quarta-feira, 9 de setembro de 2009

PM preso em operação da PF é dono de "mansão" no Rio, diz delegado

DIANA BRITO
colaboração para a Folha Online, no Rio

Um policial militar preso nesta quarta-feira durante operação da Polícia Federal no Rio --suspeito de participar de uma quadrilha de roubos de cargas--, é proprietário de uma "mansão" de quatro andares em Nova Friburgo, região serrana do Rio.

A informação foi divulgada na tarde de hoje pelo delegado Elias Escobar, chefe da PF em Macaé.

Sobe para 42 o total de presos em operação da PF no Rio; 15 são policiais

Segundo Escobar, o cabo identificado apenas pelo sobrenome Cunha possui em sua casa vários artigos de luxo, piscina térmica com cascata artificial e banheira de hidromassagem.

PF/Divulgação

Fachada da "mansão" de quatro andares pertencente a um PM preso por suspeita de roubar cargas no Rio; cabo ganha R$ 1.300

Fachada da "mansão" de quatro andares pertencente a um PM preso por suspeita de roubar cargas no Rio; cabo ganha R$ 1.300

De acordo com a assessoria da PM, um cabo ganha cerca de R$1.300 por mês. "Com o salário dele não teria mesmo como comprar essa mansão na região serrana", disse Escobar. A PF não informou se o PM suspeito já possui advogado.

Além do cabo Cunha, outras 41 pessoas foram presas, entre elas policiais militares e civis. A megaoperação da PF --chamada "roubo noturno"-- tem o objetivo de cumprir 55 mandados de prisão, sendo 16 de policiais, para deter integrantes de três quadrilhas especializadas em roubos de cargas (principalmente de gêneros alimentícios e remédios), arrombamento de cofres e caixas eletrônicos.

Segundo a PF, cerca de 400 agentes participam da ação. Dos 19 mandados que ainda devem ser cumpridos, três são de policiais.

"A participação dos policiais nas quadrilhas visava a garantir o sucesso da empreitada criminosa, seja através da execução direta dos crimes, ou na segurança e impunidade dos envolvidos", disse o Promotor de Justiça Paulo Wunder, Coordenador de Segurança e Inteligência do Ministério Público do Rio.

Ele ainda acrescentou que "após quase dois anos de investigações, a polícia descobriu que as quadrilhas agiam há quase dez anos e que eram interligadas, pois tinham o envolvimento dos mesmos policiais". Segundo Wunder, os policiais "atuavam no planejamento e segurança da ação para garantir a impunidade, através da facilidade do cargo que tinham".

O delegado Rivaldo Barbosa de Araújo, subsecretário de inteligência da Secretaria de Segurança Pública, criticou o envolvimento dos policiais na quadrilha.

"Nós não compactuamos com essas ações, uma vez que os policiais são pagos para proteger a sociedade e não para agir contra ela. Fica a sensação de indignação com essas pessoas que tentam manchar a corporação".

Durante a operação, foram apreendidas 12 armas, 11 celulares, 17 carregadores, além de 50 caixas de remédios, documentos e munições. Todo o material estava na casa de um dos policiais civis suspeitos de pertencer à quadrilha.

A PF afirmou que o grupo agia, principalmente, na avenida Presidente Dutra, na Niterói-Manilha e na BR-101 no período da noite.

A quadrilha abordava caminhoneiros e os mantinham reféns durante o tempo em que roubava a carga, geralmente, de carne. Após o roubo, os alimentos eram distribuídos para venda em comércios da região e de outras localidades do Estado do Rio.

As investigações sobre o grupo tiveram início em dezembro de 2007, após um roubo a uma agência da Caixa Econômica Federal, quando foram levados cerca de R$ 140 mil. Ainda de acordo com a PF, a identificação das três quadrilhas aconteceu porque alguns suspeitos agiam em mais de uma delas.

As buscas e apreensões acontecem em 12 cidades do Rio --Macaé, Nova Friburgo, Duque de Caxias, Guapimirim, São Sebastião do Alto, São João de Meriti, São Gonçalo, Teresópolis, Itaguaí, Campos, Cachoeiras de Macacu, Niterói--, e em Além Paraíba (MG).

Folha Online

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