quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Paraguaia que acusa policiais no Rio registrou caso parecido no Paraguai

Delegacia acusada teria apreendido 70 kg de substância suspeita com ela.
Ela acusou policiais da Drae de extorsão de US$ 50 mil.

Alícia Uchôa Do G1, no Rio

 

Uma reportagem do jornal paraguaio Diário Popular, de abril deste ano, classifica como um “confuso episódio” o da química Márcia Patrícia Aranguen Benegas, que registrou em Assunção, capital do país, extorsão de US$ 25 mil por policiais. Segundo ela, os agentes também teriam levado 100 kg de matéria-prima farmacêutica em janeiro de 2009.

No Rio de Janeiro, Benegas registrou outro golpe. Ela conta que, em julho deste ano, foi sequestrada por policiais da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae), perto do hotel onde estava, em Copacabana, na Zona Sul, e que só teria sido libertada após o roubo de US$ 50 mil que ela havia sacado. Ela estaria acompanhada de uma empregada, também paraguaia.

A Corregedoria da Polícia Civil agora investiga duas versões do que aconteceu no Rio. A primeira é a da paraguaia, que afirma ainda que um cubano residente no Brasil, seu cicerone na viagem, serviu de isca para que ela fosse roubada.

A segunda é da Drae, que teria registro de uma apreensão de cerca de 70 kg de uma substância que, desconfia-se, seja anfetamina, em posse da paraguaia no mesmo hotel.

Polícia aguarda laudos

“Pode ter havido irregularidade na condução da ocorrência”, disse o corregedor da Polícia Civil, José Augusto Souza, que afirmou também que a reportagem paraguaia deve ser levada em conta no inquérito.

Até agora, segundo ele, a polícia só tem o depoimento dela. Os policiais ainda não foram ouvidos e o laudo sobre o material apreendido ainda não teria sido concluído pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE).

A polícia tem ainda imagens do hotel e de prédios vizinhos que comprovam a presença de policiais e carros oficiais da Drae no local.

O que dizem as versões

No depoimento à Delegacia de Atendimento ao Turista (Deat), onde ela acusa os policiais, Patrícia não menciona a posse de nenhum tipo de material. Diz que, como química farmacêutica, veio ao Brasil a negócios para comprar matéria-prima para seu laboratório.

Na Drae, ela não teria prestado depoimento no dia do crime, apesar de supostamente ter sido levada para lá junto com o material apreendido.

Segundo a polícia, ela alegou não falar português e afirmou que voltaria no dia seguinte com seu advogado para prestar esclarecimentos.

A delegacia fica próximo à Ponte Rio-Niterói, local para onde Patrícia teria sido levada até que os policiais resolveram retornar ao seu hotel.

Origem dos US$ 50 mil

“Vamos investigar também onde ela sacou esse dinheiro. Mas a nossa maior dificuldade é ela já ter voltado ao Paraguai. Vamos ver com o consulado a possibilidade de ouvi-la agora na Corregedoria”, afirmou Souza.

Segundo o cônsul do Paraguai, Ricardo Caballero, ele foi chamado pela Deat e prestou ajuda a Márcia no dia 21 de julho. Ela dizia ter medo de pegar a estrada ainda à noite após a suposta extorsão.

“Ela passou a noite num apartamento de serviço do consulado e pegou o carro de volta para o Paraguai no dia seguinte”, contou o cônsul.

G1 > Edição Rio de Janeiro

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