipo de acusação de estupro, nós podemos comprovar a verdade”. Completando: “Falsa comunicação de crime também é crime”.
Comissão dos Direitos Humanos
A moradora da Mangueira procurou nesta quinta-feira apoio da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Apesar do exame de corpo de delito ter dado negativo, a Polícia Civil afirmou que o caso não está encerrado.
Diante da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, a jovem confirmou as acusações. Segundo ela, durante a operação policial na Mangueira, na Zona Norte da cidade, sua casa foi revistada porque os policiais procuravam um traficante.
“Mandaram eu deitar na cama da minha filha, botaram um fuzil mais ou menos no meu pescoço, a pistola para trás na minha boca, perguntando se tinha arma e droga, que eu ia ter que dar conta porque eu tenho filho com traficante”, declarou.
O deputado Marcelo Freixo (PSOL), presidente da Comissão, acredita na versão da jovem: “Não é comum uma pessoa de comunidade denunciar ter sido vitima de estupro, ainda mais um soldado do Bope, e esse registro ter sido feito na delegacia, é raro. Então, é uma denúncia que tem credibilidade”, afirmou.
Como foi o caso
Uma moradora do Morro da Mangueira registrou na delegacia de São Cristóvão, na tarde desta quarta-feira (9), a acusação de estupro contra um policial do Batalhão de Operações Especiais (Bope). Moradores do Morro da Mangueira foram até a porta da unidade protestar contra o PM.
A suposta vítima foi encaminhada para o Instituto Médico-Legal para exame de corpo de delito. Cerca de 80 moradores estiveram em frente à DP. A suposta vítima sustentou ter sido atacada sexualmente durante a operação que o Bope fez no local.
Na operação, segundo o capitão PM Ivan Blaz, um homem, que seria criminoso, morreu, e houve apreensão de drogas e armas. O registro está sendo feito na mesma delegacia.
A mulher sustenta a versão de que policiais teriam entrado na casa dela à procura de seu companheiro, suspeito de tráfico, mas ele não foi encontrado.
Nota da PM
A Polícia Militar enviou nota sobre o assunto: "A operação da PM no morro da Mangueira contou com aproximadamente 90 policiais militares do 4º BPM (São Cristóvão), do Bope, BPCHq [Batalhão de Choque], GAM e Gesar.
Será apurada pelo Comandante do Bobe, no âmbito militar, e a corporação irá colaborar de todas as formas com a delegacia para o esclarecimento dos fatos."
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