PMs estiveram na comunidade de Madureira e no Juramento. Entre as apreensões estão uma submetralhadora e fuzis
ROBERTA TRINDADE
Quatro dias após o início da guerra entre duas facções criminosas pelo controle das bocas de fumo dos morros Serrinha e Juramento, nos bairros Madureira e Vicente de Carvalho, na Zona Norte do Rio, cerca de 80 policiais militares de quatro batalhões realizaram uma operação nas duas comunidades, no início da manhã de ontem.
O saldo da ação - que contou com o apoio de dois helicópteros e três veículos blindados e durou cerca de três horas - foi de três acusados de envolvimento com o tráfico mortos e um preso, além de drogas e armas apreendidas. As equipes se concentraram no 9º BPM (Rocha Miranda), por volta das 3 horas, e depois se reuniram no 14º BPM (Bangu), de onde saíram, cerca de três horas depois, em direção aos morros.
Assim que os PMs chegaram na Serrinha, houve confronto. Dois criminosos foram atingidos na troca de tiros com o Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 9º BPM e levados para o Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes. Com eles, os policiais apreenderam um fuzil calibre 762 e uma pistola 9 mm, além de munição.
Em outro ponto do Morro da Serrinha, o Patrulhamento Tático Motorizado (Patamo) do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes) apreendeu quantidade de haxixe, cocaína e maconha, além de rádios de comunicação, roupas pretas usadas pelos bandidos para facilitar a camuflagem e gandolas do Exército.
Um homem identificado como "João Grandão", morador da Favela da Coréia, em Senador Camará, na Zona Oeste, foi surpreendido por policiais do 9º BPM no momento em que tentava se esconder perto da Igreja São José. Ele estava com uma pistola 9 mm e, segundo a Polícia, estaria dando apoio aos comparsas para evitar a invasão de traficantes rivais.
Guerra no final de semana
Os morros da Serrinha e do Juramento - assim como a Favela da Coréia - são controlados pela facção criminosa Terceiro Comando Puro (TCP). Na madrugada do último sábado, traficantes do Comando Vermelho (CV) tentaram invadir o Morro do Juramento.
A ação teria sido liderada pelo Complexo do Alemão, na Penha, na Zona Norte do Rio, com apoio de grupos do Morro do Pavão- Pavãozinho-Cantagalo, em Copacabana, na Zona Sul.
A intenção, segundo investigações da 27ª DP (Vicente de Carvalho), seria encontrar refúgio para criminosos que eram de áreas onde foram instaladas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), como a Favela Cidade de Deus, em Jacarepaguá, na Zona Oeste.
Policiamento continuará reforçado na área
O preso foi encaminhado para a 29ª DP (Madureira) e os baleados que foram levados para o Hospital Estadual Carlos Chagas não resistiram aos ferimentos.
Um outro homem atingido durante a troca de tiros também morreu, ao chegar na mesma unidade de saúde. Além das duas pistolas e do fuzil 762, os PMs apreenderam outras três armas: uma submetralhadora 9 mm, um fuzil 556 e uma escopeta calibre 12. Todo o material apreendido foi levado para a 29ª DP.
— O objetivo é manter a paz no local. Na segunda-feira já havíamos feito uma operação no Juramento e os criminosos da Favela da Igrejinha que estavam lá acabaram indo embora — declarou ao final da operação o comandante do 9º BPM, tenente-coronel Edvaldo Camelo, ressaltando que o patrulhamento continuará reforçado em toda a região.
— A operação acabou, mas vamos continuar reforçando o policiamento na área. O saldo foi positivo, pois não tivemos policiais e nem moradores feridos e retiramos grande quantidade de armas e drogas das mãos de criminosos — enfatizou o coronel.
A tentativa de invasão ao Juramento teve início na noite de sexta-feira, quando cerca de 100 traficantes armados e vestidos com roupas semelhantes à farda do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) chegaram à comunidade. Eles atravessaram o Morro do Juramentinho - que tem ligação, através da mata, com o Juramento, e integra o Complexo do Alemão. Os dois morros fazem parte do mesmo maciço.
Pela passarela do metrô
Na tentativa de cercar a comunidade, parte dos criminosos do CV vieram pela passarela do metrô de Tomás Coelho. Ao avistarem os rivais, traficantes do TCP que estavam no alto do morro atiraram. Policiais militares que realizavam patrulhamento na Avenida Martin Luther King ficaram no meio do fogo cruzado.
Cinco deles ficaram encurralados e acabaram sendo baleados. Eles só conseguiram ser resgatados com a ajuda de um PM morador do bairro. No fim da tarde do dia seguinte, no domingo e na segunda- feira houve novos confrontos e mais incursões policiais que resultaram em outros tiroteios. No sábado, a circulação das composições do metrô chegou a ser interrompida por 12 minutos, na estação de Tomás Coelho.
BANDIDOS FAZEM ARRASTÃO
Noite de terror na Avenida Brasil e no Cachambi
Um arrastão seguido de perseguição policial e troca de tiros parou a Avenida Brasil e a Linha Vermelha por cerca de 15 minutos, na noite de terça. Policiais da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (- Drae) passavam pela via, na altura do Caju, quando viram um Peugeot e um Corsa atravessados na pista, e dois homens roubando um terceiro veículo, o Zafira LPF-1065, de um casal. Um homem foi preso.
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