Delegacia acusada teria apreendido 70 kg de substância suspeita com ela.
Ela acusou policiais da Drae de extorsão de US$ 50 mil.
Alícia Uchôa Do G1, no Rio
Uma reportagem do jornal paraguaio Diário Popular, de abril deste ano, classifica como um “confuso episódio” o da química Márcia Patrícia Aranguen Benegas, que registrou em Assunção, capital do país, extorsão de US$ 25 mil por policiais. Segundo ela, os agentes também teriam levado 100 kg de matéria-prima farmacêutica em janeiro de 2009.
No Rio de Janeiro, Benegas registrou outro golpe. Ela conta que, em julho deste ano, foi sequestrada por policiais da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae), perto do hotel onde estava, em Copacabana, na Zona Sul, e que só teria sido libertada após o roubo de US$ 50 mil que ela havia sacado. Ela estaria acompanhada de uma empregada, também paraguaia.
A Corregedoria da Polícia Civil agora investiga duas versões do que aconteceu no Rio. A primeira é a da paraguaia, que afirma ainda que um cubano residente no Brasil, seu cicerone na viagem, serviu de isca para que ela fosse roubada.
A segunda é da Drae, que teria registro de uma apreensão de cerca de 70 kg de uma substância que, desconfia-se, seja anfetamina, em posse da paraguaia no mesmo hotel.
Polícia aguarda laudos
“Pode ter havido irregularidade na condução da ocorrência”, disse o corregedor da Polícia Civil, José Augusto Souza, que afirmou também que a reportagem paraguaia deve ser levada em conta no inquérito.
Até agora, segundo ele, a polícia só tem o depoimento dela. Os policiais ainda não foram ouvidos e o laudo sobre o material apreendido ainda não teria sido concluído pelo Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE).
A polícia tem ainda imagens do hotel e de prédios vizinhos que comprovam a presença de policiais e carros oficiais da Drae no local.
O que dizem as versões
No depoimento à Delegacia de Atendimento ao Turista (Deat), onde ela acusa os policiais, Patrícia não menciona a posse de nenhum tipo de material. Diz que, como química farmacêutica, veio ao Brasil a negócios para comprar matéria-prima para seu laboratório.
Na Drae, ela não teria prestado depoimento no dia do crime, apesar de supostamente ter sido levada para lá junto com o material apreendido.
Segundo a polícia, ela alegou não falar português e afirmou que voltaria no dia seguinte com seu advogado para prestar esclarecimentos.
A delegacia fica próximo à Ponte Rio-Niterói, local para onde Patrícia teria sido levada até que os policiais resolveram retornar ao seu hotel.
Origem dos US$ 50 mil
“Vamos investigar também onde ela sacou esse dinheiro. Mas a nossa maior dificuldade é ela já ter voltado ao Paraguai. Vamos ver com o consulado a possibilidade de ouvi-la agora na Corregedoria”, afirmou Souza.
Segundo o cônsul do Paraguai, Ricardo Caballero, ele foi chamado pela Deat e prestou ajuda a Márcia no dia 21 de julho. Ela dizia ter medo de pegar a estrada ainda à noite após a suposta extorsão.
“Ela passou a noite num apartamento de serviço do consulado e pegou o carro de volta para o Paraguai no dia seguinte”, contou o cônsul.
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