Carol Santos
Sandra Santos
Um sonho ainda não realizado está virando pesadelo para policiais militares da Região, que esperam a abertura da Policlínica da Policia Militar em Campos, cuja obra foi concluída em junho do ano passado. No entanto, o prédio está tomado por matagal, cobras e ratos.
Há um ano doente, o 1º sargento da PM Luiz Fernando Santos Azevedo, 53 anos, 30 deles dedicados à corporação, é um dos que esperam atendimento na unidade. Ele ainda está sem diagnóstico definido, mas sob suspeita de problemas graves no esôfago e na próstata. A assessoria do Governo do Estado afirmou que a responsabilidade sobre a inauguração da Policlínica é do Comando Geral da PM, que foi contactado, mas não enviou resposta até o fechamento desta edição.
De acordo com a esposa do sargento, Regina Barreto de Azevedo, 51 anos, Luiz está com vários pedidos de exames, que até hoje não foram feitos, já que o paciente não tem condições de saúde para enfrentar os 350 quilômetros de Campos até o Hospital da Polícia Militar (HPM), na capital. Ele usa uma sonda na bexiga, implantada após uma crise, no último sábado, por um médico na emergência do Hospital São José, na Baixada Campista.
— O município não tem nada a ver com o problema do meu marido. A sonda colocada no sábado pelo Hospital São José precisa ser retirada em 10 dias. Há 30 anos e oito meses ele contribui com o Fundo de Saúde da Polícia Militar, onde são descontados R$ 42 mensais em seu contra-cheque e agora precisa recorrer ao Sistema Único de Saúde.
Eu quero cobrar os nossos direitos, já que descontam esse dinheiro do meu marido e não lhe oferecem assistência médica adequada. É um absurdo um policial morrer por falta de assistência, tendo uma Policlínica da PM pronta e fechada no meio do mato. Além de não inaugurada, o local conta com a proteção de PMs que poderiam estar nas ruas servindo à sociedade. Não estou pedindo favor nenhum, só quero o que é dele por direito — desabafou a esposa do militar.
De acordo com o comandante do 6º Comando de Policiamento de Área (6º CPA), coronel Paulo Cesar Vieira, ele não desconhecia o caso do sargento Luiz Fernando Santos Azevedo, mas garantiu que tomará todas as medidas para ajudá-lo. Sobre a Policlínica, Vieira disse que espera vê-la funcionando em breve.
— Vou ajudá-lo de alguma forma para que tenha atendimento adequado. Como também fazer com que ele tenha o direito de afastamento da Polícia Militar com os benefícios da Reforma e não da Reserva Remunerada, como está previsto — garantiu o comandante do 6º CPA.
A assessoria de Comunicação do Comando Geral da Polícia Militar foi contactada ontem por telefone e pediu que a equipe de reportagem enviasse um e-mail com os questionamentos, mas não os respondeu.
Asmennf diz que vai pedir ajuda à OAB
Sem ter a quem recorrer, Regina Barreto de Azevedo, esposa do procurou ajuda da Associação dos Militares do Estado do Norte e Noroeste Fluminense (Asmennf). O pre-sidente da associação, Gilson de Souza Gomes, disse que vai comunicar o problema do colega de farda à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), para que ela documente e encaminhe aos órgãos responsáveis a falta de recurso médico para os militares, incluindo o pedido da abertura da Policlínica em Campos.
— A Asmennf está priorizando o atendimento de especialistas, como urologista e proctologista para que possa ser feita uma avaliação da gravidade do problema do sargento. É bom lembrar que o militar não é apenas farda, carteira e arma, é um ser humano como qualquer outro profissional e além dos deveres cobrados têm seus direitos — concluiu Gilson.
A equipe de reportagem não conseguiu contato com o presidente da OAB, Filipe Estefan.
Construção começou em maio de 2010
A construção da Policlínica em Campos foi um pedido do coronel do 6º Comando de área da Policia Militar em Campos, Paulo César Vieira, e do presidente da Asmennf, Gilson de Souza Gomes, ao governador Sérgio Cabral, no início do ano passado. Meses depois, atendendo às necessidades de atendimento médico para milha- res de militares da PM na Região, a solicitação começou a se transformar em realidade.
A obra iniciou no dia 17 de maio e foi finalizada em junho. A unidade médica foi erguida em uma área de 2.300m², à margem da BR 101 (Campos-Rio), no Parque Rodoviário. Diversos atendimentos estariam à disposição dos policiais ativos e inativos e seus familiares, se já tivesse sido inaugurada. Os beneficiados poderiam contar com pequenas cirurgias, além do atendimento médico de diversas especialidades, como cardiologista, pediatra, ginecologista, clínico geral, entre outras.
O chefe do Estado-Maior Geral, coronel Carlos Eduardo Millan, chegou a visitar o projeto no dia 17 de novembro do ano passado. Ele disse que ficou muito satisfeito com o andamento das obras e que o posto seria muito benéfico para os PMs. “Esse benefício vai atingir a toda região de uma maneira positiva porque os PMs não vão precisar sair da cidade para serem atendidos”
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