Desvio de 100 policiais
A CPI da Violência Urbana, da Câmara Federal, vai investigar a denúncia de que um efetivo de 100 policiais militares trabalha na burocracia do Laboratório Industrial Farmacêutico (LIF), da própria PM, apoiando a produção de uma linha de cosméticos. A comissão vai apurar o desvio de função deste batalhão da chamada “Beleza azul” .
O governo estadual preferiu adotar o silêncio diante da informação publicada na edição de domingo do EXTRA.
— É a má administração da PM, aliada à falta de controle. Vou introduzir este tema na CPI da Violência. A polícia do Rio precisa de salário, controle e transparência — afirma o deputado federal Rogério Lisboa (DEM), um dos integrantes da comissão em Brasília.
No almoxarifado
A ideia do parlamentar é discutir o motivo de policiais que deveriam estar nas ruas trabalharem no setor de almoxarifado ou como motoristas do laboratório da PM.
Diante das denúncias, o governo estadual preferiu se calar. O governador Sérgio Cabral não foi a um encontro com estudantes na Universidade do Estado do Rio (Uerj), que estava previsto em sua agenda, e sua assessoria informou que a Secretaria de Segurança Pública se pronunciaria sobre o tema.
O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, viajou à Rússia. A sua assessoria avisou que a PM daria explicações sobre o assunto.
Contactada, a assessoria da PM disse que emitiria uma nota oficial e que a publicaria na página da corporação na internet, mesmo avisada pelo EXTRA de que a página estava fora do ar. O problema permaneceu assim durante todo o dia até o fim da noite, quando a reportagem acessou a página pela última vez antes do fechamento desta edição.
Se o governo se calou, especialistas em segurança pública discordaram da estratégia de manter PMs cuidando da produção de cosméticos.
‘É desnecessário’
— É um tipo de coisa que não deveria existir. Ainda mais quando só há produtos de beleza. É desnecessário — diz o coronel José Vicente Filho, ex-secretário Nacional de Segurança.
O coronel Jorge da Silva, ex-subsecretário estadual de Direitos Humanos, afirma que a presença de policiais nas ruas é importante.
— Sempre é melhor ter mais policiais nas ruas, mas o efetivo precisa ter qualificação. As pessoas valorizam apenas a quantidade, mas isso precisa estar aliado à qualidade — diz o coordenador de Estudos e Pesquisa em Ordem Pública e Direitos Humanos da Uerj.
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